Tudo por ti

Capítulo 42

Julles

Liguei pra ele o dia todo, milhares de vezes, e cai na caixa postal ligação após ligação. Pensei que ele tivesse parado com essas ignoradas, esses sumiços estranhos.

Posso ter reagido assustada, mas porra, era sangue. Sangue pra caramba. Posso ser uma merda de pessoa por não ter pensado no Aiden um minuto sequer, só pensei que ele pudesse ter se machucado, e por mim.

Ouvir Amor saindo da boca dele foi um deleite e eu poderia dar play nisso o resto da vida. Mas ele sequer fala comigo.

Depois que Johna me deixou aqui, tomei banho, comi o que devia e não descansei de tentar falar com o moreno. Por telefone já vi que não vai rolar, então vou ter que recorrer ao medieval.

Pego meu celular, uma bolsa e um casaco e me coloco a andar, chegando na casa dele minutos depois. Toco a campanhia uma, duas, três vezes. E nada.

Ele está em casa, tem que estar. Ouço passos caminhando até a porta e a mesma abrir uma pequena fresta.

Nathan: O que você quer aqui? - ótimo, o bom e velho Nathan resolveu dar as caras

Julles: Me deixa entrar, precisamos conversar

Nathan: Eu não tenho nada pra falar com você, bruxa

Julles: Mas tem muito pra ouvir - digo, empurrando a porta. Passo por ele com facilidade, o ouvindo bufar.

Ele sobe rápido e eu vou atrás, entrando no quarto. Tem o cheiro dele, o que me diz que acabou de tomar banho, fico inebriada e quase me esqueço para que vim até aqui.

Nathan: Fala o que tiver que falar e vai embora

Julles: Nate, para! - digo alto mas ele me olha indiferente - você estava doce mais cedo. Protetor, lembra?

Nathan: Doce? - ele diz rindo, uma risada tão amarga que me faz torcer por dentro - Protetor? Por favor, Julieta, eu estava sádico! Eu assustei você, não protegi ninguém! - a voz dele é alta, mas não ligo, meus pelos estão todos arrepiados, mas pelo motivo errado, ver ele tão impotente me queima como um incêndio.

Julles: Eu. não. ligo!

Nathan: Devia ligar, ruivinha - ele diz se afastando - eu não sou bom pra você, então devia ficar bem longe de mim

Julles: Não!

Nathan: Qual é a porra do seu problema? Do que mais você precisa? Julieta, eu não sou um cara legal! Eu sou estranho, sou temperamental e sou violento

Julles: Não, você não é - nossos peitos disputam pra ver qual está mais em pé - Nate, você não é - toco seu rosto com a ponta dos dedos e sinto ele contrair um pouco, os olhos não mentem, Julieta, ele está quase

Nathan: Vai embora - ele tira minha mão num gesto rápido, se virando de costas

Julles: Não consegue me mandar embora me olhando nos olhos? - agarro seu braço, o virando pra mim, a forma com que eu confronto ele só o deixa mais irritado, mas não sinto o mínimo resquício de medo dele

Ele caminha até mim, me obrigando a andar pra trás. Sinto minhas costas tocarem a parede, estou presa.

Nathan: Eu disse a ele da última vez que nos encontramos que se ousasse tocar em um fiapo de cabelo seu, eu o quebraria em tantos pedaços que não conseguiria segurar uma folha de papel na frente do rosto - um arrepio passa por minha espinha, a voz dele é grave - eu cumpri minha promessa... O espanquei, quebrei muitos ossos, incluindo o nariz dele, daí a fonte do sangue...