Ao final do dia Juliette teve alta do hospital. Rodolffo arrumou todas as suas coisas e levou ao carro e depois veio pegá-la para levar cuidadosamente até o seu assento.
Rodolffo: está confortável Julie? - ele disse preocupado.
Juliette: estou sim... Tem apenas o desconforto normal. Mas estou bem.
Ele fechou a porta e se pôs dentro do carro, antes de dá partida, ele pegou a pequena mão de sua amada e deu um beijo carinhoso.
Rodolffo: pedi tanto a Deus que cuidasse de ti. Estou tão feliz de poder te levar para casa.
Juliette: ôh bichinho... Eu sei disso. Agora eu vou ficar bem.
Rodolffo completou o carinho com um beijo rápido nos seus lábios.
Seguiu rumo a casa dos pais de Juliette e lá eles ficarão até o final do domingo.
...
Ao chegar de frente a casa, ele viu seu pai do outro lado da rua e ambos trocaram um aceno com a mão. Juliette viu a cena e no automático se fechou.
Ele a ajudou a entrar e foram recebidos com caloroso amor dos irmãos, sobrinhos e pais de Juliette.
Juliette: minha gente... Fizeram uma recepção foi?
Lourival filho: claro mana, queríamos saber que tu estava bem.
Juliette: estou muito bem visse.
Todos sorriam e se divertiam com aquele encontro raro de família.
Rodolffo deixou Juliette junto aos seus e foi até o carro buscar as coisas dela, foi quando Izabella saiu correndo em sua direção. Ele a abraçou forte e sua alegre irmã estava toda falante.
Izabella: irmão... Que maravilha rever você. Ah sinto muita saudade de ti.
Rodolffo: eu também sinto irmã.
Izabella: por que não vem jantar conosco hoje? Mamãe está fazendo aquela sopa que tu amava... Lembra?
Rodolffo: nossa eu amava aquela sopa, quanto tempo... Mas eu não posso ir. Tenho que estar com a Julie, ela precisa de mim.
Izabella: vou pedir para mamãe colocar numa marmita pra ti. Assim você pode comer a vontade.
Rodolffo: obrigada minha mana linda.
Izabella voltou para casa e ele levou todas as coisas de Juliette para dentro.Nesse momento ela já estava no quarto e Fátima a ajudava a mudar de roupa.
Rodolffo: se quiser... Eu posso ajudar nisso dona Fátima.
Fátima: claro que pode meu filho. Vou deixar vocês a sós.
Juliette: eu estou tão sonolenta. Fraca.
Rodolffo: é normal. Agora tu vai poder descansar e amanhã com certeza se sentirá melhor.
Juliette: lembra desse quarto? - ela disse se virando para ele.
Rodolffo: nunca o esqueci. Fomos tão felizes aqui.
Juliette: sim... E por pouco não fomos pegos. - ela disse alisando seu rosto.
Rodolffo: eu te amo Julie.
Juliette: eu também te amo meu Rodolffo.
Ele terminou de ajudá-la a se trocar e Juliette foi deitar-se na sua cama. Essa noite Rodolffo dormiria de rede.
Rodolffo: tu está realmente bem? Se tiver, vou tomar um banho.
Juliette: pode ir amor. Estou bem.
Rodolffo: eu não demoro.
Rodolffo saiu dali rumo ao banheiro e até de fato tomar banho demorou para mais de 15 minutos. Seus cunhados fizeram um interrogatório a ele e até seu sogro entrou no meio, mas por fim, ele conseguiu tomar um banho relaxante e revigorante. Vestiu seu blusão e sua calça e retornou ao quarto que sua amada estava.
Ele encontrou Juliette ainda deitada, mas ela não estava tão animada como antes. Seu olhar estava frio e distante, era perceptível demais.
Rodolffo: o quê foi Julie? Está se sentindo mal?
Juliette: chegou para ti. Mainha acabou de deixar aqui. - ela falou apontando para uma sacola com um pote dentro.
Rodolffo entendeu o motivo da tristeza na hora.
Rodolffo: foi a Bella que veio deixar, ela disse que viria.
Juliette: não foi a Bella. Foi tua mãe que veio. Eu ouvi a voz dela daqui, inclusive ela falou que era para nós dois.
Rodolffo: realmente tem muita sopa aqui. E o cheiro está ótimo. - ele falou abrindo a marmita. - quer comer agora?
Juliette: eu não quero comer.
Rodolffo: por que Juliette?
Juliette: por que eu não quero nada que venha da sua mãe.
Rodolffo: vejo que temos um grande problema. Eu vim da minha mãe... Apesar de tudo, dos erros e de todas as coisas, só estou aqui contigo por que ela me gerou.
Juliette: mas tu está aí todo marcado por causa dela e do sangue suga do teu pai. E nunca mais será o mesmo por causa deles. É tudo culpa deles.
Rodolffo parou um pouco e engoliu no seco. Aquelas palavras tinham doído mais do que deveria.
Rodolffo: te incomoda eu estar assim? Seja sincera Juliette.
Juliette: eu sinto muito por tudo que te aconteceu.
Rodolffo: não foi isso que eu perguntei... Eu quero saber se eu estar assim todo marcado te incomoda?
Juliette: claro que não. Não é isso.
Rodolffo: quem te ver falando assim pensa outra coisa. E não culpe eles por eu ter me queimado. Foi uma maldade que fizeram comigo, mas não foram eles que me deixaram assim.
Juliette: eles te obrigaram a ir...
Rodolffo: eu não quero mais falar Juliette... Vamos parar por aqui. Você está se recuperando de uma cirurgia e eu estou de cabeça quente, é melhor eu ir comer a minha sopa. Me diga o quê quer comer que eu faço para você.
Juliette: eu não quero nada no momento.
Rodolffo: pois bem. Vou ali na cozinha.
Mas Rodolffo não foi até a cozinha e ficou. Ele deixou a sopa que tanto desejava comer para as demais pessoas que estavam na casa. Na sua garganta nada descia. Ele estava cansado e além do mais estava triste e desapontado com Juliette.
Ele nunca sentiu nada igual em relação a ela e isso o atormentava a mente. Foram cinco anos longe, será que a Juliette que ele tanto amava não era a mesma de antes? Será que de alguma forma ela sentia vergonha por ele ser queimado e não usar roupas comuns? Será que ela nunca conseguiria ao menos ser educada com seus pais? Como seria o futuro a partir daquele momento? Eram muitas perguntas e ele deixou lágrimas rolarem em seu rosto.
Foi nesse momento que sentiu uma mão pousar sobre seu ombro.
Fátima: não fique assim. Ela vai perdoar eles. Eu sei que vai.
Rodolffo: não sei... Talvez não vá.
Fátima: minha menina tem um bom coração. Só acho que deveria conversar com tua mãe para que ela vá mais devagar.
Rodolffo: tudo bem dona Fátima. Obrigado.
Fátima: agora venha comer um pouco da sopa. Eu deixei um prato para ti. Sei que queria muito comer a comida de tua mãe. Vamos filho, entre.
Rodolffo e Fátima seguiram ao interior da casa e ele sentou a mesa saboreando a sopa que tinha gosto de saudade e de família. Logo após jantar, voltou ao quarto e encontrou Juliette em um sono profundo. Ele a cobriu devidamente e cuidou que ela estivesse com a postura correta. Por fim, deitou-se em sua rede e tentou descansar o corpo e o espírito.
...
Continua