Sabores

1.3K 106 5
                                    

Por mais que os dias se passassem, eu não era chamada para uma operação em campo com meus colegas; apenas os verificava e passava as instruções, mas agora sem o drone. Aceitei que ele fosse para uma inspeção minuciosa para descobrir os problemas ocasionados na missão.
Eu e König conseguíamos manter nossos encontros, mas nunca chegávamos no ato sexual em si, pois não havia tempo. Ele detestava "rapidinhas" e não queria que nossa relação fosse baseada nisso; havia me dito que queria poder ter tempo para poder dar a atenção (e prazer) que eu merecia. Com relação a isso, eu não teria como reclamar ou dizer que ele estava errado; eu esperaria e valeria a pena.
Mas havia mais um problema: toda vez que estava na companhia de König, Ghost parecia taciturno e sombrio.
E, sentia que o tenente estava se aproximando pouco a pouco, com conversas triviais e perguntas sobre o andamento dos meus dias.
É verdade que sinto falta da pequena proximidade que tinha com o tenente, antes de König aparecer em minha vida. Nunca tivemos uma afeição enorme um pelo outro, ou que fôssemos próximos mesmo, mas era com ele que eu me entendia melhor; sem falar que minha primeira missão tinha sido com Ghost...era algo especial.
***
Tínhamos algum tempo de descanso antes de uma missão começar. Dessa vez, iríamos ficar em pontos estratégicos para tentar capturar um possível informante em Tobraka, uma área que não estava devastada com a guerra, mas ficava deserta à noite. Seria totalmente deserta, se não fosse por algumas moças e seus...trabalhos noturnos para com os viajantes.
E, dessa vez, eu atuaria em terra mas ainda sem função definida; bem longe de Phillip Graves.
Minha perna estava bem melhor e eu já não sentia tantas dores; parte disso se dá pelo relaxamento que König tem me proporcionado, ofuscando esse ferimento. Mas, ele não conseguia aliviar tudo: a cicatriz ficaria ali, um lembrete eterno da minha imprudência.
-Megan Taylor.
Ouvi meu nome em um murmúrio enquanto arrumava minhas armas e granadas. Ao levantar da mesa de metal, estava ali o comandante Graves.
O dia já começou tão mal...
-Comandante Graves...? -o olhei, curiosa.
Desde que eu e Price decidirmos resolver os problemas com Graves, não o tinha mais visto. E era muito melhor assim.
Ele suspirou e continuou.
-É uma pena o que tenha acontecido com sua perna.
Isso nunca teria acontecido se você decidisse confiar em minhas palavras, idiota. Mas preciso me acalmar...não quero trazer ainda mais dores de cabeça para Price.
-Eu estou melhorando. Obrigada pela sua preocupação. -abri um sorriso alegre, carregado com ironia.
-Bem, nós ainda temos pendências a serem resolvidas. Price é extremamente compassivo com você, não espere o mesmo de mim.
-Eu não espero nada de você. -estreitei os olhos.
-Que bom. Porque isso...-ele tocou a linha de seu maxilar, bem no ponto onde o atingi.
Quando ele foi continuar sua frase, olhou para cima, e murmurou algo ininteligível enquanto ia embora.
Quando olhei para trás, König observava o comandante indo embora.
-Droga, você estava aí? -coloquei uma mão na testa.
-Pronto para quebrar de vez o rosto desse filho da... -ele respondeu, se aproximando.
Eu apenas disse que não era necessário, embora eu quisesse muito. König riu com minhas intenções maldosas.
-Bem...-ele continuou-. O que acha de um treino antes de nossa missão?
Abri um sorriso e concordei com a cabeça. Quando fomos para a parte baixa de Aqtabi, entramos em uma das inúmeras casas abandonadas. König parecia vasculhar bem o local para não encontrar algo indesejado.
Ele então subiu para o segundo andar, sem falar uma única palavra. Com um pouco de receio e frio na barriga, o segui, pisando cuidadosamente nos degraus de madeira.
Encontrei com König em um dos quartos da casa, que estava até bem arrumado. Fui até a janela observar o quão longe estávamos de nossa base.
-Uau, nós...
Quando me virei para ele, para continuar a frase, König já estava sem seu capacete e capuz, e em um movimento rápido, interrompeu minha fala com um beijo. Um beijo saboroso, cheio de luxúria. Ele se curvava e quase se abaixava para me beijar; chegava a ser um pouco cômico.
Separamos nossos lábios, ofegantes.
-Eu disse que iria terminar o que havia começado. -murmurou.
Seu beijo foi o suficiente para acender o fogo em meu corpo. Depois do que ele tinha feito comigo, dias atrás, eu apenas pedia mentalmente por mais. Ansiava por ter o corpo do gigante austríaco grudado no meu.
Mas então ele parou e me olhou, de repente.
-Desculpe...você está confortável com isso? Quer isso?
Seus olhos me fitavam inocentemente, buscando aprovação. Era nítida a sua preocupação comigo; algo que me fazia gostar ainda mais dele.
-É claro...-toquei seu rosto-. Depois daquele dia...você me deixou na lua, e eu quero mais.
Com um sorriso malicioso, ele abaixou o volume dos nossos rádios e os desligou, me deixando ciente do que iria acontecer.
***
König com certeza era um homem diferente dos outros. Não que eu tivesse me relacionado com muitos, mas o austríaco tinha seu diferencial: era grande, forte, musculoso, muito bonito e atencioso.
Nós já estávamos sem roupas quando me encontrei sentada em seu colo, apenas aproveitando o sabor de seu beijo. A pele dele, tão branca, implorava para ser marcada pela minhas mãos ou boca.
-Eu te avisarei quando estiver chegando...-König sussurrou enquanto mordia minha orelha. Demorei alguns segundos para entender o que ele queria dizer.
-Não se preocupe com isso. -o olhei-. Eu uso DIU.
-E o que seria isso? -ele me olhava como uma criança curiosa. Era fofo.
-Me impede de engravidar e você, de se preocupar.
-Obrigado por ser tão didática. -sorriu.
Antes de poder responder, König me tirou de seu colo com enorme facilidade, e me deitou na cama de bruços, devorando meu corpo com os olhos enquanto eu o encarava.
Não havia necessidade de muitas palavras no momento; nossos toques falavam por si só.
König beijava minhas costas enquanto se posicionava por cima, respirando irregularmente.
No momento em que fechei meus olhos, senti ele enterrando seu membro em meu interior completamente encharcado. Tentei me mexer com a dor, mas ele me acalmou enquanto se movimentava dentro de mim.
Eu não estava preparada para o tamanho de König; ele era enorme, em todos os sentidos...e, mesmo assim, com dores, implorava por mais em meus gemidos.
Passei meu braço por sua nuca e o aproximei ainda mais, enquanto ele aumentava o ritmo me deixando extasiada. König então se deitou delicadamente contra mim, fazendo nossos corpos grudarem com o suor produzido.
-K-König...
Meus gemidos foram abafados por um beijo desesperado e sujo. König havia chegado em seu pico enquanto mordia meu lábio. Quando ele afastou nossos lábios, soltei um sorriso de satisfação sentindo seu esperma quente preencher meu interior.
-Demoramos muito? -falei enquanto ele depositava um beijo em minha nuca e se levantava.
-Trinta e três minutos. -ele se esforçou para olhar em seu pulso.
König não conseguia desfazer seu sorriso enquanto colocávamos nossas roupas. E eu, me sentia maravilhada, como se tivesse acabado de transar com um deus grego.
Antes de voltarmos para a base, ele me beijou gentilmente, me fazendo lembrar desse lado fofo do gigante austríaco.
***
Ninguém nem desconfiava do que tínhamos feito, e era muito melhor assim. Eu não queria destruir a reputação de König e ele não desejava o mesmo para mim.
Nossa missão seria aparentemente simples...se não fosse por um detalhe que me deixaria petrificada.
-V-vocês o que?
Olhei incrédula para os homens que estavam em minha frente, e eles apenas não sabiam o que fazer. Havia ali também uma moça que trabalhava em nossas instalações como coordenadora de dados.
-Eu já tive que fazer coisas piores. -ela sorriu-. Vai dar certo, sério.
O plano inicial era nos posicionarmos em prédios, esperando pelo carro de Farid, o informante, e seus comparsas. Assim, iríamos atirar e o "faríamos falar" sobre seu chefe.
Mas, o plano de Addy era diferente, e na visão de todos, com menos riscos...apenas seria humilhante para mim.
Price e Soap me olhavam sem saber o que falar, e Ghost cruzou os braços, observando meus movimentos.
-Eu sei que é desconfortável...-Price colocou a mão em meu ombro.
-Farid é um mulherengo. -interrompeu Addy-. Nada melhor para ele, do que uma mulher. Ainda mais, uma diferente dos padrões que ele está acostumado...você só precisa jogar um charme para ele.
-Tá bem, eu já entendi! -interrompi-. Eu vou fazer isso. Mas não acho que ele vá se encantar por uma...militar.
-Isso não é problema. -Addy sorriu-. Te empresto algumas roupas no meu quarto, me siga.
Não pude falar nada, apenas ver o constrangimento no olhar dos homens enquanto Addy me rebocava do local.
O quarto de Addy era cheiroso e confortável. Em seu guarda-roupas, haviam várias peças coloridas e chamativas.
-Hm, você precisa estar provocativa. Vamos ver...-ela comentou, tirando duas peças: um cropped preto bem curto, de frente única e um shorts jeans claro.
Respirei fundo antes de vestir a roupa. Quando me olhei no espelho, me senti muito bonita, obviamente, mas desconfortável de ter que fazer tudo aquilo. A única coisa que Addy me permitiu colocar, foi um tênis minimamente confortável.
Pelo bem da missão e pelo bem da equipe, pelo bem da missão e pelo bem da equipe, vamos lá...
-Agora só um pouco de maquiagem e...
-Não! -parei seu braço-. Sem isso. Odeio maquiagem.
-Hm, certo. Vamos, então.
Acho que ela está levanto isso a sério demais...
Quando me encontrei novamente com a minha equipe, percebi que eles estavam tão desconfortáveis quanto eu. Addy parecia se divertir com a situação.
-Certo, então...-Soap engoliu a seco-. Eu, Gaz e König ficaremos em um prédio à sua esquerda, enquanto Price, Ghost e Roach ficarão à sua direta.
-Pegue isso. -Price me deu um ponto eletrônico e eu o coloquei no ouvido-. Iremos ouvir tudo.
-Ah, você precisa disfarçar melhor. -soou a voz maligna de Addy.
Ela tomou a liberdade de soltar minha trança e espalhar meus cabelos soltos, fazendo o clima ficar muito estranho.
-Tudo certo Ghost? -Soap perguntou.
-Sim, sim...melhor irmos, antes de anoitecer.
Addy nos acompanhou até o carro, e quando König me viu ficou surpreso; não por muito tempo, até saber do meu papel na missão. Seus olhos expressavam certa fúria, e, até ciúme.
-Vou ficar bem, só...vamos acabar logo com isso. -falei, sem graça.
Antes de entrarmos em um dos dois veículos disfarçados, Addy teve que soltar mais uma de suas graças.
-Ei, Price! -ela chamou sua atenção-. Limpa aí...-Addy tocou suavemente o canto de seus próprios lábios-. Você está babando.
Eu não tive onde esconder meu rosto de vergonha. As bochechas do capitão ficaram levemente vermelhas.
-Ela é sempre assim? -perguntei a Ghost.
-Não sei...ela é da Shadow Company, não conheço muito bem o pessoal deles.
Agora tudo faz sentido...
***
Quando chegamos em Tobraka, já era noite. Os homens deixaram os veículos longe e caminharam até os prédios. Estávamos em uma parte afastada da cidade, quase como um centro de prostituição.
-Não se preocupe. -Price me olhou-. Se as coisas passarem dos limites, iremos intervir.
Eu sutilmente concordei com a cabeça.
Respirei fundo indo até minha posição. Ali já haviam algumas moças esperando por algo; mas a minha chegada as deixou inquietas, tentando descobrir quem era a "mais nova" do local.
Fico imaginando quantas humilhações essas moças já passaram por um punhado de dinheiro...
-Zeta, o carro dele está se aproximando. Cinco minutos. -disse Ghost no ponto.
-Certo...-sussurrei.
Foram os cinco minutos mais longos de minha vida.
-O carro dele está chegando. Cuidado. -falou Soap.
Eu nunca fui muito atenta a carros, mas pude ver que o dele era um de alto padrão.
Enquanto ele passava em baixa velocidade, as garotas falavam coisas que eu não entendia em direção a ele, que sorria mas as ignorava.
Vai ter que ser do meu jeito.
Quando ele passou por mim, joguei um sorriso malicioso, pedindo pelo que ele poderia me oferecer. Sem palavras, apenas um gesto que o fez sair do carro, mesmo com a reclamação de seus colegas no interior do veículo.
Farid foi até mim e eu me impressionei pela forma com que ele estava trajado: camisa e calça sociais. Seu cabelo e barba bem feitos demonstravam que era um homem vaidoso. Mas, o detalhe que me incomodou foi a aliança dourada em sua mão esquerda.
-Você não é daqui.
Ele colocou seu punho acima de minha cabeça, me fazendo encostar na parede de uma casa. Seu inglês era áspero e cheio de sotaque.
-Não...mas gosto de aventuras. -o olhei sorrindo.
Deus, que nojo.
-Posso perceber...-ele apontou para a cicatriz em minha perna-. Trabalho?
-Sim, eu vivo no perigo. É o que me excita. -sussurrei.
Só mais um pouco...se controle, Megan.
-Você não deveria estar nessa ralé. -ele olhou para os lados-. Com esse seu rosto e corpo, posso te levar onde quiser...
Farid pegou em minha cintura e sussurrou em meu ouvido enquanto eu apertava os lábios, tentando liberar a tensão.
-NO CHÃO!
Price e os outros saíram gritando e ameaçando os homens de Farid, e, mais rápido do que eu poderia imaginar, Ghost saiu atrás da construção e o rendeu, que não ofereceu resistência; as moças que ali estavam saíram correndo assustadas.
Price nos disse que Farid tinha uma tatuagem escrito "Arah" em seu antebraço direito; o que foi rapidamente comprovado pelo tenente Ghost.
-Puta estrangeira...-Farid resmungou enquanto estava rendido no chão.
Ghost deu uma coronhada nele com seu rifle, furioso.
-Você vai falar, mas não agora.
-Fomos bem. -disse Price-. Parabéns, recruta.
-Obrigada...no fim das contas, nossa "amiga" estava certa.
Meu grupo levou os homens até um galpão abandonado, com vários...utensílios. König riu quando viu os homens naquela situação tão miserável.
-Eu estou inspirado para isso hoje. -ele falou, enquanto prendia um dos homens.
Roach também ficaria com ele.
-Veremos o que vamos conseguir...-Roach pegou um canivete.
A coisa vai ser feia.
-Então vamos. -Ghost pegou um fio elétrico e o apertou em suas mãos. Conseguia sentir a raiva exalando de seu corpo.
Queria poder me despedir deles, mas o tenente apenas abaixou rudemente a porta de aço, me deixando com Price e Soap.
-Hora de ir, recruta. -Soap sorriu.
-S-sim...-sussurrei.
Fiquei no carro com Price, e no caminho de volta olhava a paisagem pelo vidro, tentando imaginar o que König queria dizer com sua inspiração. E, o tenente Ghost não saía da minha cabeça...principalmente furioso daquela forma.
Balancei a cabeça, tentando afastar esses sentimentos e apenas imaginando que teríamos muito trabalho pela frente.

Don't Let Me Down.Onde histórias criam vida. Descubra agora