Capítulo 17

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Nathan

Um mês...

Faz um mês que estou em Nova York. Tive sorte da universidade entrar de greve umas 3 semanas atrás. Ao que parece os professores se organizaram por causa de um corte salarial e um congelamento de benefícios que eles sofreram. Isso impediu que eu perdesse ainda mais aulas.

Com bastante sorte e alguns documentos judiciais, consegui abonar algumas faltas por causa do processo, mas sei que provavelmente terei de repetir duas matérias.

Meu caso foi reaberto e meu pai e Olavo estão fazendo o possível para que eu não volte para a prisão, mas está cada vez mais difícil, porque ainda não consegui contar a verdade toda.

Não aguento mais essa situação de merda, mas temo que possa ser tarde pra fazer algo pra me ajudar.

Eu sinto falta da ruiva, de implicar com ela, de estar com ela. Querendo ou não, ela acabou tendo de mim algo que não me sujeitei a doar a alguém por muito tempo. Eu tenho uma dificuldade imensa de confiar em alguém, mas por alguma razão eu quero confiar nela, quero estar com ela.

Isso me causa um incômodo no peito e no estômago, quando me aproximei dela admito que tive um interesse físico, afinal ela é linda, tem um corpo escultural, um sorriso enorme. Tudo nela chama atenção. Eu pensei que poderíamos ficar, transar e logo não teríamos que conversar mais.

Mas as coisas não foram bem por aí, acabei reparando nela demais, primeiro com as manias, depois a alimentação, nos traços delicados, nos gestos simples mas carinhosos, sempre se preocupando com todos, mesmo quando algum imbecil tenta afastá-la.

Quando me dei conta ela estava deitada na minha cama e abraçando minha mãe, andando na minha moto e me beijando como se fôssemos a porra de um casal.

Agora eu estou aqui feito um idiota sentindo falta dela e querendo voltar o mais rápido possível só pra poder abraçá-la. Que inferno, Nathan!

Desde aquela noite ela não sai da minha cabeça, a sensação dela no meu peito, ou embaixo de mim, tão vulnerável é algo que não consegui afastar mesmo depois de muitas tentativas.

Senti a necessidade de mandar mensagens, nos falamos pelo telefone, e pela primeira vez eu não sumi, sem mais nem menos, mas faz uns dias que ela está estranha comigo. Não é para menos, não contei quase nada sobre o porque de estar em Nova York por tanto tempo e sequer detalhei meu tempo aqui.

Nem mesmo eu esperava que ficasse tanto tempo, era para ser algo de dois dias, não um mês, nem vim pronto para ficar aqui, por sorte meu pai tinha um quarto de hóspedes totalmente equipado para receber alguém e por algum motivo... sinto que foi programado para mim.

Falei com Johna nas últimas semanas, tivemos mais um trabalho em grupo, mas como não estive presente, fiz toda a parte escrita e mandei pelo e-mail, assim não pesava para ninguém.

Johna me ligou várias vezes também e eu atendi com um humor aceitável. Esse cara definitivamente é uma figura, é difícil não se cativar com ele. Tivemos tempo de conversar nesse periodo em que estou aqui e acabamos nos aproximando mais do que quando eu estava em Paris, ele acabou tendo um papel fundamental para eu querer falar com meus "advogados" sobre o caso.

Lembro bem das palavras dele rodando minha cabeça "Não dá pra se livrar de um afogamento sozinho, pae, mas quando você pede ajuda para aprender a nadar, salva a si mesmo e quem estiver ao seu redor".

Ele parece sentir que há algo errado, mas isso é algo que eu admiro nele, o Johna não ronda a gente, não pressiona, pelo contrário, ele deixa a situação tão favorável ao ponto de você querer se abrir, ele faz com que a presença dele seja suficiente para que você se sinta em paz. Ele me fez querer falar com ele... e eu não gosto de falar com ninguém.

Tudo por tiOnde histórias criam vida. Descubra agora