Tudo por ti

Capítulo 43

Julles

Quando caio por terra consigo reagir, levando as mãos até seu peito, a empurrando para longe. Não sei quem pode estar nos olhando, mas tenho certeza de que a rodinha inteira está boquiaberta, assim como eu.

Julles: O que porra você tá fazendo? - digo alto, atraindo alguns olhares em volta.

Minha irritação é nítida e ela sabe disso, sabe que cometeu um erro pela forma com que me olha. Passo por ela rápido, mas sinto meu pulso ser segurado, sei que é ela e não estou nem um pouco afim de continuar aqui - SOLTA - grito e ela dá um saltinho, mostrando o susto.

Me retiro em passos rápidos, indo até os fundos da boate. Quando sinto o vento gelado bater em meu rosto, um arrepio percorre meu corpo todo, busco o ar o mais intensamente que consigo, mas nada parece suficiente.

Caminho até uma das paredes e me encosto, permitindo que meu corpo ao menos tente relaxar um pouco. Foi tudo tão rápido, numa hora eu estava dançando e em seguida ela estava com a boca na minha... como eu pude permitir algo assim?

O fato dela ter se declarado me pegou um pouco de surpresa, o medo de magoá-la e a preocupação com a nossa amizade não permitiram que eu fosse 100% franca com ela, cortando pela raiz. Talvez eu só tenha colocado panos quentes e agora não sei o que fazer.

Só queria que ela tivesse pensado um pouco em mim, em como eu me sentiria com esse ato, ou no impacto que ele poderia causar. Não consigo entender mesmo o que se passou pela cabeça dela, mas francamente não me importo.

Sinto uma mão envolver meu ombro e tensiono, havia me esquecido de onde estou e o quão exposta estou. Levanto a cabeça, dando de cara com o tatuador de mais cedo.

Tatuador: Tudo bem, ruiva? Está passando mal? Quer uma água? - nego suavemente com a cabeça e ele assente, se encostando ao meu lado - Max - ele diz rápido, estendendo a mão. Eu pego em retribuição, me apresentando em seguida.

Max

Julles: O que você faz quando sua melhor amiga te beija, Max? - solto, na esperança de que me abrir para um estranho seja mais enriquecedor e me traga um pouco de conforto.

Julles: Não estou bêbada nem sou louca, mas falar de problemas pra estranhos é mais fácil - ele solta um riso pelo nariz, me olhando

Max: Sua melhor amiga estava bêbada?

Julles: Não sei

Max: Bom, Julieta, aí depende do que você considera algo ruim ou não. Vocês são íntimas? São melhores amigas tipo de infância ou qualquer merda assim? Quero dizer, isso é tão grave assim?

Julles: Nos conhecemos a quase um ano. Acontece que essa amiga e eu temos uma historinha. Eu gostei dela tempos atrás, ela não gostava de mim na época, estava confusa, eu acho, descobrindo a sexualidade ainda. Depois começamos a nos envolver com outras pessoas, ela rompeu com um casinho dela, depois nos aproximamos mais e ela se declarou pra mim. Não sinto o mesmo e disse a ela, mas não faço ideia do que fazer agora que ela me beijou.