Don't Let Me Down.

Leo

A viagem até a base russa de Sakhra, capital do Urziquistão, foi tranquila.
Mas era claro que a todo momento eu me perguntava sobre o que iria enfrentar no lugar.

E claro, Yuri... gostaria de vê-lo novamente. Como ele deve estar? Tenho certeza que já deve ter entrado em confronto com terroristas...

Quando chegamos e começamos a descarregar nossos equipamentos, Price foi diretamente falar com Nikolai, a quem ele se referia apenas como "Nik".

-Como vão as coisas? -Price o olhou enquanto colocava seu chapéu.

-Tranquilas até agora. -Nikolai olhou para os lados-. Os terroristas andam se escondendo nas areias...

Joseph chamou minha atenção enquanto eu observava a conversa dos dois homens.

-Vamos, Leo. -ele bateu levemente em meu ombro enquanto passava com uma caixa pesada-. Temos muita coisa para descarregar ainda.

Bufei.
Ele estava certo.

O Urziquistão era muito mais diferente do que eu havia imaginado. Não para melhor ou pior, mas... uma paisagem totalmente diferente do que eu tinha pintado em minha mente.
Para todos os lados que eu olhava, as areias engoliam prédios, automóveis e casas à distância; mesmo estando na capital, as marcas das tempestades de areia não perdoavam.
E era claro os anos da tirania no país: edifícios destruídos passando por uma lenta reconstrução em uma tentativa dos habitantes terem a vida normal de volta. Se é que isso seria possível novamente, algum dia...

Onde estávamos era um monte no ponto mais alto da cidade, ao ponto de podermos observar tudo o que acontecia abaixo de nós.
Mas a cidade tinha um toque mórbido enorme: eu tinha certeza que por onde eu pisava, terroristas e civis estavam enterrados abaixo dos meus pés.

Não conheço muito bem a história desse lugar mas o sangue parece ser uma mácula em cada um dos cidadãos do país. Grande parte deles havia perdido seus familiares e amigos em um ditadura de terror que se seguiu por anos... E até hoje o país não se encontrava totalmente livre desses invasores. Eu imagino como deve ser nascer, crescer e em alguns casos, não ter a opcão de recusar "não pegar em armas" para defender sua própria terra e as pessoas que você ama...

O termômetro marcava exatamente 41° no momento em que eu admirava a vista da cidade; e era visível como o povo europeu não havia sido feito para esse tipo de temperatura.
A enfermaria estava com alguns soldados russos que simplesmente não aguentavam o calor escaldante e seus corpos caíam a pressão. Matthew prontamente foi ajudá-los.

-Aqui foi a nossa base a um tempo atrás.

Uma voz veio atrás de mim: era o capitão que se aproximava lentamente e ficou ao meu lado.
Seu chapéu provava ser uma barreira de resistência bem útil naquele momento.

-Senhor. -murmurei e limpei o suor da testa-. É um pouco... inóspito.

Price soltou um breve sorriso.

-Aconteceram muitas coisas por aqui... O tempo passou muito rápido. -ele continuou-. Estou ficando velho.

Olhei para o rosto do capitão, discordando mentalmente de suas palavras.
O capitão Price se aproximava de seus quarenta anos e, ao meu ver, estava perfeito como deveria estar.
Claro, alguns fios brancos apareciam em sua barba, mas acredito que isso apenas dava um charme a mais para ele.

-Você não é velho, capitão. -dei um breve sorriso, e ele desviou o olhar, aparentemente sem graça.

-Isso não vai fazer você ganhar mais pontos comigo, cadete. -Price murmurou, cruzando os braços e me olhando com as sobrancelhas levantadas.