Receber a notícia de que eu continuaria na Task Force 141 foi o auge da minha alegria. Nada mais poderia me conter; e desta vez, prometi que não iria ultrapassar meus limites. Dessa forma, poderia trabalhar normalmente e Simon não teria que se preocupar.
A parte mais difícil foi ter que me despedir novamente de Emily e agradecê-la por tudo que havia feito por mim até então. Ela, que nunca era muito sentimental, teve que lutar contra as lágrimas.
Era incrível como tudo tinha mudado tão rápido e melhorado minha vida. Eu me sentia mais alegre ao lado dele, principalmente por tê-lo da forma que eu gostaria. As coisas já não estavam pesadas entre nós, o que me garantia tranquilidade.
-Mal posso esperar para voltar.
Eu e Simon estávamos indo para St Asaph na manhã de segunda-feira. Vê-lo dirigir relaxado e sem um peso nas costas era um grande alívio.
-Fico feliz que você esteja feliz. -Simon sorriu brevemente. Seu semblante tentava esconder preocupação.
-Se está preocupado comigo... não fique. Apenas tente pensar que consigo me cuidar sozinha. Algumas vezes... -ponderei.
-Te falta muito o senso de autopreservação. -ele respondeu, sem desviar o olhar-. Como você não morreu na escola de cadetes?
Não pude deixar de rir. Era verdade que mesmo Simon falando de forma brincalhona, pude sentir um fundo de afligimento.
-Digamos que eu sempre fui boa em deixar os problemas bem longe de mim. Talvez não tão boa, mas você me entendeu...
-Eu não duvido de sua competência. -ele sorriu-. Apenas não gostaria que você levasse outro tiro.
-Se for para te proteger de levar esse tiro... -protestei.
-Já conversamos sobre isso. -Simon estreitou os olhos-. E você parece se esquecer que ainda sou seu superior. -ele levantou as sobrancelhas, surpreso.
-Tudo bem, tudo bem. Não vou mais tentar me matar.
Ele concordou com a cabeça.
-Eu senti muito sua falta. -Simon confessou, com um pequeno sorriso.
Apertei sua mão enquanto Simon a mantinha no câmbio. Isso fez ele suspirar, aliviado.
***
Quando chegamos em St Asaph, Simon se certificou de ter sua balaclava com máscara de caveira bem colocada. Eu era a única ali a ver seu rosto até então, e ele gostaria que isso continuasse um segredo.
Passar novamente por esses corredores me traz uma sensação boa, de conforto... agora entendo o motivo de me sentir tão deslocada quando saí; eu pertenço a esse local.
Com um singelo aperto nos ombros, ele abriu a sala de reuniões, onde todos, realmente todos, já estavam. Alejandro e alguns de seus homens, Price, Soap e Gaz. Eles me olhavam surpresos, enquanto Simon se posicionava ao lado do capitão.
-Recruta Megan Taylor se apresentando para o serviço, senhores.
Ao bater a continência, Price me olhou com um sorriso, satisfeito.
-É bom tê-la novamente aqui, recruta. Mas espero que esteja bem descansada, pois temos muito trabalho a ser feito.
Concordei com a cabeça, sem hesitar. O que me deixou ainda mais alegre foi ver Soap feliz, com um sorriso gigante estampado em seu rosto.
-Você conseguiu. -ele sussurrou para Ghost, que apenas me olhou de volta. Eu sabia que ele também estava sorrindo por debaixo daquela máscara sufocante e aterrorizante.
-Eu voltei... e voltei preparada.
Abri o envelope branco com os resultados da análise, colocando os papéis sobre a mesa. Todos olhavam para as palavras escritas, tentando entender o meu ponto.
-São as conclusões das análises feitas no drone que o senhor me deu, Coronel Vargas. -olhei para Alejandro, que me encarava-. Alguém sabotou meu aparelho... E não foram encontradas inconsistências nas redes exteriores.
-Isso significa que... -Alejandro começou.
-Significa que foi alguém da nossa base no Urziquistão. -terminei sua frase.
-Mas isso é loucura e até ingenuidade. A pessoa seria descoberta muito fácil. -Gaz estranhou.
-Ou essa pessoa tem as costas quentes. -Soap me olhou. Apenas concordei.
-Alguém queria... ou quer ver os 141 mortos. -disse, um pouco tensa.
-E para completar, estamos rastreando um possível negociante de armas no México que trocou algumas informações com a Al-Qatala no Urziquistão e o Cartel Las Almas. -informou Price.
-Pode ser a mesma pessoa...? -Gaz nos olhou.
-Só iremos saber se nós juntarmos à festa. -Alejandro sorriu-. Ao México, hermanos.
Respirei fundo enquanto concordava com a cabeça.
De terroristas, agora vamos aos narcotraficantes. As coisas nunca melhoram, apenas mudam de localização... ou de pessoas.
***
Antes de dormir, resolvi fazer uma ligação aos meus pais, já que havia certo tempo que não conversava com eles. Detestava essa distância, e isso sempre me afetava indiretamente.
Ao arrumar meu notebook na pequena mesa do quarto, esperei para eles atenderem.
-Filha! -gritou minha mãe-. Oh, meu Deus, é ela, Joe!
Meu pai logo se juntou à ela, sorrindo quando me viu.
-M-mas Megan...! -a voz de minha mãe ficou trêmula enquanto me olhava-. Que cabelo é esse?!
Oh...
Me sentei na cadeira enquanto olhava para a tela do notebook, acariciando a parte raspada do cabelo.
-Você gostou, né mãe? -virei minha cabeça para que ela pudesse ver bem.
-Se você gosta... -ela desviou o olhar por alguns segundos-. Mas bem, como você está, Meg? Faz tanto tempo que não falamos com você, filha...
-Eu sei mãe, é só que muitas coisas aconteceram nos últimos tempos e eu não tive tempo para nada...-suspirei.
-Nós entendemos, Meg. -meu pai sorriu-. Espero que esteja tudo bem por aí.
-E-está! Sim, tudo ótimo, na maior tranquilidade e... paz. -engoli a seco.
-Que bom, filha. -minha mãe sorriu-. Em partes isso tem a ver com seu namorado não é?
Meus olhos se abriram e meu queixo caiu, de puro terror e surpresa.
C-como eles sabem dis... Emily, é claro.
-Emily nos contou que você está saindo com um colega do trabalho. E está tudo bem, filha, apenas pedimos que você nos mostre o rapaz, iríamos ficar muito felizes por isso e... -meu pai continuou falando, enquanto eu me sentia envergonhada.
Nunca achei que isso iria acontecer comigo. Bem, pelo menos ela não contou a história completa, o que já é uma coisa positiva.
-Certo, nós temos uma missão para fazer e...
-Aí quando acabar você irá nos trazer ele? -minha mãe perguntou, animada.
-Ah, mãe... tudo bem, pode ser. -balancei a cabeça-. Amanhã eu irei partir novamente então... liguei para dizer que amo vocês.
-Nós também te amamos. -ela falou, sorrindo-. Estaremos rezando para que tudo dê certo e que você volte inteira com seu namorado!
Mas...
-Até mais, mãe, pai.
Abri um sorriso quando eles se despediram de mim. Essa era sempre a parte mais dolorosa.
-Recruta? Está aí?
A voz do sargento Soap foi ouvida do outro lado, e rapidamente fechei meu notebook, indo até a porta.
-Oi sargento, tudo bem? -abri um pequeno sorriso.
O sargento parecia estar tão feliz por eu estar de volta.
-Sim, está tudo bem. -ele rapidamente respondeu-. Apenas quero dizer que estou... que nós todos estamos felizes por você estar de volta. -ele se corrigiu.
-E eu estou feliz por estar aqui também, sargento.
-Será que eu posso... -ele abriu os braços, fazendo menção em me abraçar.
Dei uma risada antes de concordar e apertar meus braços em volta de seu torso. O coração do sargento acelerou instantaneamente.
-Você é como uma irmã mais nova para mim, Megan. Ficamos muito preocupados com o que poderia acontecer e...
-Isso é passado, sargento. -o interrompi, me afastando um pouco e olhando em seus olhos-. Eu estou bem e vamos conseguir terminar tudo isso no México. Dessa vez, juntos.
Um sorriso iluminou seu rosto.
Nessa noite, fui dormir com a consciência totalmente tranquila.
***
No dia seguinte, estávamos nos preparando para partir para o México, e eu me encontrava um pouco ansiosa. Era verdade que em todas as missões eu estava pelo menos um pouco ansiosa, mas tudo me dava a impressão de que desta vez, nossa equipe chegava próximo do fim da linha, e esse era o motivo da minha tensão...
-Está pronta? -Simon se aproximou, enquanto eu arrumava meu equipamento.
-Estou, tenente. Só me sinto um pouco nervosa... -suspirei, cansada.
-Vamos conseguir, juntos. -ele colocou a mão em meu ombro, apertando levemente.
Seu aperto significa muito mais agora: calma, leveza e segurança. Eu sabia que Simon se preocupava comigo e agora levaria mais em conta tudo isso.
Já no avião, eu estava sentada ao seu lado, apertando gentilmente sua mão. Logicamente, não poderíamos nos dar o luxo de demonstrar mais que isso; era antiético e eu não queria que o tenente Ghost ficasse mal falado.
-Você já foi para o México antes? -murmurei para Simon.
-Primeira vez. -ele respondeu, com a voz bem fraca-. Dizem que é um país bem festivo.
-Tem a fama. -concordei.
Me aproximei um pouco mais, acariciando sua mão sob a luva. Ele parecia focado, concentrado no que deveria fazer.
Eu sei, Simon... também quero que isso acabe logo, não sei de qual forma, mas quero voltar para casa com você.
Fechei meus olhos, aguardando a chegada no destino.
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Don't Let Me Down.
Romance(PRIMEIRA TEMPORADA)>>>Quando Megan Taylor consegue sua admissão na Task Force 141, ela pulou de felicidade pelo sucesso que obteve e por seu sonho estar se realizando. O tenente Simon "Ghost" Riley, sempre taciturno, viu que a nova recruta teria mu...