Leo

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Por mais que os dias se passassem, eu ainda sentia a mesma coisa.

Raiva pelo capitão Price? Não sei se essa é a palavra certa. Não sei sem se existe alguma palavra certa que consiga traduzir o que eu sentia por ele nos últimos dias.

Era mais que dor, menos que orgulho e arrogância.
Não era tristeza ou decepção. Era... estranho.

Tentava pensar de maneira positiva em relação ao que ele havia feito comigo em nossa última missão. Aquilo poderia ser considerado uma humilhação pública?

Ele não brigou comigo ou deu sermão. Ele estaria realmente preocupado comigo? Hm, provavelmente eu jamais teria a resposta para essa pergunta.
Eu não poderia simplesmente invadir a sala dele e perguntar o motivo dele ter feito aquilo.

De qualquer forma, meu grande apoio continuava sendo Yuri. Ele, obviamente também estava preocupado comigo, mas eu sabia o que estava fazendo.

Mas eu sou idiota, não sou? Deveria ter comunicado minhas intenções. Ah, Leonor, você não tem jeito...

Ter ficado sozinha a maior parte do tempo me ajudou a pensar e a refletir no que eu deveria fazer. Pedir desculpas ao capitão e a minha equipe parecia ser o mais sensato no momento, mas algo dentro de mim me dizia que eu não deveria fazer isso, por mais certo que fosse.

As escolhas estão se tornando cada vez mais difíceis.

***

Em uma tarde de temperatura amena, eu estava longe do alojamento, tentando colocar minha cabeça no lugar.
Havia se passado apenas a semana desde o "ocorrido" e eu ainda não conseguia esquecer o que eu havia feito.

Eu escutei passos se aproximando mas não tive coragem de ver quem era. Apenas fechei meus olhos enquanto sentia a brisa tocar meu rosto gentilmente.

-Leo?

A voz áspera de Yuri me fez abrir os olhos para vê-lo. Ele parecia tranquilo e seu rosto tinha uma feição interrogativa; ele com certeza não sabia o que eu estava fazendo naquele local.

-Oi... comandante. -suspirei e ele se sentou ao meu lado.

-Parece cansada. -ele me olhava, tentando investigar meu rosto.

-Eu... estou bem cansada. -confessei-. Os últimos dias têm sido bem exaustivos para mim.

Fiz uma pausa antes de continuar, olhando para o horizonte. Yuri me ouvia atentamente e não se importaria de esperar uma hora pela minha próxima frase, se assim fosse.

-Nunca achei que diria isso, mas sinto falta da minha casa... do meu quarto.

Yuri deu uma risada breve.

-Só sentimos falta do que um dia fez parte da nossa rotina. -ele respondeu.

-E você? Não sente falta da sua casa? Não sente falta da Rússia? -perguntei.

Nesse momento, seus olhos assumiram uma certa tristeza.

-Foi onde eu nasci e cresci. Com certeza sinto falta de casa... Mas ainda tenho problemas a resolver e se penso em ter um dia, uma vida tranquila, preciso resolvê-los.

Por alguns segundos, refleti sobre as palavras de Yuri. Suas tatuagens indicavam que ele teve um passado turbulento e eu jamais gostaria de reviver essas memórias.

-Como é a Rússia? -perguntei, olhando para ele com um sorriso.

-É um país lindo. -ele abriu um sorriso-. Há várias igrejas e palácios... E muita neve.

Don't Let Me Down.Onde histórias criam vida. Descubra agora