Don't Let Me Down.

Melodias

St Asaph havia se tornado um dos meus locais favoritos. A maioria dos soldados que trabalhavam na base, também moravam na cidade, e eu não via problema em também começar a procurar por alguma casa nas redondezas.
Eu amo Liverpool, é verdade... mas depois de conhecer os 141, meu amor pela simplicidade que St Asaph poderia me fornecer aumentou. Era totalmente diferente da agitação urbana que muitas vezes, me deixou stressada.
***
Dei um longo suspiro pós terminar de trabalhar com dados da Inteligência, ainda no final da tarde.
Estou ficando boa nisso. Mesmo com a minha mente tão distante...
Eu simplesmente não conseguia parar de pensar no fatídico dia de amanhã: o tão temido sábado onde meus pais enfim conheceriam Simon.
Por que me sinto tão nervosa? Uh, droga... Era para eu estar calma, sem me sentir pressionada, já que os dois lados parecem relaxados. Simon aceitou isso tão facilmente e parece mais tranquilo do que eu, que não paro de pensar que tudo pode dar errado. Por que sou tão tonta?
Interrompendo meus pensamentos, senti uma mão pesada pousar em meu ombro, me fazendo virar para olhar quem era: o inconfundível tenente Ghost e sua balaclava de caveira.
-Tudo bem? -olhei para ele com um sorriso.
-Sim. -ele acenou com a cabeça-. Apenas gostaria de convidá-lo para algo.
Abri um sorriso curioso.
-Hm, fiquei curiosa agora. Qual seria o convite, senhor Riley? -apoiei meu rosto em minhas mãos.
-Bem... -ele coçou a nuca-. Para a minha casa. Claro, se você não quiser...
-É claro que eu quero. -respondi antes mesmo dele terminar sua frase. Os olhos de Simon brilharam.
-E então amanhã vamos na casa dos seus pais? -ele levantou o queixo.
-Sim... Mas você ainda pode desistir, não cobrarem nenhuma taxa. -segurei o riso.
-Ufa, que bom.
Dei um leve soco em seu ombro, balançando a cabeça.
Senti falta desse contato normal que tinha com Simon... Todos esses problemas nos afastaram um pouco, mas o amor sempre nos aproxima novamente.
Antes dele sair, fiquei o observando, encarando-o diretamente em seus olhos, sem piscar.
-Por que está me olhando desse jeito? -ele levantou a sobrancelha.
-Apenas senti falta de te observar dessa forma, de um jeito calmo... Sem ter que ficar ansiosa e esperando ordens. -sorri.
-Há tantas coisas bem melhores para olhar...-ele estreitou os olhos.
-E você é a única que me interessa. -falei, acariciando gentilmente sua mão.
Percebi que ele havia ficado sem jeito. Simon nunca foi muito bom em receber elogios; ele nunca conseguiu lidar bem com isso, seja lá qual for o elogio que eu havia feito.
-Bem, ainda faltam cinco minutos para o meu expediente acabar. -olhei no relógio do computador, que marcava 6:55.
-Eu espero pacientemente.
Sem ter chance de respostas, ele se virou e foi para outro local, me deixando confusa. Exatos cinco minutos depois, ele voltou, me fazendo rir.
-Vamos, então. -sorri.
Após arrumar minhas coisas e colocar na mochila, saímos do local, mas não sem antes se despedir do sargento Soap.
-Tchau, Megan! Tchau, Sisi!
O apelido de Simon sendo proferido por Soap fez o tenente segurar a respiração, por nervosismo e vergonha.
Soap deu algumas risadas enquanto eu peguei no braço de Simon para levá-lo até o lado de fora. Ele apenas balançou a cabeça enquanto retirava sua balaclava e entrávamos no carro.
Ele com certeza está com um problemão agora. Bem, agora e para quase sempre... Soap não irá desistir tão fácil desse apelido tão... inovador.
***
O trajeto até a casa de Simon foi tranquilamente perfeito. Ele não gostava de ouvir muitas músicas, dizia que a cabeça dele não era feita para melodias e essas coisas... Eu o entendia de certa forma, já que há muito tempo não tinha nem tempo de aproveitar músicas que eu amava na adolescência ou quando eu era criança.
Mas, com ele, até o silêncio era perfeito e confortável.
Quando chegamos em sua casa, uma chuva fraca havia começado. Simon colocou o carro na garagem e ainda abriu a porta para mim.
-Que cavalheiro. -abri um sorriso.
-Sou o que você quiser. -ele piscou, convencido.
Eu te amo, bobo.
***
Quando me dei por conta, já estava no banheiro, tomando um bom banho quente com Simon.
É simplesmente maravilhoso, perfeito, sentir o corpo de Simon tão perto... por mais que ele seja enorme, é como se encaixasse perfeitamente em mim. Eu nunca me cansaria do seu toque que me deixava com a pele arrepiada.
-Senti tanta falta de tocar você. -ele sussurrou acariciando meus ombros, enquanto me encostava na parede úmida e fria.
-Agora podemos ter um ao outro sem pensar no amanhã. -respondi sorrindo-. Na verdade teremos que pensar, mas você me entendeu...
Sua resposta foi uma risada breve.
-Apenas tente relaxar. -ele suspirou e então beijou suavemente meu pescoço, dando leves mordidas-. Eu amo você, Megan.
-Eu também te amo. E jamais cansarei de dizer isso.
Com um beijo em minha testa, terminamos de tomar nosso banho. Quando nos vestimos, ele disse que gostaria de comer algo diferente na noite.
-Você gosta de comida japonesa? -ele perguntou. Nos sentamos lado a lado no sofá enquanto ele observava a tela do celular.
-Hm... detesto peixes e derivados. -encostei minha cabeça em seu ombro-. Se você quiser, posso cozinhar.
-Não é justo com você, está na minha casa. -ele levantou a sobrancelha-. Eu sinto muito por não saber cozinhar... até sei, o mínimo, mas nada algo que seja digno de um jantar romântico...
-Não sinta por isso, Simon. -acariciei suas costas com as pontas dos dedos-. É algo que eu posso te ensinar. Você será um ótimo aprendiz, tenho certeza.
-É por isso que eu te amo tanto. -ele deu um beijo em minha bochecha-. Irei tentar meu máximo.
-Eu sei que sim. -sorri-. O que acha de uma pizza hoje? Quero algo bem calórico...
-Claro, eu adoraria também. -ele sorriu.
Após alguns cliques em seu celular, uma pizza seria entregue em sua casa.
-Certo. -ele se levantou-. Farei um suco bem gelado para nós dois.
Dei um sorriso ao vê-lo sair. Quando percebi que seu celular ainda estava desbloqueado no braço do sofá, e sorrateiramente, cliquei em um aplicativo de música.
Olhei novamente para Simon, que parecia bem distraído na cozinha enquanto tirava a casca de um abacaxi.
-Hm. -olhei para uma música em específico na tela do celular-. Eu gosto dessa música.
Ao clicar nela, o som ressoou pela casa inteira. As batidas graves da música ecoavam; haviam pequenos alto-falantes que "distribuíam" o som pelos cômodos, o que era bem confortável. Nesse momento, Simon me olhou, confuso.