Capítulo 6: Escondidos

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No dia seguinte eles retornaram a Campina Grande. A viagem foi silenciosa e ambos estavam tensos, o quê despertou a curiosidade em Monalisa.

Monalisa: minha gente, vocês brigaram foi?

Juliette: claro que não Monalisa. Por que tu tá perguntando isso?

Monalisa: não sei. Vocês estão estranhos. E engraçados e estranhos.

Juliette: mulher...

Rodolffo: só tô cansado. Hoje eu tenho que voltar ao serviço.

Monalisa: tá bom então. São coisas da minha cabeça.

A amiga não quis mais insistir e chegando em Campina Grande desceu na primeira parada pois ficaria na casa da avó.

Juliette e Rodolffo ficaram sozinhos naquela parte do ônibus. Foi onde ele teve a oportunidade de lhe dá um beijo suave em suas bochechas e acariciar a mão de Juliette.

Juliette: eu já vou sentir saudades.

Rodolffo: a gente pode se ver a noite, na nossa árvore. Ela é boa em guardar segredos. - ele disse sorrindo.

Juliette: eu estarei lá te esperando.

Rodolffo: eu vou lá te dá um beijo de boa noite.

Juliette: eu quero.

...

A noite, como já era habitual, Juliette saia de casa para ir ao encontro do seu amigo de infância.

Em casa seu pai se viu um pouco preocupado com aquela amizade. Ele gostava de Rodolffo, mas ele sabia que eles não eram mais crianças e sim dois adolescentes. Rodolffo tinha 17 anos porém seu porte era de homem feito e sua Juliette tendo 16 também era uma moça bonita. Ele chamou a atenção de sua esposa.

Lourival: Fátima, será que Juliette e Rodolffo são apenas amigos mesmo?

Fátima: claro que são amigos.

Lourival: sim... Mas será que não tem algo a mais?

Fátima: acho que não. Eles são como irmãos Lourival.

Lourival: tu conversa com tua filha Fátima? Ela já tem 16 anos mulher.

Fátima: sobre o quê exatamente?

Lourival: sobre coisas de mulheres... Coisas que envolvem homens e mulheres.

Fátima: sim... Não falo abertamente, mas eu tento orientar ela a se cuidar e não vacilar.

Lourival: nossa menina está uma mulher feita. Isso me deixa preocupado.

Fátima: calma homi... Juliette nunca foi irresponsável. Não se afobe por isso. E eu sei que ela é uma menina de bem. Sonhadora até demais. Rodolffo é um bom rapaz tão ingênuo quanto ela, eu faria gosto se eles namorassem.

Lourival: não sei Fátima. Desde pequenos eles são juntos, eu acharia estranho.

Fátima: eu acharia lindo.

...

O lugar onde Rodolffo e Juliette se encontrava era deserto e só a sombra da grande árvore lhes fazia companhia.

Ao ver seu amigo chegando, ela correu em sua direção e a girando no ar Rodolffo a recebeu.

Eles se olharam apaixonados e saudosos.

Rodolffo: desculpa ter chegado tarde... Não consegui sair mais cedo, o seu Macedo me deu tanto trabalho. - ele disse cansado.

Juliette: tu tá trabalhando demais Rodolffo.

Rodolffo: eu preciso Julie. Tu sabe que meu pai está adoentado. Lá em casa sou eu e minha mãe agora para sustentar a família.

Juliette: mas tu nem fez 18 anos ainda.

Rodolffo: mas eu tenho que tentar ajudar no máximo. Próximo ano é o meu último do ensino médio. - ele falou pensativo.

Eles agora já estavam sentados no chão.

Juliette: nem acredito que é o meu também.

Rodolffo: quando eu terminar vou poder trabalhar mais e ganhar mais dinheiro. Talvez assinem minha carteira e meu pai melhore Julie. Aí eu vou começar a construir minha própria vida. - ele falava aquelas palavras com esperanças e cheio de sonhos.

Juliette: construir a vida... De que forma? - ela perguntou curiosa.

Rodolffo: de forma a juntar dinheiro, ter minhas coisas e no futuro construir minha família também. - ele falou aquilo pegando na mão de Juliette.

Juliette: eu também quero construir uma família. Eu sonho em ter meu cantinho e em ter filhos Rodolffo. Tu quer ser pai? - ela falou com o coração transbordando em esperança.

Rodolffo: claro que eu quero Julie. Quero muito.

Juliette se abraçou a ele e ficou aninhada no seu peito.

Rodolffo: se tu tiver paciência, podemos viver tudo isso juntos. - ele disse de forma clara.

Juliette: Rodolffo... Eu... - ela ficou comovida.

Rodolffo: eu te amo Julie. - ele abriu seu coração.

Juliette: eu também te amo Rodolffo.

Eles sorriram um para o outro e deram um beijo cheio de ternura.

Depois ficaram novamente abraçados.

Rodolffo: eu sou um rapaz pobre, mas eu sou honesto e trabalhador. Tenho certeza que nunca vou te deixar faltar nada.

Juliette: eu sei que não vai.

Rodolffo: eu só quero que a gente vá devagar agora, mas ano que vem tudo pode melhorar. Conseguindo um emprego melhor eu vou até o seu Lourival e peço sua mão em casamento.

Juliette: tu tem coragem? - ela disse risonha.

Rodolffo: claro que eu tenho. Você me dizendo sim, eu enfrento o mundo.

Juliette: tu é muito valente.

Rodolffo: namora comigo Julie?

Juliette: sim... Eu namoro.

Rodolffo: todas noites aqui, como sempre foi, só que agora como namorados. - ele combinou.

Juliette: eu ainda não posso contar pra ninguém?

Rodolffo: ainda não... Só um pouquinho de paciência, tá bem?

Juliette: tá bem.

Rodolffo sabia que se oficializasse um namoro agora, seu Lourival faria de tudo para tentar impedir o encontro dos dois. Ele entendia que ele era um pai ciumento, e recentemente tinha lhe feito um verdadeiro interrogatório. Se ele ficasse sem ver Juliette seria a tristeza de sua vida, então até poder ter algo melhor em vista relacionado ao trabalho, ele preferia namorar ela em segredo.

...



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