Megan

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Haviam se passado quatro meses desde a morte de Joseph.

Foi um golpe terrível para todos nós e em especial, quando recebi a notícia, meu corpo tremeu e não consegui reagir.
Era algo inacreditável, afinal, eu olhava para ele e via um jovem que viveria por anos e anos defendendo seu próprio país e crenças, mas, o destino quis outra coisa.

Depois desse acontecimento, Leo ficou muito mais reservada e quieta durante esse tempo, falando apenas quando achava necessário ou quando se era perguntado.
O sofrimento parecia abraçá-la todos os dias e não a abandonaria tão cedo.

E, minha consciência pesava.

Várias eram as vezes que eu conversava com Simon sobre ter o sentimento de eu mesma ter apertado o gatilho da arma que matou Joseph.

-Sinto que eu tirei a vida dele. -disse a Simon, em uma de nossas conversas.

-Você não fez isso. Meu amor, você...

-Eu falhei como líder, Simon. -o interrompi-. Não... existe consolo para isso...

Ele balançou a cabeça e me abraçou, discordando das minhas palavras.

O processo era extremamente doloroso e a dor jamais desapareceria.

Ao mesmo tempo, o sentimento mais lindo e incrível crescia cada dia mais em mim e em Simon: nosso filho se desenvolvendo era algo mais do que emocionante, e extremamente difícil de ser descrito.

Sempre ouvi que quando eu tivesse filhos, um sentimento difícil de ser explicado e maior do que tudo, cresceria em meu coração e agora eu percebia que tudo era verdade.

Era maravilhoso, diria até, que era perfeito. Ver minha barriga crescendo lentamente e sentindo que uma vida era desenvolvida em meu ventre... Não existiam palavras para um amor maior que esse.

Quando contei à Emily, ela surtou e gritou de felicidade. Meus pais abriram um sorriso enorme em seus rostos e claro,  estavam ansiosos para a chegada de um neto... ou neta.
A escolha em não saber do sexo do nosso filho foi algo que eu e meu marido decidimos em uma das consultas rotineiras.

E haviam os nomes... Hm, tantos nomes para se pensar.
Mas no fim das contas, Simon não se importava se era um menino ou menina, ou qual o nome do nosso bebê. Ele apenas estava extremamente feliz em ser pai e muito ansioso em ver o rosto de seu filho, de poder carregá-lo em seus braços e sorrir vendo-o dormir profundamente.

E, se Simon antes era cuidadoso comigo, durante minha gestação, esse sentimento de cuidado se intensificou em um grau absurdo, como se eu fosse feita de vidro.
Ele sempre se certificava de que eu estava em uma posição confortável para dormir na cama, ou se algum canto de algum móvel da casa estava equipado com protetores para que eu não me machucasse de alguma forma.
Até mesmo quando íamos fazer as compras no mercado, ele sempre ia na frente se certificando de que tudo estava certo e seguro.

No começo da minha gestação e por imaturidade, chegava a me incomodar esse comportamento de Simon.
Era lógico que eu não queria que ele não ligasse para a minha situação, mas eu estava grávida, e não doente.
Mas depois de refletir um pouco... Era tudo justificável. Simon havia perdido sua família por completo e estar restaurando isso para ele era algo imensurável.

***

Depois que Makarov sumiu do nosso radar, Simon e eu decidimos nos mudar para outro lugar de Manchester.
Por mais que Simon fosse uma verdadeira rocha e aguentava tudo na maior parte do tempo sem expressar sentimentos, pude perceber que a mudança o afetou muito. Ter criado raízes na casa que conviveu por tanto tempo, tinha um significado especial para ele, por isso, a despedida foi de certa forma, bem dolorosa.

Don't Let Me Down.Onde histórias criam vida. Descubra agora