{Cinco meses depois...}
Pov Maraisa
- Lila... deixa eu te aju-
- Eu não tenho nada - Ela fala com a voz embargada - Não tenho roupas mais, meus vestidos apertam, minhas calças não fecham, minhas camisetas viram sutiãs e eu não consigo colocar meias, ou olhar meus pés, eu só sei que eles estão doendo, mas eu não sei se eles estão bem, porque eu não consigo vê-los.
Respiro fundo e fecho a nossa mala de viagem, tirando da cama e colocando na porta do nosso quarto. Estamos atrasadas para ir viajar para a confraternização que acontece uma vez ao ano, mas é difícil organizar as coisas quando a minha noiva, ao longos dos meses, ficou completamente mimada e chorona e não ajuda em nada e não me deixa fazer nada, já que ela quer que a minha atenção seja totalmente dela.
Marília está sentada na cama, com os olhos cheios de lágrimas, vestindo apenas um moletom largo e uma calcinha, já que é assim que ela se veste todos os dias, não importa se está calor ou frio, Marília vai estar de moletom e calcinha.
- Eu comprei alguns vestidos para grávidas - Falo abrindo seu guarda roupa - Eu comprei ontem, tenta vestir um desses.
- E se não irmos? - Ela pergunta com as lágrimas caindo dos seus olhos - E se ficarmos e você massagear meus pés?
- Precisamos ir, meu amor - Me aproximo dela e seguro seu rosto - Essa confraternização em Paris só acontece uma vez a cada ano e é importante para a sua empresa.
Marília apoia a cabeça na minha barriga e começa a chorar, pela dor nas costas que ela está sentindo, mas também sei que grande parte do seu choro é puro drama.
- Você quer tomar um banho? - Pergunto beijando a sua cabeça - Eu faço uma massagem nas suas costas e te ajudo a se trocar depois.
- Se for só um banho eu não quero - Ela resmunga com a voz embargada.
- É só banho porque estamos atrasadas.
- Chata.
- Lila... eu estou ouvindo.
- O jatinho espera - A loira me olha brava.
- Não é bem assim que funciona, minha vida.
- É sim.
Reviro meus olhos e levanto seu rosto, fazendo ela me olhar com um bico enorme no rosto. Eu apenas deixo um selinho longo na sua boca e aliso a sua bochecha, rindo do seu humor.
- Vamos tomar banho, amor... - Falo puxando ela pelas mãos.
Assim que entramos no banheiro, eu tiro seu moletom e tento me concentrar em não grudar ela na parede e ter ela aqui mesmo, principalmente porque na gravidez parece que seu corpo ficou mil vezes mais maravilhoso, mesmo já sendo perfeito. Entramos no chuveiro e eu abraço Marília por trás, levando minhas mãos para a sua barriga que está grande pela gravidez, já que estamos no último trimestre.
Eu me afasto um pouco e beijo seu ombro, antes de virar ela de frente para mim. Marília segura meu rosto e morde meus lábios, tentando fazer de tudo para nosso banho não ser apenas um simples banho.
- Lila... vamos nós atrasar - Sussuro na sua boca.
- Eles esperam - Marília fala autoritária na minha boca - Mas eu não.
Me sinto hipnotizada toda vez que sua boca está tão perto dos meus olhos, porque eu não consigo parar de olhar. Minha noiva sorri com isso e começa um beijo lento, enquanto eu levo minha mão para o seu seio.
///
- Estamos atrasadas - Marília briga comigo ao entrarmos no aeroporto - Sua culpa.
- Eu disse que iríamos atrasar - Falo incrédula - E você quis mesmo assim trasar no banho, isso é culpa das duas.
- Você não pode me culpar - Ela se defende rapidamente - Eu estou grávida e seu filho está chutando a minha coluna.
Olho para ela brava e Marília cruza os braços, mais brava ainda. Eu apenas ignoro e continuo levando nossas malas até o embarque. Assim que entramos no jatinho, Marília senta longe de mim e espera que eu sente junto com ela, mas eu não faço, apenas fingo indiferença até ver aonde ela vai, mas não demora cinco minutos para ela resmungar irritada e sentar do meu lado, passando as pernas em cima de mim e deitando com a cabeça no meu ombro.
- Quero carinho e beijinhos - Ela resmunga pegando a minha mão e colocando nas suas pernas.
- Quer a coberta que eu trouxe também, amor?
- Quero...
Pego a coberta que eu trouxe especialmente para a minha loira e cubro nós duas, enquanto o avião decola. Marília entrelaça as nossas mãos por baixo da coberta e passa o nariz no meu pescoço.
- Mara... Léo está chutando - Ela sussura me olhando.
Eu afasto um pouco as cobertas e coloco a mão na sua barriga, sentindo os chutes do meu pequeno, arrancando sorrisos bobos do meu rosto.
- Oi, Léo... - Falo beijando a barriga da minha noiva - A mamãe está aqui.
- Ele está se mexendo muito - Marília fala baixinho - Quando ele se mexe dói bastante.
- A médica disse que não é contração - Tento acalmar a minha mulher - Ele não está previsto para essa semana.
- É...
Marília volta a deitar a cabeça no meu ombro e não demora muito para pegar no sono, abraçada com meu braço. Eu cubro a janela e beijo a sua cabeça, apoiando a minha cabeça na sua, fechando meus olhos para dormir junto com ela.
É tão estranho pensar que a um ano atrás, estávamos nos conhecendo, eu sofria constantemente com os abusos psicológicos do meu pai e não me via fora dessa realidade. Mas durante um ano, eu consegui me curar, saí das garras do meu pai, construí um relacionamento cheio de amor, tenho a minha ONG e agora estou ansiosamente a espera do meu filho. Claro, teve as partes ruins, mas elas se tornam tão pequenas comparados ao que estamos vivendo agora, que se tornam pequenas, mas não insignificante, até porque não são, até as dores nós trouxeram até aqui.
- Mara... não solta a minha mão - Marília pede baixinho, ainda com os olhos fechados.
- Desculpa, meu amor - Sussuro entrelaçando as nossas mãos - Não vou soltar mais.
///
- Mara... amor, chegamos - Marília me acorda com vários beijos no rosto - Chegamos no hotel.
Abro meus olhos com dificuldade e vejo que chegamos no hotel mais conhecido de Paris. Ajudo a minha noiva a descer do carro e pego as nossas malas, enquanto subimos para o nosso quarto. Assim que entramos no quarto, Marília tira sua blusa de frio e deita na cama, colocando seus pés para cima.
- Léo está me dando enjoos - Ela fala com os olhos fechados - E está me dando pontadas toda hora.
- Você não acha que é melhor ir no médico, amor? - Pergunto tirando as roupas das nossas malas e guardando.
- Não, amor, está tudo bem.
Me aproximo dela e coloco seus pés em cima da minha perna, enquanto eu massageio seus pés, recebendo seus suspiros satisfeitos. Sua barriga está perfeita, cuidamos direitinho e está radiante. É tão estranho que esses nove meses passaram em um piscar de olhos que em poucos dias nosso pequeno vai estar nos meus braços.
- Eu estou com a sensação que deveríamos ter trazido as roupas da maternidade do Léo, Lila - Falo pensativa - E se...ele nascer antes da hora?
- Não... não vamos pensar assim - Marília resmunga com os olhos fechados - Só... não vamos pensar nisso agora.
- Tudo bem, amor...
Eu ajudo a minha noiva a trocar de roupa e coloco um pijama confortável nela, antes de fazer o mesmo comigo. Assim que deito com Marília, ela se encolhe nos meus braços e deita a cabeça no meu peito, reclamando baixinho de dor.
- Lila... acho que deveríamos ir no médico.
- Não, amor... está tudo bem.
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Business Woman (Malila)
FanfictionMarília Dias Mendonça e Carla Maraisa Henrique Pereira, duas mulheres fortes e ambiciosas, se encontram em um conturbado jogo de tabuleiro, aonde quem derrubar mais peças ganha. Elas só não esperavam que uma chama dentro dos seus corações iriam se a...