Capítulo 41

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Nathan

O julgamento final ocorrerá em dois dias, estou tão ansioso que mal consigo conter os nervos. Só de pensar que toda a angústia que me consumiu por anos está prestes a sumir e que poderei recomeçar, do zero, agora com meus pais bem mais próximos, com amigos de verdade, e com uma garota fantástica que me faz esquecer de tudo, meu humor transforma.

Só consigo pensar que deveria conversar logo com Julieta, dizer a ela como me sinto em relação a tudo e confessar de forma decente o que quase soltei dias atrás, que a amo e sinto que não há nada que eu não possa fazer, se ela estiver ao meu lado.

Eu nunca senti isso por ninguém, por mais que tenha me relacionado antes. Essa garota acabou comigo, como eu sabia que faria, mas eu deixei... e pior, eu gostei. Ela me empurrou pra queda livre, sem paraquedas, e eu não me importei.

Eu mataria por ela. Morreria por ela. Ela a parte boa de mim que nem mesmo ela sabe.

Tomei um café com meus amigos antigos, conversamos sobre algumas coisinhas e meu pai se atentou a eles, custeando suas despesas enquanto estão aqui, para depor a meu favor. Acertamos como a conversa será conduzida, nos preparando para as perguntas do advogado.

Entro em casa rápido, prestando atenção no horário, sei que terei no máximo 30 minutos para comer algo e tomar um banho, até o horário da próxima aula. Esses dias tenho ficado exausto, acabei voltando pra casa ontem, mas estou destruído, as monitorias, os projetos, as aulas, os trabalhos extras estão me quebrando, mas sendo sincero eu gosto, manter a mente ocupada me ajuda a não pensar na situação de Erika e desse processo, que por ora, eu prefiro mesmo esquecer um pouco.

Tomo um banho rápido e pego um casaco, dou um pulo na cozinha pra pegar uma fruta e vejo minha mãe sentada olhando para o nada, me aproximo devagar dando um beijo em sua tempora e a sinto contrair.

Sorrio com seu pequeno susto, mas ela não me retribui. Volta seus olhos para as mãos, unidas em frente ao corpo, ela tem os dedos entrelaçados e fita algum ponto ali. Me apoio na bancada, analisando seu rosto, ela está pálida, perdeu parte da coloração rosada que sempre traz no rosto, parece ter perdido peso também e seus cabelos estão presos num rabo de cavalo. Ela nunca deixa o cabelo preso...

Nathan: Mãe? Tudo bem? - digo, chamando sua atenção para mim, me aproximo, sentando na cadeira ao lado, pego suas mãos delicadamente e viro seu rosto, para que ela me olhe. As mãos dela estão um pouco frias, meu contato será bom para aquecê-las.

Marta: Eu... - ela hesita um pouco, parece pensar no que vai dizer, vejo seus olhos marejados e uma pontada aguda no peito faz com que o ar suma de meus pulmões por completo - estou correndo risco de não poder mais exercer a psiquiatria - ela pausa uns segundos - por causa da situação...

Merda! Merda, merda e merda! O tempo em que minha mãe não conseguiu trabalhar foi a época mais debilitada em que ela esteve, não comia, não dormia, não vivia, ela se colocou num estado vegetativo em que a única coisa em que sentia eram físicas, a dor, o calor, o frio....

Eu jamais irei querer que ela volte para essa situação, minha mãe é tudo que eu mais amo nessa vida, só de pensar em vê-la daquela forma de novo sinto meu coração esmagado.

Nathan: Meu amor, você não acha que já está na hora de você descansar? - ela me olha com um semblante abatido e meu coração se parte - você passou tanto tempo desgastada com toda essa situação da Erika, sei que a ama, e eu também a amo muito. Mas mãe, eu também te amo, mais do que tudo... preciso cuidar de você também. Nós vamos estar presentes para ela, faremos o possível para que ela se sinta amada, mas ela precisa de tratamento. E você precisa de paz...

Tudo por tiOnde histórias criam vida. Descubra agora