20.

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Pov Maraisa

Acordo com a luz do sol no meu rosto e vou entendendo aonde estou aos poucos. Olho ao meu redor e vejo que estou no quarto de Marília, mas ela não está comigo. Sento na cama e percebo que meu pulso está enfaixado e eu lembro o que aconteceu noite passada. Olho para o meu corpo e vejo que estou com o moletom de Marília, mas as minhas mãos estão cheias de curativos bem feito. A última lembrança que eu tenho é de bater na porta com força e sentir muita dor, depois desmaiei e apaguei completamente.

Eu saio da cama devagar e desço as escada, encontrando Marília na cozinha, só de camisola, fazendo algo para comer.

- Oi, Lila... - Sussuro me aproximando.

Assim que ela me vê, Marília desliga o fogo e se aproxima mais ainda, segurando meu rosto.

- Oi, você está bem? - Ela pergunta preocupada - Está sentindo alguma dor?

Nego com a cabeça e deixo um selinho longo na sua boca, passando meus braços pela sua cintura. Marília continua alisando meu rosto, analisando cada detalhe, decorando com a ponta dos dedos.

- Eu fiquei preocupada ontem - Ela sussura baixinho e deixo outro selinho na minha boca - Você estava desacordada.

- Está tudo bem, Lila...

A loira me abraça com força e eu respiro fundo, sentindo seus braços ao redor do meu corpo. É tão estranho sentir alguém que realmente se importa comigo, que eu travo por segundos, antes de abraçá-la de volta. Eu beijo a sua bochecha e sorrio de lado.

- Eu estou com fome - Falo baixinho - Tem alguma coisa de chocolate, Lila?

- Tem bolo de chocolate que a minha mãe fez, amor - Ela fala rindo - E eu fiz ovos mexidos para você.

Deixo outro selinho longo na sua boca e me aproximo da mesa, pegando tudo que eu posso, com a outra mão, já que a direita está totalmente machucada. Assim que eu sento para comer, Marília vem atrás e senta do meu lado, me olhando preocupada.

- O que foi, Lila? - Pergunto com a boca cheia.

- O que aconteceu ontem, Mara? - Ela pergunta afastando o cabelo dos meus olhos.

Não quero falar sobre isso, principalmente porque eu teria que explicar sobre o contrato e sobre a minha relação com meu pai.

- Mara... o que aconteceu ontem? - Marília repete a sua pergunta - Por favor, deixa eu te ajudar.

- Não quero falar sobre isso - Falo desviando nossos olhares - Não me força a falar sobre isso.

Sinto que ela fica um pouco incomodada sobre isso, mas não questiona, só respira fundo e vira para frente. Continuo comendo o que tem na mesa e me aproximo mais dela, grudando nossos corpos, ignorando que provavelmente ela está brava comigo. Olho para Marília e fico incomodada com seu silêncio, então coloco meu prato na sua frente.

- O que foi, Mara?

- Eu não consigo comer - Falo levantando meu pulso - Você tem que me ajudar.

- Você estava conseguindo até agora, Maraisa.

- Começou a doer...

Marília revira os olhos e pega meu prato nas mãos, me ajudando a comer, arrancando um sorriso bobo dos meus lábios. As vezes penso que talvez eu não mereça esse amor todo que Marília me proporciona, principalmente porque eu não consigo demonstrar da mesma forma, já que em quase trinta anos eu nunca aprendi e é a primeira vez que eu estou tendo contato com esse tipo de amor.

- Eu te amo muito - Falo deixando um selinho na sua boca.

- Mas não confia em mim - Ela fala cabisbaixa.

- Eu confio, Lila...

- Por que você não quer me dizer o que aconteceu ontem, Maraisa?

- Porque me machuca muito - Falo com a voz embargada - Me desculpa.

Marília coloca o prato em cima da mesa e me puxa para um abraço, fazendo eu deitar a minha cabeça no seu ombro, com um bico no rosto.

- Eu vou ter paciência - Ela fala beijando a minha bochecha - No seu tempo, tá bom?

- Tá bom, amor...

///

O dia foi passando, com o chegar da tarde, a chuva chegou junto. Agora no fim da tarde, eu estou deitada no peito de Marília, assistindo ao filme que passa na TV. Não quero ir embora nunca mais, até porque eu só me sinto totalmente segura nós braços da mulher, porque eu sinto que só ela está disposta a me defender.

Levanto meu olhar e vejo Marília totalmente concentrada no filme e eu aproveito isso para admirar a loira. Passo as pontas dos meus dedos pela sua tatuagem de beija-flor e chamo a sua atenção, fazendo ela me olhar.

- O que foi, amor? - Ela pergunta me olhando.

Não respondo, só aproximo minha boca da sua e começo um beijo lento, passando minha língua para dentro da sua boca, mordendo seus lábios devagar e Marília intensifica, me deitando totalmente na cama e ficando quase em cima de mim. Eu finalizo o beijo com três selinhos e sorrio de lado para ela.

- Não queria nunca mais ficar longe de você - Sussuro passando a mão na sua bochecha.

- Você vai ficar aqui até se recuperar - Ela fala alisando a minha cabeça - E eu vou cuidar de você.

- Eu já estou melhor, Lila.

- Eu não estou fazendo fisicamente, você sabe disso.

Não respondo, só tiro minha mão do seu rosto e abaixo a cabeça, para não ter que olhar nós seus olhos. Mesmo querendo ficar com Marília, nada é tão fácil assim, mesmo eu querendo mais do que tudo, eu ainda tenho muitas cicatrizes e machucados, é muito difícil.

- E eu... eu queria saber... - Marília começa a falar e parece tímida - Se... se você aceita que eu seja a sua primeira namorada.

- Você está me pedindo em namoro? - Pergunto quase em um sussuro.

- É...

- Eu quero ser a sua namorada, Lila.

Marília solta um sorriso e junta nossos lábios novamente, mas o beijo é interrompido pelas lágrimas que descem dos meus olhos. É uma felicidade tão grande que transborda pelos olhos, que rompe uma barreira de afeto, que eu mesma tinha criado ao longo dos anos. Marília destruiu meu medo de pessoas e relacionamentos, ela foi a única que estava disposta me entender e não julgar, sempre tendo o máximo de paciência comigo, sempre.

- Eu te amo muito, Lila - Falo selando nossos lábios - Muito mesmo.

Marília passa seu nariz no meu e deixa um beijo no canto da minha boca, até ela deixar outro, começando outro beijo. Ela duela pelo controle do beijo, enquanto as suas mãos apertam as minhas pernas por baixo da coberta. A loira sobe a sua mão para o meu seio e desce a sua boca para o meu pescoço.

- Lila... - Sussuro sentindo seus beijos molhados no meu pescoço.

- Deixa eu cuidar de você - Ela pede descendo seus beijos pelo vale dos meus seios - Deixa eu cuidar da minha namorada.

- Eu deixo...

Business Woman (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora