Rodolffo acordou cedo e deixou tudo organizado em casa. Ele passaria o sábado fora e só voltaria no fim do domingo, então ele precisava deixar as coisas em casa organizadas e ele fazia isso como ninguém.
Durante os anos que morou sozinho, Rodolffo sempre manteve os locais que viveu de forma impecável. Ele era um homem muito dedicado a ter tudo em ordem.
Ao sair do seu apartamento, ele passou pela portaria e foi ter uma conversa com o porteiro.
Porteiro: bom dia seu Rodolffo.
Rodolffo: bom dia. Eu gostaria de saber com quem posso falar para bloquear uma pessoa de vir ao meu apartamento.
Porteiro: é comigo mesmo. As vezes o plantão muda, mas fica no caderno de anotações, então o próximo porteiro saberá.
Rodolffo: não quero que deixem Thaís subir. Não importa o que ela diga, invente qualquer desculpa, mas para ela nós não estamos em casa.
Porteiro: tudo bem. Notei aqui. Ela tem sobrenome?
Rodolffo: Sim... É Thaís Braz.
Porteiro: perfeito.
Rodolffo: obrigado.
Durante a noite Rodolffo tinha tomado a drástica decisão de afastar Thaís de suas vidas. Juliette não precisava de uma amiga como ela.
Mulheres como Thaís não temem a nada, costumam passar dos limites e tê-la perto não era algo bom. Ele temeu que ela tivesse afim de algo além de uma simples amizade e pensou que ela poderia tentar algo se continuasse a estar muito perto deles. E ele sabia o quanto Juliette é bondosa e ingênua.
Na empresa, Rodolffo iria pedir para que ela ficasse apenas na recepção. Ele não queria mais ela como secretaria. Diria qualquer coisa ao chefe e a impediria de ter contato mais próximo com ele.
A consciência de Rodolffo estava limpa, mas ele sabia que Juliette vivia um momento difícil e isso pode a deixar abalada. Passou a noite refletindo se dirá ou não a Juliette sobre a visita de Thaís no apartamento enquanto ele se encontrava sozinho. E se ela sentir ciúmes? Tudo é um pouco arriscado e complexo.
...
Com um carro alugado ele partiu rumo a Campina Grande, conhecida como a Rainha da Borborema. Ali era seu berço natal e ele amava voltar ao lar.
Hoje ele tentaria ver sua irmã e quem sabe também seus pais, mas a prioridade era estar junto de Juliette. Ela precisava dele de forma única e integral.
...
Ao chegar no hospital, ele se dirigiu a enfermaria que Juliette estava e incrivelmente já a encontrou de pé.
Rodolffo: bom dia. - ele disse com um sorriso no rosto.
Fátima: ôh meu genro. Bom dia.
Juliette: bom dia meu amor. - ela disse lhe dando um lindo sorriso.
Rodolffo se aproximou de Juliette e lhe beijou as mãos, logo em seguida beijou sua testa.
Rodolffo: como está minha vida?
Juliette: estou ótima. Se continuar assim o médico me libera hoje. Isso não é maravilhoso?
Rodolffo: sim, é maravilhoso.
Fátima: meu filho, é uma cirurgia pequena e o médico explicou tudo para nós ontem. Só foi retirado um ovário, o outro, por Deus, está muito bem.
Rodolffo: graças a Deus.
Juliette: depois de um mês, ele me liberou para realizar várias atividades. Estou muito feliz.
Rodolffo: está vendo? Não tinha por que temer. Tudo ficará bem meu amor.
Juliette voltou ao leito e Fátima foi até em casa e ficou com Rodolffo a missão de cuidar de Juliette.
Rodolffo: tenta dormir um pouquinho.
Juliette: não tô com sono.
Rodolffo: já tomou café?
Juliette: humrum...
Rodolffo: fico tão feliz em te ver tão bem.
Juliette: também estou feliz. O médico disse que não sou infértil amor. Eu vou conseguir ovular só com um ovário. Isso não é maravilhoso?
Rodolffo: é como viver só com um rim amor... Eu já te falei sobre isso. - ele resolveu não entrar no assunto que ela queria, era melhor dá tempo ao tempo.
Juliette: é verdade. - ela respondeu um pouco desapontada.
Por esperar um pouco mais da resposta dele e ele ter a respondido de forma tão banal, Juliette resolveu se calar.
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A hora da visita havia chegado e até então Juliette não sabia que receberia visitas. Não até ver sua sogra e seu sogro entrarem pela porta da enfermaria.
Um susto é a melhor definição do que ela sentiu com aquela chegada. Um frio correu por sua espinha e ela entendeu que ainda não estava pronta para estar ali tão perto das duas pessoas que tornaram cinco anos de sua vida um puro sofrimento.
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