Capítulo 60: As verdades

254 43 36
                                    

Juliette abriu a primeira carta e lá tinha um pequeno texto de Rodolffo para ela.

"Oi minha linda e doce Julie. Estou bem e cheguei em paz. Esse é meu novo endereço e amanhã mesmo já começo a trabalhar. Estou animado e quero conseguir juntar um bom dinheiro para que quando eu voltar, finalmente a gente casar. Eu te amo minha princesa. Te amo para todo o sempre, nunca esqueça disso.

Aguardo notícias suas enquanto vivo meus dias de imensa saudade. Do seu Rodolffo."

Juliette já chorou ao ler a primeira carta e as demais foi uma sucessão de dor. Frases como: " esqueceu de mim amor?" , "Por que não me respondeu uma única carta" e "tenho tanta saudade de ti", "estou morrendo sem você, sem notícias suas", eram sempre presentes.

Mas a que mais doeu em todas elas foi a carta que ele escreveu sobre a sua situação pós as queimaduras.

"Oi Juliette.

Hoje te escrevo de um hospital. Nem sei de onde estou tirando forças para te escrever essas palavras, mas se você chegar a ler essa carta quero que saiba que minha vida longe de tua presença está de mal a pior. Talvez essa seja a última carta que te escrevo. É Juliette, não sei o quê me reserva o amanhã, estou muito ferido e tenho tido muitas infecções, mas essa dor nem é maior do que a sua distância. Essa sim está me matando todos os dias, um pouquinho mais. Os médicos sempre me dizem que eu devo continuar firme na luta e vencer pela minha vida, mas a verdade é que eu não estou querendo mais lutar, talvez morrer seja melhor. Estou entregue nas mãos de Deus e só ele sabe o quê será de mim. Mas de toda forma quero que nunca esqueça o quanto te amei e te amo."

Juliette estava totalmente destruída. Ele esteve a beira da morte e ainda assim se lembrou de escrever para ela. Mesmo sendo desprezado portanto tempo.

Depois daquela carta só haviam mais duas. Uma ele falava que finalmente estava melhor e na outra era a carta de despedida.

" Olá Juliette.

Bem te escrevo essa última carta para dizer que sobrevivi. Da melhor forma possível e talvez não da forma mais bonita, mas ao menos estou vivo.
Me curei de forma lenta, mas os médicos me consideram um milagre, frente a todos os problemas que tive com tantos ferimentos.
Meu corpo está curando, mas não existe remédio para sentimento ferido e o meu nunca terá conseguirá sarar. Talvez eu nem queira que sare.
No hospital eu conheci uma moça muito simpática e que cuidou muito de mim, seu nome era Angélica, ela não se preocupou com minhas feridas e cicatrizes, até quis me dá o seu amor, mas eu nunca poderia aceitar o seu coração por que eu não tenho o meu para dá de volta. Não seria verdadeiro de minha parte.
Meu coração está contigo para sempre. Mas não quero voltar para buscá-lo, você me decepcionou demais. Precisei tanto de ti e que me respondesse para ao menos terminar dignamente comigo, mas tu não me fez isso.
Ao te escrever essas últimas palavras, eu te digo: está tudo terminado entre nós. É necessário dá fim as coisas e eu preciso disso para ter paz. Que Deus te abençoe por que nunca lhe desejaria nada  menos que isso."

Ao ler todas aquelas palavras Juliette teve muita raiva do seu pai. Ele realmente não era nada diferente dos seus sogros, talvez ele fosse até pior. Como teve coragem?

Ela estava horrorizada com tanto sofrimento e tanta dor. Um tio pilantra... A passagem pelas ruas... O hospital e a quase morte. Era dor por cima de dor. Se fosse com ela com certeza ela não resistiria, mas Rodolffo resistiu e persistiu para chegar onde está hoje.

Ela havia sido injusta com ele nesses últimos dias e por causa disso não havia voltado para casa. Mas agora ela faria de tudo para voltar.

Juliette: mainha, por favor venha aqui. - ela disse falando alto.

Fátima apareceu em seguida.

Fátima: que foi minha filha?

Juliette: quero voltar para casa. Hoje ainda. Onde consigo encontrar um táxi para nos levar?

Fátima: mais Juliette, isso vai ser muito dinheiro... Tu poderia ter ido ontem mulher.

Juliette: Rodolffo deixou dinheiro para mim. Eu só quero ir pra casa, por favor. Se a senhora não quiser ir tudo bem, eu vou sozinha.

Fátima: calma. Nós vamos. Deixa só eu conseguir um carro.

Fátima saiu do quarto e Lourival entrou em seguida.

Lourival: eu não te entendo Juliette... Deveria ter ido ontem.

Juliette: painho... Eu não quero conversar contigo. Saia por favor. Eu nunca vou entender por que fez isso comigo, nunca.

Lourival: eu sei. Foi uma coisa muito errada. Mas quando um dia tu for mãe saberá que fará de tudo por um filho. Mesmo que isso inclua coisas muito erradas.

Juliette: tenho certeza que nunca vou fazer isso. Pode ter certeza.

...

Por volta de meio dia e meio, no calor escaldante daquela segunda-feira, Juliette e Fátima partiram rumo a João Pessoa.

Naquele mesmo dia Rodolffo nem tinha ido almoçar em casa. Não tinha fome e preferiu ficar submerso ao trabalho. Ir para casa curtir solidão não tinha o menor sentido.

...

Por volta das 18:30 da noite ele voltou ao apartamento e foi recebido com um sorriso pelo porteiro. Ele retribuiu com um aceno e subiu.

Ao chegar em casa sentiu um cheiro de comida no ambiente, mas que estranho. Ele não tinha cozinhado nada hoje. Foi aí que surgiu sua carismática sogra na porta da cozinha.

Fátima: oi meu filho, que bom que chegou.

Rodolffo: dona Fátima... A senhora aqui?

Fátima: Juliette endoideceu para ir pra casa. Ela tá deitada no quarto. Acho que pode estar dormindo.

Rodolffo abriu um amplo sorriso no rosto. Ela havia voltado para casa e para ele.

Lentamente ele abriu a porta do quarto e lá estava ela deitada e dormindo. Mas despertou assim que o viu sentar a seu lado.

Juliette: amor...

Rodolffo: estou feliz que esteja aqui.

Juliette: eu tive que vir.

Rodolffo: bom que veio.

Juliette: gastei tudo que me deu no táxi. - ela disse com um sorriso fraco.

Rodolffo: não tem problema. O quê importa é que está novamente em casa.

Juliette: eu tenho algumas coisas para te dizer.

Rodolffo: agora não... Depois. Agora eu só quero te dá um beijo.

E ele a beijou com todo o amor que havia em seu coração e com toda a alegria que irradiava do seu ser.

...

Continua.



O conviteOnde histórias criam vida. Descubra agora