Capítulo 46

31 3 0
                                    

Anne

Corro o mais rápido que meus pés conseguem se mover. Depois da festa de ontem eu estava me sentindo um lixo, entrei em casa e permiti que todas as lágrimas caíssem sobre o travesseiro, mal preguei os olhos pensando que eu havia estragado tudo com Julles. Mandei dezenas de mensagens que ela não respondeu, mas me preocupei quando Nathan não retornou.

Eu estava preocupada com ela, queria saber como estava, e mesmo que me doa admitir, sabia que ele acabaria indo vê-la. Ele costuma responder as mensagens mas nada, ele nem as recebeu.

Hoje pela manhã, quando desci para tomar o café vi o noticiário, vi o acidente e os envolvidos. Eu mal tive ar pra respirar, me troquei e saí o mais rápido que pude.

Passo pela recepção apressada, me dirigindo à recepcionista, que preenche uns papéis.

Anne: Eu preciso ver Johna Torres - digo ofegante, me recuperando da corrida

Recepcionista: Você tem algum parentesco?

Anne: Moça, ele é meu amigo, eu fiquei sabendo de tudo pelo noticiário... Por favor, me deixa ver ele

Recepcionista: Senhorita, infelizmente não posso liberar sua entrada sem autorização do responsável.

Merda! Sinto minha garganta queimar e solto o ar em frustração, andando em círculos. Ouço meu nome ser chamado, virando minha cabeça até a voz... Nathan. Ele caminha até mim em passos apressados e eu o abraço instintivamente, ele corresponde, me apertando um pouco.

Sinto meus músculos relaxarem aos poucos e quando me desvencilho vejo o quanto ele está acabado, olheiras enormes, rosto pálido e parece tão transtornado... Faço ideia de como a Julles está agora.

Nathan: Por favor, pode autorizá-la a entrar? Estamos juntos. Ele só tem nós dois, não consegui me comunicar com os pais - a recepcionista concorda, me esticando uma prancheta.

Preciso preencher alguns dados de visitante e rapidamente faço isso, acompanhando Nathan até um corredor enorme. Entramos num quarto ao fim do corredor e meus olhos congelam no rosto dele.

Sinto meus olhos queimarem e me aproximo um pouco, tocando sua mão com os dedos. Os cachos loiros que ele balançava com orgulho agora tem uma tonalidade opaca, seu rosto está branco e tem tantos fios ao redor que mal consigo ver onde eles começam ou acabam.

Ele está arrebentado... sua perna suspensa é a única coisa que parece ter cor. Levo a mão à boca, tentando respirar, mas quando sinto uma mão suave pousar meu ombro permito que parte da dor se dissipe, liberando lágrimas.

Saímos do quarto, caminhando até a sala de espera. Antea de chegarmos, ele corta meus pensamentos. Uma vos grossa, mas suave.

Nathan: Como você está?

Anne: Eu não sei. Na verdade, sei. E bom, a raiva não é a única coisa que não sei controlar pelo visto - permito que todo o ar saia dos meus pulmões - eu estraguei tudo, Nathan, e eu sequer posso me desculpar por qualquer coisa, olha só o momento de merda em que acabamos. Johna quebrado, o irmão dela quase morto... a última coisa que ela quer pensar é em um tipo de romance.

Ele não reage, só ouve. Gosto disso no Nathan, ele não ronda a gente, sabe falar, mas também sabe ouvir. Sei que hoje nós dois disputamos o mesmo coração e por mais que eu saiba que a ruiva tem atração por ele, sei que o coração dela bate mais forte por mim.

Eu só queria entender o que engatilhou tanta raiva nela ontem. Sinto que a explosão com o beijo não foi só por ele em si, como se ela estivesse acumulando emoções. De qualquer modo, não é hora nem lugar pra pensar nisso. Continuo pelo corredor com o moreno.

Tudo por tiOnde histórias criam vida. Descubra agora