Business Woman (Malila)

23.

Pov Marília

Acordo com o barulho do meu despertador, tocando repetidamente, várias e várias vezes, mas parece que só eu que me incômodo com esse barulho, já que Maraisa nem parece estar ouvindo, dormindo pesado, hibernando nós meus braços. Eu estico um pouco meu braço e desligo o despertador, vendo que já está na hora de mim ir trabalhar.

- Amor... bom dia... eu preciso ir trabalhar - Falo tirando os fios de cabelo do seu rosto.

- Eu estou doente - Ela resmunga e me abraça com mais força - Você tem que cuidar de mim.

- Você está doente? - Pergunto rindo e ela finge uma tosse, fazendo eu revirar meus olhos pelo seu drama - Maraisa, você não está doente.

- Estou sim - Ela fala ainda com os olhos fechados - Você tem que ficar, hoje é a sua folga.

- Não é não, amor, é amanhã.

- É hoje e amanhã.

Sei que ela não vai me soltar tão cedo, então apenas mando uma mensagem para o Gustavo ir cuidando das coisas que amanhã eu resolvo o resto. Maraisa volta a dormir profundamente e eu me pergunto como alguém consegue dormir tanto, já que não importa o horário, se ela estiver comigo, a morena dorme por horas. Eu passo minhas mão pela sua bochecha e deixo um selinho na sua boca, ouvindo seu resmungo irritado por estar atrapalhando seu sono. Eu tiro seus braços da minha cintura e saio dos seus braços devagar, saindo do quarto, para fazer seu café da manhã.

No corredor eu admiro o bom gosto de Maraisa com decoração. A sua casa é totalmente requintada, as decorações são caras, os quadros de pintores renomados, uma verdadeira casa de luxo. Nas paredes do corredor, tem as suas medalhas ao longo dos anos e eu percebo que só está sendo exposta medalhas que ela ficou em primeiro lugar, não tem uma de segundo ou terceiro, nenhuma. As vezes fico na dúvida se ela realmente gostava de correr ou era mais uma coisa que seu pai obrigava ela a fazer.

Continuo andando e passo pelos seus quadros de quando ela era bebê e não consigo parar e não admirar. Passo a ponta dos meus dedos e vejo como ela era fofa e sorridente, o sorriso não mudou nada, ainda é a mesma coisa, arrancando um sorriso bobo dos meus lábios.

- Você gosta dessas fotos - Maraisa resmunga se aproximando - Por que?

- Não sei... gosto de crianças.

Ela se aproxima de mim e me abraça, fazendo eu deitar a minha cabeça na sua.

- Você vai ser uma ótima mãe, Lila - Ela fala me olhando - Tenho certeza disso.

- É... um dia talvez - Falo deixando um selinho na sua boca - Se eu quiser adotar talvez.

- Você não pode engravidar? - Maraisa pergunta com a voz baixa e eu percebo a sua insegurança de me perguntar.

- Eu posso... mas meus óvulos não funcionam como deveriam e isso dificulta bastante.

Maraisa me olha apreensiva e concorda com a cabeça, me abraçando com mais força. Continuo olhando para as suas fotos e eu quero viver isso com ela, mas não posso falar assim, Maraisa provavelmente vai ficar assustada e achar muito cedo.

- Você vai conseguir - Ela fala com a cabeça no meu peito - Sei que vai.

Me afasto dela um pouco e seguro a sua mão, deixando um pequeno beijo na sua aliança.

- Vem, eu vou fazer seu café da manhã - Falo puxando ela pela mão.

Fomos para a cozinha e eu pego as coisas na geladeira, para preparar algo para nós duas. Faço ovos mexidos, torradas e café e coloco na sua frente, me sentando do seu lado logo em seguida

- Lila... você sabe que se um dia você quiser... eu posso doar meus óvulos para você - Ela fala tímida olhando para o prato - Não sabe?

- Eu sei, meu amor - Sorrio de lado e tiro os fios de cabelo do seus olhos - Mas agora eu só quero cuidar de você.

- Você é a única pessoa que faz isso, Lila.

- E eu faço com prazer, amor - Falo selando nossos lábios - Eu vou cuidar sempre de você.

- Promete?

- Prometo, meu amor...

///

- Eu não estou entendendo - Gustavo fala pela chamada - Estamos lucrando mais do que deveria e em uma velocidade muito alta.

- Eu também não estou entendendo - Falo olhando para o gráfico que ele me mandou - Estamos... crescendo muito rápido.

- Não lançamos produtos novos ou qualquer coisa diferente para obter esses números.

- Você consegue verificar isso? - Pergunto totalmente preocupada - Algo esta errado nesses números.

- Eu posso ver...

Gustavo começa a ficar preocupado e eu levanto meu olhar, encontrando Maraisa irritada com o seu pulso enfaixado, arrancando uma risada gostosa da minha boca.

- O que foi, Mara? Você machucou mais ainda?

- Nada - Ela responde irritada - Não é nada.

Desligo a chamada e me aproximo dela, pegando seu pulso em mãos.

- Está doendo? - Pergunto preocupada - Você quer ir no médico?

- Eu quero tirar - Ela fala me olhando - Já está bom, não preciso usar mais essa faixa.

- Precisa.

- Não.

- Maraisa, para de ser teimosa.

Ela me olha brava e tira seu pulso da minha mão, brava comigo. Eu seguro seu rosto e deixo um selinho longo na sua boca.

- O que você e o Gustavo estavam conversando? - Ela pergunta me olhando - Você parecia preocupada.

- Problemas na empresa - Dou de ombros e sento na sua frente - Nada mais importante do que você.

- Sua empresa é importante, Lila...

Nego com a cabeça e seguro seu rosto, dando outro selinho na sua boca, sorrindo ao ver seus olhos focados em mim. É muito estranho com passamos de fase de implicância uma com a outra, para a fase de carinho e troca de cuidados, na minha opinião a melhor fase. Aquilo que provamos quando estamos apaixonados talvez seja o nosso estado normal. O amor mostra para as pessoas como elas deveriam ser sempre.

- Não quero que você deixe as suas coisas de lado por mim, Lila - Ela fala chateada - Sua empresa é importante.

- Maraisa, minha empresa está bem - Falo segurando seu rosto - Eu sei administrar as coisas, eu quero cuidar da minha namorada, não entendo porquê você não deixa.

- Eu deixo... mas eu não quero te atrapalhar e você deixar as suas coisas de lado.

- Por que você acha que iria me atrapalhar em algo, amor?

- Porque... porque eu sempre ouvi que atrapalho, Lila...

Traumas.

Maraisa sofreu muito a vida inteira, preciso ter muita paciência e calma para os seus gatilhos e medos, sempre. Eu aproximo mais meu corpo do seu e selo nossos lábios.

- Mara, eu te amo mais do que qualquer outro pessoa que eu já me envolvi - Falo alisando seu rosto - Eu quero cuidar de você, porque me faz bem, porque eu me sinto bem quando você está bem.

- Eu também me sinto bem quando você está bem.

- Isso que é amor... você ficar feliz pelo bem-estar do outro.

Maraisa concorda com a cabeça e me abraça com força e eu sinto as suas lágrimas molhando meu ombro, ouvindo seus soluços baixos.

- Mara...

- Não quero me separar de você, Lila - Ela fala com a voz embargada - Tudo era muito ruim sem você.

- Por que nós iríamos nos separar?

Maraisa afasta um pouco e eu vejo seus olhos cobertos por lágrimas e seu semblante receoso.

- Porque sim, Lila...

- Ninguém nunca vai me tirar de você - Sussuro selando nossos lábios - Nunca.