Capítulo 35

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Julles

Entro de fininho em casa, olhando em volta, pareço uma criminosa, o que não faz sentido, meus pais estão fora de novo, o que não é novidade e não faço ideia se Noah está acordado

Para todos os efeitos estava na Anne.

Saí tão cedo da casa do moreno que o sol mal apontava no céu. Eu sou uma pessoa de merda, estou parecendo um canalha que trepa e some no dia seguinte.

Casual, Julieta. Sexo casual. Não importa que você tenha fugido de uma declaração ontem pra ficar com ele, nem que você tenha negado emoções e sentimentos por algo físico. É isso que tudo é, algo físico.

Nathan é delicioso, parece ser um cara bacana e tal, mas tenho certeza de que apenas está me usando pra suprir alguma carência e no fundo eu também estou, né?

Então por que caralhos esse meu coração estúpido não entende isso?

Por que ele insiste em acelerar sempre que ele está perto?

E por que ele martela o peito sempre que ele sorri debaixo dos lençóis?

Por que me sinto tão em paz na companhia dele e por que eu sinto que ele é um abrigo, como se nos conhecêssemos uma vida inteira?

Julieta, como você pôde se permitir ficar caída por alguém como ele? Um cara grosso, com desvios de personalidade, um abusado de merda que sabe de tirar do sério?

Um cara que sabe ser doce quando quer, que te fode como uma puta, e você adora, que te faz sentir segura e... amada

Merda, preciso parar de pensar nele.

Como se isso fosse uma tarefa fácil.

Fervo uma água pro café, enquanto faço torradas tostadas com manteiga. Pego geleia de uva na geladeira e monto minha refeição sob a bancada.

Como devagar, sentindo o gosto explodir na boca.

Quase enfarto quando Noah raspa a garganta atrás de mim, me fazendo levar as mãos ao peito

Julles: Porra, quer me matar, seu fodido?

Noah: Pelo visto a noite foi boa, mi amor - engulo com dificuldade, enquanto ele dá a volta na bancada, se servindo de uma xícara de café.

Me olha sugestivo, esperando uma reação, mas dou de ombros, fingindo indiferença.

Noah: Sabe, eu duvido que Anne consiga causar tantos nós no seu cabelo - engasgo com o café e ele ri feito um idiota

Julles: Foi só sexo, como sempre

Noah: Só você não vê o quanto está caidinha por ele, mia ragazza

Julles: Ta tão na cara assim? - uma fagulha de esperança brota em meu peito, na expectativa dele negar, mas não faz isso. Noah é nu e cru com tudo, ele não passa panos quentes, concorda de imediato. Bufo frustrada colocando a torrada no prato - o que eu faço, Noah? Parece que cada vez que eu digo que ele não significa nada, um bolo se forma no meu estômago, me dizendo que ele significa muito.

Noah: Você deve aceitar, admitir pra si mesma que gosta do cara

Julles: E se ele me rejeitar? Se eu for sexo, apenas?

Noah: Você está fazendo de novo, maninha - franzo o cenho, confusa - projetando suas inseguranças e medo de rejeição nele. Seu medo de ser rejeitada faz com que você coloque a culpa nele, quando na verdade, é você quem não se aceita.

Dor.

Tenho 10 anos de novo e duas garotas gesticulam com as mãos, apontando para minhas costas, "parece um menino", uma delas diz mas eu ouço, "com esse tamanho me surpreende que consiga levantar do chão ", a outra acrescenta. Abaixo a cabeça e ao fim da aula de balé choro no vestiário.

Tudo por tiOnde histórias criam vida. Descubra agora