Capítulo 59: A conversa necessária

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Enquanto isso em Campina Grande...

Vera percebeu que Fátima não havia viajado a João Pessoa e imaginou que Juliette também não. Algo tinha acontecido e ela descobriria o quê foi.

Fátima estava na calçada de casa quando ela se aproximou.

Vera: bom dia Fátima. Não viajou a capital?

Fátima: ôh não. Juliette decidiu não ir mais. Resolveu ficar mais uns dias.

Vera pensou em Rodolffo na hora. Ela sabia que ele tinha um amor muito grande por Juliette e por isso deveria ter ficado muito triste ao retornar sozinho.

Vera: mas está tudo bem com eles?

Fátima: é Vera... As coisas já estiveram melhores.

Vera: onde está Juliette?

Fátima: está no quarto lendo um pouco.

Vera: Fátima preciso falar com ela. Por favor.

Fátima: não acho que ela queira. É melhor não insistir.

Vera: mas eu preciso pedir perdão a ela, por tudo. Fátima por favor me deixa ir.

Fátima: tudo bem. Entre. Tu sabe o caminho. Agora se ela te expulsar não insista.

Vera: tudo bem.

Vera entrou e foi logo em direção ao quarto de Juliette que estava sentada na cama.

Vera: oi Juliette.

Ela levantou a cabeça e mirou para Vera, mas não disse uma palavra a mulher em sua frente.

Vera: por favor... Me ouça. Se não quiser dizer nenhuma palavra não diga... Eu entendo o seu silêncio mas me deixa falar. - ela falou fechando a porta do quarto.

Juliette deu apenas um aceno de cabeça e fechou livro que estava lendo, acabou lhe dizendo uma única palavra:

Juliette: senta.

Vera: pois bem Juliette tenho que começar do princípio. - ela deu um longo suspiro. - toda a catástrofe começou lá no passado, precisamente ao fim de 2007. Estava as vésperas do novo ano quando encontrei um teste de gravidez nas coisas de Rodolffo. Eu fiquei horrorizada te confesso. Imaginar que tu poderia estar grávida e que ele seria pai tão jovem me deixou gelada. Apesar que eu sabia dos encontros de vocês.

Juliette: sabia que ele vinha me visitar?

Vera: sabia... Juarez e eu víamos ele sair de casa a noite, mas meu marido nunca quis conversar sobre isso com ele. Tu pode achar que Juarez era contra esse namoro, mas ele não era. Ao supor que você estava grávida eu fiquei paranóica e muito apreensiva.

Juliette: por quê? Que mal eu te fiz para um neto te causar tantos problemas?

Vera: não tinha a ver com isso Juliette.

Juliette: ah lembrei... Se ele fosse pai, os recursos se esgotariam e ele não conseguiria suprir as necessidades de vocês todos. Ele era mesmo o burro de carga da família. Por isso ele não poderia ser pai.

Vera: você tem razão. Exploramos muito Rodolffo, não há nada que possa mudar isso. Reconheço meu erro e convivo com meu remorso. Não pense que não dói por que não é verdade. Mas ele esteve feliz naquele dia de natal, suponho que na noite anterior você deva ter dito a ele sobre a suspeita.

Juliette: sim... Eu estava atrasada a uns dez dias e na noite de natal eu disse pra ele. Mas no dia seguinte a suspeita teve fim.

Vera: é... Um dia ele estava quase pulando de alegria e no outro quase chorando dentro de casa. Sei que ele desejava que tivesse sido real. Mas depois disso eu resolvi intervir, eu mudei todas fechaduras da casa e tentei manter ele longe de você.

Juliette: eu me lembro...

Vera: mas aí, eu conheci o pior dele. Ele não aceitou e ficou revoltado comigo e com o pai e eu também fiquei com ele e por consequência com você. Eu precisava afastar vocês dois e acreditei nisso até o fim.

Juliette: você foi muito má conosco. Se sente feliz por tudo que ele passou por sua culpa?

Vera caiu no choro.

Vera: não... Eu não me sinto feliz. Nenhum um pouco. Na maioria dos dias eu me sinto um lixo. A pior das pessoas e já pensei seriamente em acabar com minha vida, talvez nunca tenha feito por causa do Juarez, ele só tem a mim, mas minha vida já perdeu o sentido a muito tempo. Não precisa me entender, mas acredite que também sofri e sofro com tudo isso. Eu só queria que um dia Juliette, tu pudesse me perdoar. Perdoar por todo mal e por todo o sofrimento que causei a você.

Juliette: eu não sei se consigo te perdoar. Não como Rodolffo perdoou tão rápido.

Vera: rápido? Não foi rápido Juliette. Não teve nada de rápido e eu não sinto que ele me perdoou totalmente... não ainda. Mas seu coração não o deixa nos odiar, ele pode sentir raiva e ressentimento, mas odiar não. Não sei se ele te contou mais foram quase quatro anos que ele só falava com a Bella. Então, não o julgue mal por isso,   ele só não consegue nos desprezar como você, mas ele me pediu para que eu fique distante. Nem em sonho ele imagina que estou aqui. Ele te ama muito e não quer que nada ou ninguém te afete. Entenda isso Juliette.

Juliette: é... Eu sei... - respondeu pensativa.

Vera: agora vou te deixar descansar. Fique bem Juliette.

Ela saiu e Juliette ficou absorvendo todas aquelas palavras. Até que seu pai surge em seu quarto.

Juliette: painho.

Lourival: filha... Eu sei que nada vai adiantar agora eu te entregar isso, mas é o certo a se fazer.

Ele tinha em sua mão uma caixa relativamente grande e colocou ao lado de Juliette.

Lourival: espero que um dia você possa perdoar os pais dele e a mim também por que todos nós erramos muito. A ordem das cartas está debaixo para cima. A última que recebi foi a três anos atrás. Não me pergunte o quê ele escreveu, eu nunca abri nenhuma.

Lourival saiu e ela abriu a caixa. Quantas cartas haviam ali? Umas 30 ou mais de certo. Mas a primeira era o do fundo da caixa e ela seria o início de sua leitura.

...

Continua.

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