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Pov Marília

- Lila, se acalma - Maiara pede tentando me segurar - Você não pode se estressar.

- Eu não consigo ficar aqui enquanto eles não trazem notícias da minha namorada - Falo totalmente nervosa - E se eles decidirem internarem ela de uma vez? E levar ela para longe? Como vamos tirá-la de lá?

- Não é assim que funciona, Lila - Luísa fala me entregando um copo de água - Provavelmente você ou a Maiara vai ter que assinar, permitindo que levem ela.

Nego com a cabeça e bebo o copo de água de uma vez, enquanto todos os nervosos do meu corpo se contraem, me deixando totalmente nervosa, ansiosa, angustiada e apreensiva. Saber que a minha mulher talvez tenha tentado acabar com a sua vida novamente, me deixa extremamente dessesperada, porque na minha cabeça não saí o questionamento: e se ela tivesse conseguido?

Eu perderia a grande paixão da minha vida, a única pessoa que eu amei a vida inteira, perderia a mãe do meu filho, perderia a minha futura esposa, minha vida iria junto com ela. Mas ao mesmo tempo, que não paro de chorar, de me sentir estressada e com medo, nosso pequeno filho ainda na barriga, me mostra que eu preciso continuar, não só por mim, por ela ou pelo nosso filho, eu preciso continuar lutando pela nossa família.

- Vocês são a família da Maraisa? - O médico pergunta se aproximando - Carla Maraisa Henrique Pereira?

- Eu sou a irm- Maiara tenta falar.

- Eu sou a namorada dela - Atropelo Maiara rapidamente - Eu quero ver ela agora... por favor.

O médico abre a ficha de Maraisa na nossa frente e respira fundo antes de falar, fazendo eu entender, não são boas notícias.

- A paciente está bem, só teve o pé quebrado, mas nós cuidamos disso, mas ela estava em um protocolo contra suicídio e nós achamos que ela pode ter tentado novamente - Ele explica devagar - Nós do hospital, temos uma clínica de reabilitação somente para pessoas que quebrarem esse protocolo, que a Maraisa quebrou.

- Mas... mas como funciona? - Pergunto receosa pelo medo da resposta.

- Ela fica alguns meses nessa clínica, nas primeiras semanas não pode receber visitas, para se acostumar, lá é uma instituição, tem psicólogos, médicos, tudo só para ajudá-la.

- Quantos meses dura esses tratamentos? - Falo com a voz embargada, quase não dando para ouvir - Dois? Três?

- Onze meses...

Engulo em seco, daqui a onze meses nosso filho já vai estar com quatro meses, nós vamos ter feito um ano juntas, nós iríamos perder tantas datas. Nego com a cabeça e limpo as lágrimas dos meus olhos, enquanto Luísa passa as mãos pelas minhas costas, tentando me acalmar, já que Maiara está paralisada, sem reação alguma.

- E se nós cuidarmos dela? E se ela passar na psicóloga, fazer os tratamentos, aqui, comigo? - Tento achar outra solução - Ela não pode ir para longe.

- Tem essa opção...mas essa opção não funcionou antes - O médico sorri de lado - Por que iria funcionar agora?

Eu sabia que ela estava nesse protocolo, sabia que ela tinha que ir para a psicóloga, fazer os tratamentos, trabalhos voluntários, eu sabia, mas eu tinha medo de abordar esse assunto de uma maneira ruim e ela ficar brava comigo e foi o que aconteceu e foi o que nós trouxe aqui agora.

- Eu posso falar com ela? - Pergunto apontando para o corredor - Antes de tomar qualquer decisão?

- Eu te mostro o quarto dela - O homem me guia rapidamente.

Assim que eu entro no quarto, vejo a morena com a mão furada pelo soro, totalmente distraída com o gesso do seu pé, balançando de um lado para o outro, como uma criança entediada. Quando ela me vê, Maraisa faz um bico de choro, com medo que eu brigue com ela.

Business Woman (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora