Capítulo 53: O sogro e a sogra

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Juliette ficou olhando para a cena de Rodolffo pedindo a benção ao pai e a mãe. Ela sabia que mesmo que nunca gostasse deles, o amor de sua vida os amava.

Era nítido que Rodolffo nunca guardaria mágoa profunda dos pais. Ele nutria por eles um amor único e incondicional. Sempre foi assim, mesmo depois de tudo, isso nunca se quebrou de fato.

Vera se aproximou um pouco de Juliette e tentou tocar a mão da nora, mas Juliette juntou mais as mãos ao corpo, se esquivando do toque.

Vera: você está bem querida?

Rodolffo: ela está ótima. Só não está falando muito mãe. Sabe como é? Efeito da cirurgia, pode ficar cheia de gases.

Mas Vera não acreditou naquela explicação do seu filho e ela era consciente do por quê. Juliette continuava muda e não lhe deu uma palavra sequer, muito menos a Juarez. Parece que ela nunca a aceitaria como sogra e seu marido como sogro.

Eles ainda ficaram ali por alguns minutos e Juliette ficou ali olhando para o teto com muita vontade de chorar, mas se segurando no máximo. Ela não se sentia bem ao lado deles e tinha medo de magoar Rodolffo por isso.

Ele era maravilhoso com ela em todos os sentidos, mas se ela dissesse que tinha muito rancor por seus pais, isso podia deixá-lo imensamente triste. Juliette fez uma prece mental e pediu para Deus tirar isso do seu coração por que no futuro isso poderia ser um grande problema entre eles.

Vera: nós já vamos meu filho. Fique bem Juliette. Que sua recuperação seja plena e que um dia vocês venham nos visitar.

Juarez: é sim filho... Quando tudo melhorar vocês podem vir passar um fim de semana conosco.

Rodolffo: é pai... A gente ver isso depois. Obrigado pela visita.

Rodolffo caminhou com eles até o corredor e antes de entrar no quarto novamente, ele respirou profundamente. Era visto que Juliette não suportava seus pais e ele não podia culpar ela por isso, mas isso não deixava de doer.

Seus pais fizeram muitas coisas erradas que o afetou e também afetou a Juliette. Mas ele não conseguia guardar tanto rancor, apesar de ainda não se sentir tão espontâneo ao lado deles. Porém Juliette não era assim, ela olhava para o teto para não olhar para eles. Ela não iria conseguir conviver com eles, nem por uma hora, avalie por um dia e aquilo fez o coração dele se apertar. Seu Lourival também tinha errado bastante com os dois, mas Rodolffo hoje tinha uma convivência amena com ele e olha que a ameaça que sofreu ainda poderia estar de pé.

...

Após ficar mais tranquilo ele retornou ao quarto e encontrou Juliette de olhos fechados. Ao menos ela estava descansando e logo ficaria bem, assim ele pensou. Mas no fundo, ela não estava dormindo, apenas estava fugindo do assunto sobre os pais dele.

...

Uma hora depois, chegou um lanche para ela e ele a fez despertar.

Rodolffo: Julie... Hora de comer.

Juliette se sentou na cama e comeu com o auxílio do noivo o lanche que chegou para ela.

Após o lanche, ela pediu para ele a levar até o banheiro e ele a auxiliou em tudo. Rodolffo era impecável, na verdade, ele sempre foi. Juliette nunca conseguiu entender como um homem tão bom quanto ele sofreu tanto na vida, ele não merecia, mas nessa tarde ela sabia que o fez sofrer de novo. Quando por fim ele a ajudou a se deitar novamente, ela segurou firme o seu braço.

Juliette: amor...

Rodolffo: oi amor. - ele falou alisando sua mão.- A posição está ruim? - ele falou mexendo no seu travesseiro.

Juliette: desculpa. Por favor... Me perdoe.

Rodolffo: não há de que me pedir desculpas.

Juliette: sim... Há... Eu sei que fui péssima com seus pais hoje. Eu não fui ao menos educada.

Rodolffo: tudo tem seu tempo... - ela o interrompeu.

Juliette: não sei se consigo perdoá-los. Não posso mentir para ti.

Os olhos de Rodolffo se encheram de tristeza, mas ele tentou não absolver.

Rodolffo: não precisamos nos preocupar com isso agora. Não é o momento. Na verdade eles não deveriam ter vindo.

Juliette: mas tu gostou que eles vinheram...

Rodolffo: mas você não. Não deviam ter vindo dessa forma repentina.

Juliette: Rodolffo seus pais foram péssimos contigo por isso todas essas coisas te aconteceram.

Rodolffo: eu sei Julie... Não pense que eu não sei. Mas seu pai também foi terrível e sabemos bem o quê ele fez... Mas tu odeia ele por isso?

Juliette: meu pai é diferente... Não tem comparação.

Rodolffo respirou fundo e prudente como sempre foi, resolveu não prosseguir com o assunto.

Rodolffo: é melhor que você descanse. Quer um pouco de água? Eu busco para você.

Juliette: não... Não quero.

Rodolffo saiu do quarto e bebeu sua água sem se deixar pensar muito. Era o melhor, ela não precisava de discussões... Só necessitava de amor, carinho e cuidado.

...

Continua.




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