Leo

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Dia após dia, eu sentia a névoa começar a se dissipar em minha vida.
Durante todos esses anos eu senti que estava caminhando por um caminho nebuloso, por estradas cobertas por neblinas, até encontrar meu caminho, com ajuda.

As notícias sobre os ataques terroristas de Makarov não apareciam mais nos noticiários, dando lugar a entrevistas das autoridades policiais, sempre dizendo que estavam atrás dele e reforçando as buscas e o policiamento.

Muitas vezes, em minha mente perturbada pela ausência de meu pai, desejei poder ter alguns minutos uma conversa com Makarov.
Uma conversa não sobre atos terroristas ou bombas ou exércitos, mas uma conversa sobre... ele mesmo. O homem por trás de todo esse sofrimento.
Nesses momentos, o pensamento que mais me machucava, era de que ele poderia ter simplesmente abandonado tudo isso anos atrás e ter ido me procurar.

Mas eu percebi que isso e nada tinham o mesmo valor para ele; afinal ele parecia querer alguém ao seu lado que apenas concordasse com tudo o que estava sendo feito.
Algo contra a humanidade.
Algo contra os meus princípios.

Desse modo, resolvi pedir um breve afastamento de um mês das minhas funções militares na base dos 141, mas ainda assim iria trabalhar remotamente durante esse período.

-Sentirei falta de sua presença por aqui. -disse o sargento Soap no momento.

-Eu voltarei em um mês, senhor. -respondi com um pequeno sorriso nos lábios.

-Nem um dia a mais. -ele estendeu o punho, para que eu tocasse.

-Nem um dia a mais. -concordei, tocando seu punho.

De uma forma ou de outra, eu ainda me sentia como de estivesse afundando, mas não por falta de vontade de querer retornar a superfície, mas talvez por já ter me acostumado a ficar no fundo do poço.

Meus tios, principalmente minha tia, me indicava quase toda semana, fazer uma terapia psicológica para tentar recuperando pouco a pouco, a pessoa que eu era antes de eu entrar no exército.

Jamais voltarei a ser aquela pessoa, mas também, jamais irei dizer isso à ela e transmitir esse sentimento negativo e derrotista. Por mais que eu o sinta todos os dias...

Mas havia uma luz me guiando no meio dessa escuridão; uma luz que estava comigo desde o começo e que não me abandonaria de forma alguma.

John Price.

Pronunciar seu nome para mim virou algo quase sagrado, demonstrando sua importância em minha vida e a diferença que ele fazia em meu caminho.
Quando eu o via, sentia todo o peso simplesmente cair dos meus ombros e seu sorriso inundava meu coração da mais pura felicidade.

Seu sorriso, seus abraços, seu toques que fazem minha pele arrepiar... Era algo extremamente maravilhoso, na verdade, extraordinário.

Price significava o meu melhor, a minha verdadeira vitória sobre os meus medos e pesadelos.
Ele me entendia e buscava compreender minha dor, por mais difícil que seja.
Era ele a quem eu recorria quando necessitava de um apoio e ele me chamava quando precisava se acalmar e se distrair do trabalho stressante.

De algum jeito e por algum motivo, o destino nos uniu, nos deixando a cada toque e a cada palavra proferida, mais próximos um do outro.

***

Em um final de semana frio e com garoa, me encontrei com Matthew em um shopping no centro de Londres, para poder relaxar um pouco, longe do trabalho.

Ficamos em uma mesa, em uma cafeteira que estava um pouco movimentada, enquanto esperávamos nossos pedidos.

Don't Let Me Down.Onde histórias criam vida. Descubra agora