Encontros

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Quando o coronel Vargas terminou de escutar a gravação de Javier Avila, sentiu seu mundo ruir pouco a pouco. Alejandro bateu furioso furioso na mesa enquanto andava em círculos pela sala.
Como posso julgá-lo?
Depois de verificar se a base estava totalmente limpa de qualquer resquício da Shadow Company, Price me deu algumas horas para dormir e uma refeição realmente deliciosa.
Mas o trabalho precisava continuar.
Estávamos em uma sala de reunião da base, os 141 e os Los Vaqueros reunidos novamente; alguns claramente cansados, mas ansiavam em terminar essa missão e neutralizar seus alvos.
Price e Ghost observavam os movimentos de Alejandro pelo local, sem questioná-lo. Não haviam motivos para tentar motivá-lo ou mesmo consolá-lo; isso quase não existia na nossa profissão. A traição era algo mais comum do que se imaginava, infelizmente...
-Hijo de puta...-resmungou Alejandro. Não sei se isso significava um xingamento, mas pelo seu tom de voz...
-Ele queria que alguém encontrasse isso algum dia, coronel. -interrompi, apontando para o gravador-. Talvez não tão cedo... E claro, estou com o celular de Graves, que com certeza contém alguma coisa. Levarei isso para a perícia...
Deixei o aparelho na mesa, fazendo todos olharem.
-Fico feliz por você ser tão inquieta. -o coronel me olhou com um breve sorriso-. Mesmo assim... Me sinto traído e até mesmo humilhado.
O coronel Alejandro Vargas não admitia homens de caráter duvidoso em seu pelotão, e com esse acontecimento, com certeza está duvidando de sua própria capacidade para isso.
-E você também viu Graves conversando com Mahed então? -Price me olhou.
-Sim, senhor... Ele enganou a todos.
-Por isso eu disse...-Soap se pronunciou-. Shepherd o mantém seguro de alguma forma, esse é o motivo dele sempre agir à margem de tudo.
-Conversarei com Shepherd. -continuou Price-. Isso não pode ficar assim. É injusto principalmente com sua equipe, coronel.
O coronel concordou, um pouco hesitante ainda.
-Sinto muito por isso ter acontecido com você também, Megan. -Price me encarou-. Ficamos realmente preocupados com vocês dois. -Ghost concordou com a cabeça enquanto cruzava os braços.
-Eu sei, capitão...-murmurei-. Mas você nos subestima. Eu sou escorregadia e o coronel é duro de matar. -o olhei, e ele me deu um sorriso malicioso.
-Você deveria ter o apelido de "Soap", então. -Price sorriu.
-Você está perdido então, sargento. -olhei para Soap, que riu.
Senti falta dessa interação entre todos... Nesses momentos eu percebo o quanto eu amo meu trabalho mas principalmente, minha equipe.
Saímos da sala e eu fui diretamente no banheiro tomar um banho.
Me sinto suja com o toque de Phillip Graves... Acho que apenas se eu arrancasse minha pele, me sentiria 100% limpa novamente.
A água fria caindo no meu corpo me deixou relaxada, então não quis deixar escapar nem um segundo desse momento.
Caramba... Tudo passou tão rápido que até parece brincadeira. Nunca nem iria imaginar passar por um lugar tão pequeno como dutos de ar e bancar a espiã por alguns momentos.
Passei levemente a mão pela minha barriga, exatamente no local onde Graves havia me golpeado dias atrás; apenas uma pequena marca vermelha estava no local, que logo iria desaparecer.
Não quero que Simon veja isso... Eu o amo e não quero machucá-lo com essas coisas, ou deixá-lo ainda mais nervoso por essa situação... Urgh, me sinto tão amaldiçoada por tudo isso.
Mordi o lábio lembrando do beijo que Graves havia me dado.
Por que aquilo me paralisou?! Eu deveria ter dado um soco no rosto desse filho de uma... Eu preciso de Simon. Preciso de seu toque, quero que qualquer sentimento relacionado a esse comandante maldito seja levado para longe dos meus pensamentos.
Me sequei e troquei de roupa, com um sentimento de renovação.
Após pedir informação a alguns homens por ali, consegui ir até o alojamento do tenente Ghost, batendo em sua porta.
-Entre. -falou sua voz do outro lado.
Ao entrar e fechar a porta, bati continência com um sorriso.
-Tenente. -falei, observando ele que estava sentado, arrumando suas roupas.
Suas peças do uniforme estavam perfeitamente dobradas enquanto colocava em suas bolsas.
Uau. Nunca nem imaginaria isso. O tenente é homem que não para de me surpreender... Quer dizer, não é como se ninguém aqui fosse tão organizado...
-Megan. -ele se levantou com um sorriso.
-Não queria te atrapalhar.
-Sabe que não me atrapalha.
Simon fez menção de se aproximar, mas fiz isso primeiro, indo até sua cama e me sentando; ele fez o mesmo ao meu lado. Ele estava com sua balaclava de máscara de caveira, e mesmo "gostando" mais da convencional e simples com apenas a pintura branca, já estava começando a gostar dessa nova opção, e até achar sexy.
-Estou tão feliz por estar ao seu lado de novo. -comecei.
-Eu digo o mesmo. -ele respondeu, me puxando para mais perto-. Não sabe o quanto fiquei preocupado com você... Mal consegui dormir. Apenas ficava pensando em matar Graves e te ter de volta.
-Você já conseguiu metade disso.
-Ainda assim eu estou determinado e não irei parar até matá-lo. Todo esse tempo fiquei imaginando formas diferentes de fazê-lo sentir a mesma dor que ele te fez sentir, te deixando apreensiva e...
Coloquei minha mão em seu antebraço, como uma forma para ele parar de falar e de se preocupar com isso.
-Graves não me machucou, Simon. Por favor...
Me sentei em seu colo, de frente para ele. Seus olhos castanhos vagavam pelo meu corpo, parando no meu rosto.
-De qualquer forma, quero te ver bem e segura. E só posso ter isso quando Graves morrer.
Abracei seu corpo, afundando meu pescoço em seu ombro.
Simon acariciou minhas costas com as pontas dos dedos, suavemente. Era maravilhoso sentir seu toque novamente; eu me sentia viva.
Levantei sua balaclava até a altura de seus lábios, o beijando imediatamente. Simon retribuiu em um beijo quase desesperado, ansiando pela minha volta.
-Se Price nos pegar...-Simon me olhou ofegante.
-Então precisamos ser rápidos, amor...-sussurrei, sorrindo.
Simon soltou um suspiro longo, quase sem acreditar, mas acabou aceitando o desafio. Ele me deitou em sua cama, com cuidado enquanto me encarava sem desviar os olhos. Sua boca estava parcialmente aberta, sem saber o que fazer ou por onde começar.
Quando Simon quis levantar minha camiseta, me levantei assustada, parando suas mãos.
-Temos pouco tempo para isso. -sussurrei.
Ele ficou um pouco desanimado, mas concordou.
Vai ser melhor assim... Logo essa marca vermelha vai desaparecer.
Voltei a me deitar após Simon tirar minha calça e colocá-la ao lado; ele me deixou um pouco constrangida ao ficar encarando minhas pernas e calcinha.
-Você é linda... Senti falta do seu cheiro. -ele espalhou beijos molhados pela minha virilha, me fazendo arrepiar, até que lambeu minha calcinha, sorrindo.
Seu pequeno ato malicioso me deixou respirando irregularmente; eu estava novamente e totalmente nas mãos de Simon Riley.
-Simon...-sussurrei, cansada. Ele engoliu a seco.
O tenente nada respondeu, apenas colocou minha calcinha para o lado com os dedos.
Porra... Ele vai me destruir.
Ele fez leves círculos com os dedos em minha região íntima, me deixando doida. Então, Simon aproximou seu rosto até meu ouvido.
-Seu tenente vai te foder agora, recruta. Primeiro vou te preparar...-ele olhou para a minha virilha, rapidamente-. E então eu vou te foder. Mas você precisa ficar quieta. Não faça barulhos ou terá problemas depois. Entendido...?
Antes que eu pudesse responder, ele introduziu dois dedos rapidamente em meu interior, para então fazer movimentos lentos... e deliciosos. Era impossível conter meus gemidos; em resposta, apenas concordei com a cabeça.
-Você entendeu? -ele resmungou, indo um pouco mais rápido.
-S-sim...-gaguejei.
-Sim o quê?
-Sim, senhor...
Ele então beijou meu rosto e me olhou sorrindo. Coloquei uma mão na boca para abafar os gemidos, que rapidamente foi tirada por Simon.
-Não faça isso, recruta. É trapaça.
Com isso, ele introduziu um terceiro dedo, quase me fazendo gritar de prazer, porém me controlei.
Droga, droga, droga...
Simon retirou seus dedos molhados do meu interior, me deixando quase em êxtase completo. Ele então lambeu seus dedos e colocou em minha boca, me fazendo sentir meu próprio gosto.
-Silêncio agora. -ele sorriu, se ajoelhando e levantando um pouco mais a balaclava.
Sentir sua língua deslizando pela minha intimidade foi simplesmente a melhor sensação que eu poderia experimentar. Era muito melhor que tudo... quase mágico. Era perfeito, afinal eu estava com o homem que amava e somente isso importava.
-Sisi...-sussurrei, sorrindo-. Eu te amo.
-Eu não te deixei me chamar assim. -ele falou, sorrindo e voltando ao trabalho.
Acariciei seus ombros e braços fortes...
-Ghost, você viu qu-
Fomos flagrados pelo sargento Soap, nos surpreendendo e então nos observando, com o queixo caído. Meu rosto ficou vermelho imediatamente.
-Porra, Johnny! -Simon se levantou na hora, um pouco assustado-. Por que você não bateu na porta?!
Imediatamente coloquei minhas roupas, querendo entrar na cama e me esconder ali mesmo. Não havia palavras para descrever o tamanho da minha vergonha.
-M-mas o quarto também é meu! -ele apontou para uma cama, no outro canto.
-Você...-Simon resmungou, balançando a cabeça, quase que o expulsando do local.
Virei meu rosto, sem querer encará-lo.
-Desculpa, Simon, eu...
-Ei, não peça desculpas. -Simon se sentou ao meu lado-. Vou conversar com ele e tudo ficará bem.
-Mesmo? Droga, o sargento nos viu e...
-Farei ele esquecer o que viu, não se preocupe.
Mordendo o lábio, limpei com o polegar, sua boca que estava um pouco molhada. Era até cômica a situação. Ele então me deu um beijo rápido e abaixou sua balaclava totalmente.
-Não faça o sargento sofrer, tenente. -levantei uma sobrancelha.
-Não irei prometer isso...-ele apertou o punho, dando uma risada.
Bobo.
***
Mais tarde, mesmo morrendo de vergonha, nos reunimos com Alejandro e seus homens, e Price que conversava com Shepherd em seu notebook.
O coronel estava impaciente, pois tínhamos a notícia de que Graves e seus homens invadiram o QG das "Fuerzas Especiales", o exército mexicano; haviam altas chances de Mahed, o líder da Al-Qatala, estar se escondendo no local. O que mais entristeceu Alejandro, afinal, que além de ser o coronel dos Los Vaqueros, ele era capitão do exército, é, sem dúvidas, o fato de que alguns homens do exército mexicano traíram seu próprio país, facilitando a tomada do local por Graves. O comandante e sua Shadow Company haviam passado de todos os limites.
-Pra fazer o bem, o mal é necessário. -disse Shepherd-. A parte ruim a gente enterra, é assim que funciona.
-É...-respondeu Price, apontando para a tela-. Mas não precisa se enterrar junto.
Olhei para o sargento Soap, que encarava o tenente Ghost. Ele então me olhou rapidamente e engoliu a seco.
Que droga. Queria ler mentes agora para saber o que se passa na cabeça de John MacTavish.
-Você precisa se esquecer disso por enquanto, e encarar quem é o inimigo de verdade. -Shepherd continuou.
Price arrastou a cadeira para trás, olhando fixamente para a tela do notebook.
-Você tem que parar o seu Shadow. -disse Price.
-Graves...?
-Sim.
Shepherd soltou uma risada.
-Ele tá bem como ele quer, e eu recomendo muito que não tente se meter. -respondeu o general.
-É a sua última chance pra mudar de ideia. -murmurou Price.
-Senão o quê?
-Senão eu vou pegar ele. E vou pegar você.
Price desligou a chamada e abaixou a tela do notebook, com certa fúria. O capitão olhou para Alejandro, que abriu as portas do galpão dos veículos, nos levando até uma mesa enorme de madeira.
-Vaqueros! -o coronel assobiou e chamou a atenção dos seus homens, que se reuniram conosco.
-Tá, olhem aqui. -começou o capitão-. A gente vai recuperar esse QG, pegar o Mahed, e matar o comandante Graves.
Meu corpo arrepiou com essas palavras enquanto eu olhava para Ghost, que estava ao meu lado. Sua respiração estava pesada... Era o momento que nós esperávamos tanto, e, que enfim, chegou.
-Quando? -perguntou um Vaquero.
-Agora. -respondeu o tenente, impaciente.
-Vamos lutar contra nós mesmos. -continuou Price-. Ninguém é 141 ou Los Vaqueros agora. Mas uma equipe.
Ghost pegou uma bolsa e jogou balaclavas de caveira na mesa.
-Equipe Ghost. -concluiu o capitão.
Arregalei os olhos quando vi Simon retirar sua balaclava com máscara, para todos ali verem seu rosto, agora, protegido apenas por uma pintura preta em seus olhos. O sargento Soap e Gaz pareciam apenas um pouco surpresos.
-Bom te ver de novo, Simon. -sorriu brevemente o capitão, retirando seu chapéu e colocando na mesa-. Se tá dentro, pega a máscara. Se não... Deixa.
Todos ali pegaram uma balaclava, restando apenas uma na mesa. Olhei para Simon, que ajustava sua "antiga companheira" no rosto, me fazendo lembrar dos velhos tempos. Ele parecia bem confortável com isso.
O tenente me olhou de volta, acenando com a cabeça. Todos ali pareciam esperar minha ação.
Peguei a balaclava, apertando o tecido entre meus dedos.
Nós vamos te pegar, maldito. Nada irá nos segurar ou atrapalhar dessa vez.
Ajustei a balaclava em minha cabeça, me sentindo um pouco sufocada pelo tecido que envolvia minha cabeça, mas isso era a coisa menos importante agora.
Vi Alejandro quase tremendo de raiva, mas se controlando.
Peguei minha AUG e respirei fundo, me concentrando em neutralizar de vez o homem que arruinava aos poucos as vidas de cada um ali no local.

Don't Let Me Down.Onde histórias criam vida. Descubra agora