Capítulo 30

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Nathan

Ricardo está trabalhando em cima da gravação feito louco, eu e ele mal temos dormido tentando entrar em contato com algumas pessoas que testemunharam a confusão na época, o envolvimento de Aiden com gangues e o abandono dos amigos.

Eu conhecia alguns amigos de bairro que se afastaram de Aiden justamente pela convivência dele com pessoas estranhas e pelo envolvimento com o tráfico, que poderiam testemunhar a meu favor, mas achar esse pessoal está saindo mais difícil do que pensei.

Testemunhas que comprovem minha versão da história serão cruciais para minha inocência, não recorremos a nada disso antes, era um flagrante, não tinha o que fazer, mas agora tenho mais esperança que tudo. Acabei sumindo um pouco aqui de casa e Ricardo está em Paris novamente, cheguei a dormir no hotel com ele uma noite dessas para trás mas a única coisa que encontrei quando cheguei foi uma tia Erika muito irritada e minha mãe sem dormir, preocupada.

Expliquei a situação toda e minha mãe, pelo menos, pareceu se tranquilizar. A tia Erika tem estado muito estranha, principalmente quando tocamos no nome do meu pai. Minha mãe e eu ainda não conseguimos conversar sobre o caderno mas pretendo fazer isso hoje.

Marquei de sair com a ruiva mais tarde e estava empolgado apesar de tudo, meu cansaço parecia um detalhe insignificante quando pensava em estar com ela. Tentei conversar com ela depois da festa aquele dia, quando chegamos em casa, eu fiz uma horinha na porta e ela pareceu entender que eu tinha algo para falar, mas ela estava tão atordoada com a Anne, preocupada de que estivesse acontecendo algo, que mal estava me dando atenção, então preferi deixar para contar num momento menos tenso pra ela.

Tentei mais uma vez ontem, na hora do almoço, mas de novo, ela estava dispersa, Anne sumiu do nosso campo de visão e parece ter se afastado da ruiva. Apesar dela ter comunicado dessa vez o motivo pelo qual prefere ficar distante um tempo, eu sei que está mentindo e que está tirando um tempo para absorver as emoções pela Julieta, mas eu não tenho nada a ver com isso, não posso me meter entre as duas.

Combinamos de ir ao karaokê hoje, chamei Johna também e mandei uma mensagem pra Anne, apesar de tudo, sei que a presença dela vai fazer bem pra Julles e só quero ver ela mais tranquila.

Vou contar para ela hoje a história toda, aproveito e dou a pulseira, que acabou ficando escondida nas minhas coisas. Isso se ela ainda quiser olhar na minha cara.

Um aperto invade meu peito toda vez que me vejo contando pra ela sobre tudo, não consigo deixar de pensar que não sou o suficiente pra ela. As palavras de Aiden bateram em minha cabeça e negar isso seria burrice, afinal, o que mais eu posso oferecer além de uma bagunça enorme que sou eu?

Estou esperando minha mãe chegar do atendimento. Tomei a liberdade de ligar para o Ricardo minutos atrás, ele precisa estar presente nessa conversa, talvez até mais do que eu. Dessa vez não terão interferências, nem palavras cruzadas.

O som da campainha me faz levantar e abro a porta, dando espaço para que ele entre. Está bem vestido, colocou um sueter cor terra e está usando uma calça de alfaiataria branca, seu cabelo está penteado e a barba feita.

Ele está nervoso de me encontrar aqui e sei que tem a esperança de cruzar com minha mãe, nem que seja por alguns segundos, mesmo não admitindo. É engraçado como alguns sentimentos se mantém imutáveis ao longo dos anos, e apesar da dor que ele sente, está aqui permitindo que seu coração lhe pregue peças. Os homens dessa família são uma piada.

Ele senta na cozinha enquanto eu faço um café e conversamos pausadamente sobre o andamento do caso. Ele me dá uma notícia ótima quando diz ter conseguido encontrar Cadu, um amigo nosso da época da escola, se formou com a gente e agora está morando na cidade vizinha daqui, se mostrou disposto a cooperar e inclusive tem contato de mais duas pessoas da época, Lívia, uma ex namorada de Aiden e Franco, quem me arrumou meu 1° emprego.

Tudo por tiOnde histórias criam vida. Descubra agora