Pov Narrador
O amor...
Supostamente, o amor é lindo, o amor é perfeito, confortável, cheio de beijos, abraços, cheiros, o amor é paz. Nele existe flores, romance, sem brigas, como um verdadeiro conto de fadas. O príncipe salva a princesa e eles vivem um grande e eterno felizes para sempre, mas é uma pena...porque isso é apenas no supostamente.
Na realidade, amar alguém pode ser doloroso, porque o para sempre, não existe. Quando você diz "eu te amo eternamente", o eternamente só vai ser eterno naquele momento, porque não somos capazes de amar.
As pessoas dizem que amam a chuva, mas quando começa a chover, procuram um guarda-chuva. As pessoas dizem que amam o sol, que amam o calor, mas em dias de altas temperaturas, procuram uma sombra para se esconder do sol. Pessoas dizem que amam o o frio, mas no inverno, são as primeiras a se cobrirem de blusas e roupas. As pessoas não amam, elas amam apenas sensação de ter.
Maraisa cresceu sem amor, a sua vida foi baseada em crescer abraçando a dor, tendo ela como sua única amiga e companheiro, vivendo em um ciclo vicioso de afastar as pessoas, achando que todos iriam levá-la para o começo, que é a dor, como se todos fossem machucá-la de alguma forma, e até então, estava "tudo bem", mas um dia ela conheceu uma pessoa, uma loira mascarada, que em poucos duas, se tornou a pessoa que ela mais iria amar na vida. Mas diferente de muitas pessoas que dizem amar, mas gostam apenas da sensação, Maraisa realmente ama Marília, com a sua alma.
Infelizmente, ela cresceu com uma pessoa abusiva, que deixou sequelas na sua vida, que se mostram nas suas atitudes, cada milésimo de segundo, mas ela nunca tinha percebido, até que a raiva e o nervosismo, controlou seu corpo e ela ao ser grossa e estúpida, com a única pessoa que queria ajudá-la, ela viu o reflexo do seu pai nas suas atitudes. E então na sua cabeça, a melhor decisão, era afastar Marília, porque como seu pai a machucou a vida inteira com palavras e atitudes, ela jamais iria se permitir fazer isso com a mulher que ela seria capaz de dar a vida.
Eu concordo que é clichê dizer que quem ama deixa ir, mas é a mais pura verdade. Você só percebe que realmente ama, quando prefere ver a pessoa longe mas feliz, do que perto mais triste, esse é o amor verdadeiro, porque de longe você não tem a sensação da pessoa estar ali, mas isso não impede de você ainda querer seu bem.
Perto das nove da manhã, Maraisa ainda está tentando voltar ao seu limite de antes, já que a única coisa que acalma os seus nervosos é a corrida. A esteira está em alta velocidade, se ela dar um passo em falso, um acidente pode ser causado, mas ao sentir seu pé dormente, a morena desliga a esteira e mexe seu pé, na esperança que ele volte ao normal.
- Puta merda - Maraisa geme de dor.
Seu corpo está extremamente suado, seu coração batendo mais rápido do que o normal, suas mãos firmes nas laterais da esteira, enquanto sua cabeça está baixa, respirando fundo, tentando se acalmar.
Ela mal consegui dormir a noite inteira, simplesmente porque a loira não saiu dos seus pensamentos. Maraisa não quer tratar mal a sua namorada, não quer machucá-la, mas as vezes sente que não consegue controlar seus impulsos defensivos.
Maraisa afasta esses pensamentos e liga a esteira novamente, voltando a correr. Essa é a sua única válvula de escape no momento, mesmo que seu pé esteja doendo muito, é melhor do que se cortar e deixar sua família preocupada, muito melhor.
Na sua cabeça, ela não precisa de ajuda, até porque a vida inteira ela foi assim, mal sabe ela que na vida inteira ela precisou de ajuda.
Pedir ajuda não é sinônimo de fraqueza, é valioso, é sinal de sabedoria, até porque tem que existir sabedoria para pedir ajuda, precisa ter sabedoria para entender que você não está bem.
Se você precisa de ajuda, abra o jogo, seja franco, fale a verdade, diga seus sentimentos, medo, principalmente se o medo estiver falando mais alto na sua cabeça, seja sincero. Peça ajuda da sua família, acredite que eles vão te tirar do prédio em chamas, que é a sua cabeça, mesmo que você não esteja vendo a saída.
Mas infelizmente, Maraisa não entende isso, mesmo que Marília tenha de todas as formas mostrar como ajuda pode ser valiosa e os piores pensamentos continuam voltando para a sua cabeça, de uma forma totalmente avassaladora. E ela aumenta a velocidade da esteira, tentando esvaziar a sua mente, mesmo que correr não esteja adiantando muito ultimamente.
Mas quando ela vai dar o seu próximo passo, seu pé acaba torcendo e Maraisa caí da esteira, batendo as costas e a cabeça, antes de ser jogada para longe, caindo de bruços no chão, totalmente desacordada...mas não sozinha.
Ela nunca mais esteve sozinha.
Luísa soube da discussão do dia anterior e decidiu ir ver como a sua cunhada está, a pedido da sua irmã, que também passou a noite em claro, pensando se a sua namorada estaria bem. Assim que ela chega, Luísa toca a campainha várias vezes, mas não obtém resposta, o que deixa ela totalmente nervosa.
" - Lila... não acho isso ético - Luísa fala para a sua irmã - Eu não posso ficar.
- Eu preciso garantir, não posso correr o risco - Marília fala colocando a chave na sua mão - É só se você achar que ela está em alguma situação de risco, ou algo do tipo.
- Certo..."
Luísa mesmo odiando essa ideia, ela pega a chave do seu bolso, abrindo a porta devagar, desejando com todas as suas forças que Maraisa esteja bem. Luísa procura por Maraisa no andar de baixo, não encontrando nada, procura por ela no andar de cima, mas Maraisa não está. Então para Luísa, Maraisa não está em casa, ela não tem conhecimento da academia particular da morena no subsolo, a loira respira aliviada da morena não estar ali, mas quando ela vai embora, é como se fosse uma pequena voz, dizendo para ela ligar para a sua cunhada, antes de ir embora.
Luísa liga para Maraisa e escuta um celular tocando, até que ela segue o som e acha uma porta, que ela nunca tinha parado para ver. A loira desce as escadas devagar e sente um arrepio, passando por todo o seu corpo, ao ver Maraisa desacordada no chão. Ela saí correndo para ver a mulher, virando ela de barriga para cima, levando sua mão para o seu pescoço, procurando seu batimento, vendo que está baixo, quase insuficiente.
- Mara... não vai isso comigo - Ela sussura baixinho - Não faz isso.
Luísa pega seu celular e liga para o hospital, pedindo para virem o mais rápido possível.
- Ela está respondendo? - O paramédico pergunta pela chamada.
- Não... ela está desacordada - Luísa fala entrando em dessespero - Não está respondendo.
- Nós já estamos indo.
Assim que eles desligam, Luísa tenta de todas as formas acordar Maraisa, mas nada funciona, mas em poucos minutos, os paramédicos chegam, entrando na casa rapidamente e seguindo as instruções de Luísa, para chegar na academia.
- Vamos levar ela para o hospital - Um homem fala para ela - Você vai ter que ir com a gente.
Ela concorda e segue os paramédicos até a ambulância, com as lágrimas descendo dos seus olhos, vendo os médicos cuidarem de Maraisa, até que seu coração volte a bater normalmente.
- Ela estava no protocolo de suicídio? - Ele pergunta vendo os pulsos com os cortes quase cicatrizados de Maraisa.
- Estava...
- Ela deve ter tentado novamente, provavelmente vão internar ela.
Luísa começa a entrar em dessespero, pensando em como Marília vai reagir. Assim que eles levam Maraisa para dentro do hospital, Luísa liga para a sua irmã, ela é a única pessoa que pode impedir de internarem a mulher.
- Oi, Lu... - Marília fala pela chamada.
- Lila... você precisa vir para o hospital - Ela fala rapidamente - Maraisa... Maraisa precisa de você.
- O quê? O quê aconteceu, Luísa?
- Eles vão internar ela, Lila, acham que ela... tentou novamente.
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Business Woman (Malila)
FanfictionMarília Dias Mendonça e Carla Maraisa Henrique Pereira, duas mulheres fortes e ambiciosas, se encontram em um conturbado jogo de tabuleiro, aonde quem derrubar mais peças ganha. Elas só não esperavam que uma chama dentro dos seus corações iriam se a...