Pov Maraisa
Acordo com a cama vazia e olho ao redor, procurando por Marília. Levanto da cama devagar e chamo por ela, não obtendo resposta eu procuro por ela no banheiro, nos quartos da casa, sala, cozinha, absolutamente todos os lugares da casa.
Ligo para Marília várias e várias vezes e ela não me atende. Meu estômago começa a embrulhar, pensando em algo de errado que eu fiz para afastar a loira, porque ela não me disse que iria embora.
" - Em primeiro lugar, Maraisa - Meu pai fala segurando meu rosto, fazendo eu olhar nós seus olhos - Repete novamente.
- O importante é o primeiro lugar - Falo devagar e volto a amarrar meu tênis.
Meu pai saí do vestiário e eu termino de amarrar meu tênis e vou me alongar, me preparando para a corrida. Vou para a pista de corrida e vejo meu pai na arquibancada, com os olhos focados em mim.
- Você não pode perder, Maraisa - Falo comigo mesma - Não pode perder.
A contagem paralisa meu cérebro, eu só consigo manter meu foco na língua de chegada, apenas isso. Quando é dado a largada, eu começo a correr, tomando posse do primeiro lugar. São três voltas, nas duas primeiras eu me mantenho em primeiro lugar, mas na terceira, o ar se faz necessário e eu perco um pouco a velocidade, fazendo a minha adversária me ultrapassar. Tento correr mais rápido que ela, mas não consigo e perco na última volta, ficando em segundo lugar.
Assim que eu percebo que fiquei em segundo, começo a me dessesperar, a falta de ar aperta meu peito, sinto uma vontade enorme de vomitar e começo a me tremer de medo, pela reação do meu pai.
- Oi, Mara - Minha adversária se aproxima - Você foi ótima.
- Não... eu perdi - Falo com a voz embargada - Quem fica em segundo é sempre o primeiro a perder.
- Se acalma... você está se tremendo.
Olho para frente e vejo meu pai saindo da arquibancada, mas quando acho que ele vai vir na minha direção, ele apenas vai embora, me deixando para trás, até que eu entendo o que está por vir.
///
Quase dez da noite, ele não foi me buscar ou ver a minha premiação e eu nem esperava, então volto andando para a minha casa. Assim que eu chego em casa, abro a porta com a minha chave e entro, vendo meu pai e a minha madrasta conversando. Me aproximo dele e vejo que eles estão jantando.
- Papai... eu dei meu máximo - Falo baixinho - Eu não consegui porque senti falta de ar.
- Me passa a salada - Ele pede para a minha madrasta.
Conheço esse tratamento de gelo, mesmo sem eu errar ele faz isso, sempre, apenas para me torturar.
- Eu posso jantar também? - Pergunto esticando a mão para pegar o prato.
Quando vou pegar o prato, ele puxa para ele e me deixa sem nada, a minha única reação é dar as costas e ir para o quarto, indo dormir com fome."
Penso que eu devo ter errado quando falei algo com Marília e ela deve estar me dando tratamento de silêncio, por isso não responde as minhas mensagens ou ligações, eu devo ter feito algo de errado.
Limpo as lágrimas solitárias do meu rosto e penso que ela deve estar brava com algo, por isso foi embora. Vou para o banho e deixo a água cair sobre meu corpo, limpando a minha alma. Quando vou me trocar, coloco um terninho laranja e a pulseira que a Marília me deu, pelo menos assim eu me sinto mais próxima dela de qualquer forma.
Saio de casa e vou para o meu escritório, totalmente triste e magoada mas preciso trabalhar.
///
- O que você tem? - Bruno pergunta me olhando - Parece triste.
Não respondo, só continuo girando na cadeira, com um bico no rosto pelo tédio e pela falta que a loira me faz. Mesmo ela sendo insistente e um pouco cuidadosa demais, eu gosto, porque ela é o contrário do que eu estou acostumada, é como se Marília fosse um novo mundo, que eu estou amando descobrir, mas parece que meu mundo não interessou ela tanto assim.
- Ela não gosta de mim - Resmungo baixinho e mexo na sua pulseira - Eu devo ter falado algo errado.
- De quem você está falando? - Ele pergunta roubando os doces da minha mesa.
- De ninguém - Nego com a cabeça.
Vejo que já está na hora do almoço e eu penso que talvez seja uma boa desculpa para ir conversar com Marília e pedir desculpas pelo o que eu fiz, mesmo sem saber o que é. Bato o cartão e saio da empresa, pegando meu carro e indo até a da Marília, pensando no que eu posso ter errado e não consigo me lembrar de absolutamente nada.
Assim que eu chego, pergunto aonde é a sua sala e uma mulher me leva até ela, mas assim que eu entro, vejo Marília bem próxima de outra mulher, quase em cima dela, com um sorriso safado no rosto, eu conheço esse sorriso. A loira me olha assustada e eu engulo em seco, por isso ela estava me ignorando, estava com outra pessoa. Minha única reação é dar a volta e sair da sua sala.
- Mara... Maraisa - Marília tenta me chamar - Você pode me ouvir? Pelo menos isso?
Continuo andando até o elevador, mas quando eu estou chegando, ela puxa meu braço.
- Me solta, Marília - Falo entre os dentes - Eu estou mandando.
- Ela é uma amiga - Marília fala me puxando para perto dela - Uma funcionária.
- Eu não me importo - Brigo empurrando ela para longe - O que você faz da sua vida é problema seu.
- Estamos juntas...
- Não, não estamos - Nego rapidamente e aperto o botão do elevador - Não somos um casal, nunca fomos um casal.
- Na hora de você dormir abraçada comigo nós somos um casal - Ela se aproxima mais - Na hora de me beijar somos um casal, na hora de me levar para cama, somos um casal, então por que você veio afinal?
- Não se sinta especial, Marília - Sorrio de lado e tiro a pulseira que ela me deu e coloco na sua mão - Eu só vim devolver a sua pulseira idiota.
Entro no elevador e aperto o botão várias vezes, até ele fechar e eu começar a chorar ali mesmo, pelas minhas expectativas quebradas e pelo meu coração magoado, nunca deveria ter me aberto com ela daquela forma, Marília é só uma mulher como todas as outras, uma pessoa como todas as outras, nunca iríamos ter absolutamente nada, nunca. E eu me senti mal com o que meu pai estava fazendo, agora perco que ele estava certo, é necessário passar em cima de algumas pessoas.
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Business Woman (Malila)
FanfictionMarília Dias Mendonça e Carla Maraisa Henrique Pereira, duas mulheres fortes e ambiciosas, se encontram em um conturbado jogo de tabuleiro, aonde quem derrubar mais peças ganha. Elas só não esperavam que uma chama dentro dos seus corações iriam se a...