Tudo por ti

Capítulo 11

Nathan

Marquei com a Julles hoje para desembolarmos o tal trabalho de metodologia. Mesmo que tenhamos mais prazo, temos que fazer, isso evita criar uma bola de neve de trabalhos que odiamos, mas precisamos fazer. Anne e Johna fizeram a parte escrita, tiveram um tempo livre uns dias atrás, então sobrou pra mim e pra ruiva botar as mãos na massa.

Combinei de ir à casa dela hoje depois do almoço, tenho dois tempos livres, mas depois tenho que voltar pra universidade, tenho circuitos às 17.

Depois de toda aquela confusão eu e ela demos um tempo nas brigas, não que eu não esteja implicando com ela, mas também não estou pegando pesado. Fiquei com ela uns minutos depois naquele dia, ela pediu, não queria ficar sozinha, então acatei, coloquei ela no peito uns estantes e decorei o cheiro do perfume dela... esperei que ela dormisse e fui para casa.

Julieta é forte mas demanda atenção, cuida dos outros mas também precisa de cuidados e eu vou cuidar dela. Minha garganta seca com esse pensamento e eu paro uns minutos no corredor. A gente se embolou aquele dia, foi gostoso, ela é gata e tem qualidades também, é parceira e tudo, mas eu não costumo me envolver. A gente vai acabar transando mas é só isso, vamos nos afastar quando ela quiser algo mais e eu negar.

Estamos com essa tensão agora porque obviamente tem carência e uma química gostosa entre a gente, mas não pretendo me envolver, nem com ela, nem com ninguém.

Falando em me envolver, a maior burrada que fiz na vida foi ter trepado com Alyssa, a garota não desgruda, precisei trocar de número para que ela parasse de me ligar e embora eu dispense todas as investidas dela, a mesma não cai na real. A garota parece gostar de ser maltrada, estou a evitando mais do que tudo.

Preferi não contar para ninguém, mas no dia seguinte da briga minha moto estava com os freios cortados, sei que foi aquele desgraçado, e é agora mesmo que não desgrudo da bruxa, se pegar aquele filho da puta perto dela de novo mando ele pro inferno nem que passe o resto da vida na cadeia.

Anne

Marquei de almoçar com o Johna hoje. Ele deve estar esperando na arquibancada. Acabamos achando esse lugar num dia que estava chovendo e passamos a sentar lá para conversar quando queríamos estar sozinhos. Ele é muito bacana, gosto cada vez mais da companhia dele.

No domingo, depois de toda aquela confusão o convidei para almoçar e ele me ensinou uma musiquinha gostosa do Brasil, chamada garota de itapena, ipatema, itapanema, não lembro. Passou tempos falando com meu pai na sala e ainda me ajudou com a louça. É um cara de ouro e tem se saído um amigo ótimo, tenho confiado cada vez mais nele.

Me senti confortável para contar sobre minha trajetória e ele me dá total apoio emocional, conversamos sempre sobre minha mãe e, de certa forma, por causa dele, tenho conversado um pouco mais com meu pai. O velho insiste que nós dois temos uma química... já disse várias vezes que somos amigos mas parece que isso não entra na cabeça dele.

Afasto os pensamentos me aproximando, aguardo, 10, 20 minutos e nada do Johna aparecer. Ligo pra ele mas só dá caixa postal, acho tudo muito estranho, isso não combina com ele, atrasos não são do feitio dele e sempre que vai atrasar ele avisa.

Levanto rápido e vou em direção ao pavilhão da engenharia. Caminho apressada e quando viro o corredor congelo.

Vejo Johna encostado no armário descontraído e sorridente e em sua frente tem Alyssa, uma das maiores piriguetes da universidade. Fiquei sabendo que ela terminou o namoro recente, e obviamente não demorou a se jogar pra cima do primeiro que apareceu.

Fito os dois conversando e eles parecem próximos... sinto uma agonia e meu estômago revira. Podia me aproximar e socar a cabeça dela naquele armário, mas instintivamente giro os calcanhares e me coloco para fora do prédio, assim que mantemos contato visual. O sorriso dele some assim que me vê indo embora.