Capítulo 23: Voltando para casa

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Rodolffo trabalhou até às 9 horas da noite. Seu corpo estava quebrado e ele se sentia doente e com febre. A gripe estava tentando derrubá-lo.

Voltou para casa a pé e ele só desejava melhorar e descansar. Ultimamente parecia que as noites estavam tão curtas, ele se sentia exausto. Era uma jornada que começava as 5 horas da manhã, e as vezes ficava até às 9 horas da noite. Praticamente ele só jantava em casa, as demais refeições eram na oficina. 

Ao cruzar a porta de casa, sua mãe nem lhe olhou na sua cara, correu para a porta e passou a chave.

Rodolffo: me diga quando foi que eu além de viver preso a um trabalho exaustivo, também virei um preso em minha própria casa? - ele se sentia revoltado com tal atitude de sua mãe. - me fale mãe. Me diga, por que isso agora?

Juarez: pare com essas coisas Vera, eu já te pedi para deixar ele em paz.

Vera: meu filho, a violência está constante por aí... Temos que nos proteger.

Rodolffo: nosso bairro é tranquilo e não tem violência. Aqui nós não temos dinheiro mãe... Vivemos batalhando com a vida, qual o seu problema?

Vera pensou em lhe dizer tudo. Que sabia que ele ia encontrar com Juliette na calada  da noite, mas resolveu não dizer.

Vera: é tudo para o seu bem meu filho.

Ela ia saindo de perto dele, mas ele ficou revoltado. Talvez a doença, o estresse, e toda a carga lhe pesaram.

Rodolffo: quero uma chave mãe. - ele falou quase com toda a sua potência vocal, ele tinha um timbre bem alto.

Seu pai arregalou os olhos. Seu filho, nunca havia agido de tal forma.

Já Vera, foi com a mão em cheio para acertar o rosto de Rodolffo, mas ele era forte e segurou seu braço.

Rodolffo: não aceito que faça isso comigo, não aceito que me prenda e nem aceito que a senhora trate Juliette mal. Se não me der a chave, eu vou embora daqui.

Vera estava atônita com seu próprio filho. Ele nunca teve esse tipo de comportamento. Tudo era culpa de Juliette, ela enfeitiçou o seu doce menino, o transformando em um homem sem respeito.

Juarez: Rodolffo por favor, não faça uma coisa dessas.

Rodolffo: eu não vou ficar preso aqui. Não sou nenhum criminoso. Eu trabalho para burro, hoje fui no arrasto, para ter esse tipo de vida? Eu não aceito.

Juarez: meu filho... Tu está bem magro ultimamente. Eu venho reparado. Vera, dê a chave a Rodolffo. Não faça isso com ele.

Vera deu a contra gosto o chaveiro, mas por dentro ela queria era lhe dá uma bela surra, porém ele já era um homem, ela nunca conseguiria.

Vera: tu nunca mais fale alto comigo, entendeu Rodolffo?

Ele não respondeu, só subiu para o seu quarto.

Enquanto Rodolffo estava no seu quarto e depois foi tomar um banho, Juliette resolveu lhe levar uma canja que ela mesma fez e também um pouco de chá que o ajudaria com a gripe.

Não foi um bom momento dela aparecer lá, e Vera estava furiosa.

Vera: o quê você quer Juliette? - ela falou de forma rápida e ríspida.

Juliette: eu trouxe uma canja para o Rodolffo... Eu sei que ele está doente e que se sente fraco. Esse chá vai aliviar a gripe.

Vera: tu por acaso acha que meu filho não tem comida em casa?

Juliette se assustou com a forma como dona Vera estava falando com ela. Não era possível que aquilo fosse real.

Juliette: eu não quis dizer isso. Eu só queria que ele ficasse melhor.

Vera: Juliette tu é nova e não sabe nada da vida, mas eu vou te falar, homens odeiam mulheres grudentas, melosas e muito dadas. Se tu continuar nesse ritmo Rodolffo terá abuso da sua cara e não vai demorar.

Juliette sentiu o peso daquelas palavras e se sentiu arrasada. Tanto pelas afirmações e também por causa do modo que era tratada. Só que ela não contava que Rodolffo também ouviu aquele diálogo.

Rodolffo: eu nunca vou ter abuso de você amor. Não escute minha mãe.

Ele saiu e seu rosto era abatido.

Juliette: Rodolffo, tu tá tão arrasado.

Vera foi ignorada por eles e resolveu sair dali.

Rodolffo: desculpe pela minha mãe Julie. Ela está chateada comigo. Obrigado pelas coisas amor. Vou comer tudo para ficar bom logo.

Juliette acariciou seu rosto e viu o quanto ele estava quente.

Juliette: amor tome seu chá com um antitérmico. Tu tá pelando em febre. Coma a canja. Por favor, se cuida.

Rodolffo: eu vou me cuidar vida. Prometo. - ele beijou sua mão e Juliette sentiu que ele tremia.

Juliette: eu já vou. Te amo.

Rodolffo: também te amo.

Juliette seguiu para casa e entrou na sala chorando. Fátima viu o quanto sua filha estava triste.

Fátima: o quê foi Juliette? Vocês brigaram?

Juliette: não mainha. Mas Rodolffo tá mal. Sua pele tá quente e vermelha, ele tá ofegante. Ele chegou agora do trabalho.

Fátima: meu Deus, tenho pena dele. Esse rapaz trabalha tanto e o pai não faz nada da vida, ele nem tenta Juliette. É um fardo muito grande minha menina. Esse menino ainda pode se acabar desse jeito.

Juliette: não diga isso Mainha.

Fátima: mas é a verdade. E o pior é que a mãe dá a ele uma mínima parte desse dinheiro tão suado. Eles não fazem o certo. Não mesmo.

Juliette começou a sentir raiva dos pais de Rodolffo naquele momento. Ela pediu para Deus tirar aquilo do seu coração, mas sua mãe dizia verdades, eles o exploravam no máximo e quando Rodolffo pensava em juntar algum dinheiro sua mãe sempre dava um jeito de pegar as economias dele. Era tanto que as vezes, ele entregava dinheiro a ela. Aquilo era injusto com ele.

E ainda ela queria o prender em casa. Deveria ser para não poder gastar nenhum dinheiro, ela pensou. Ou então, ela não gostava do namoro deles. Ou ainda, imaginava que se Rodolffo se casasse a sua mina de dinheiro acabaria, e nessa teoria ela tinha certeza que estava certa. Sem o dinheiro dele, eles passariam aperto, e isso era ruim para a saúde de seu Juarez. 

...

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