Capítulo 36

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Nathan

A deixei sozinha na sala, realmente estava com pressa, combinei de me encontrar com a Julles agora, ela me convidou pra ir à casa dela, ao que parece finalmente conseguiu decorar a música toda no piano.

Não pensei sobre o que farei com relação à Anne, mas está nítido que ela precisa de ajuda, me lembro bem como é não saber controlar a raiva e ser prejudicado por isso.

Eu era um adolescente babaca, que perdia a cabeça fácil, era pavio curto, mas sempre briguei muito bem, venci vários torneios de jiu jitsu, brigava por raiva. Nunca tinha tido um oponente que fosse hábil o suficiente para conseguir me tocar, então sempre vencia os combates. No entanto, entrou um cara novo no tatame.

Ele era intocável, definitivamente, um cara mais velho, mais reservado. Quanto mais eu tentava socá-lo, mais irritado eu ficava por não conseguir, ele sabia que o ponto para me fazer perder a luta era justamente impedir que eu pensasse, e a raiva me cegava.

Eu lutava para socar algo, unicamente, nunca pensei em ver a prática como um esporte, que pudesse me ajudar a canalizar a raiva e outras emoções.

Fiquei tão intrigado com a habilidade dele, que deixei de tentar um combate, e comecei uma amizade. Eu queria aprender com ele, me espelhar nele. Ele me ensinou, me treinou, me transformou, eu era um pessoa totalmente diferente quando nos despedimos, ele teve de voltar à cidade Natal.

No nosso último combate eu o venci, o aprendiz superou o mestre, e construímos uma amizade acima do tatame, com respeito, paz. A última coisa que ele me disse foi "Agora você sabe bater" e eu nunca me esqueci disso.

Quando olhei para Anne hoje vi o mesmo garoto perdido, transtornado, que não sabia onde depositar tanta raiva, que poderia machucar tanto os outros como a si mesmo, que não sabia se defender sem quebrar e eu sei como é doloroso, como é desesperador estar nessa posição.

Não sei se sou a pessoa adequada para ajudá-la com isso, temos zero intimidade e quase nenhuma afinidade, sei que ela me odeia, mas não deixo de pensar que ela precisa de ajuda.

Quando me dou conta já estou na porta da ruiva, tocando a campanhia.

Deixo esses pensamentos sumirem aos poucos, a medida em que ouço passos caminhando até a porta, que é destrancada, e em seguida aberta. Dou de cara com uma baixinha de cabelos molhados, está com um shortinho de moletom cinza larguinho e uma blusa de frio branca, larga em alguns pontos, que tem botões em sua frente e deixam seu colo exposto.

Ela tem um cheiro frutado gostoso quando me puxa para um abraço. O contato me deixa curioso, tenho quase certeza de que está sem sutiã.

Desde quando eu decorei a sensação das roupas dela?

Sem muita enrolação vamos direto ao piano, nem posso dizer o quanto é bom estar perto disso de novo, ela se senta ao meu lado, pousando os dedos suavemente por cima das teclas.

Ela começa bem e me dou conta de que realmente decorou a música toda, mas se não irritá-la meu dia não fica completo, então me aproximo suavemente, tocando o peito em suas costas e ela erra uma nota, mas não para.

Toco sua coxa com a ponta dos dedos e ela instintivamente abre as pernas, me fazendo sorrir. Ela continua tocando, mas erra nota após nota quando começo a acariciar sua coxa, então deslizo os dedos sob os seus, sentindo ela arrepiar.

Ela se vira um pouco de lado, para me olhar e beijo seu pescoço, começando a pressionar meus dedos sob os dela. A conduzo para que termine a música, me afastando de seu pescoço e ela acerta o restante das notas.

Tudo por tiOnde histórias criam vida. Descubra agora