Pov Marília
É tão estranho a forma que eu me apeguei a ela tão rápido, a forma que eu me apaixonei por uma pessoa que em um dia era só uma mulher que eu levava para a cama e na outra, se tornou uma das maiores preciosidades da minha vida e ao mesmo tempo é tão devastador a forma que ela conseguiu me machucar, sem ao menos fazer nada, apenas existindo, mas eu não a culpo, quem criou expectativas de um relacionamento fui eu mesma, não ela.
Abraço mais ainda meu travesseiro e deixo as lágrimas caírem dos meus olhos. As vezes penso que só estou provando do meu próprio veneno, fiz Naiara sofrer e agora quem está sofrendo por uma traição, de um relacionamento que nunca existiu, sou eu.
- Eu trouxe a sua janta - Minha mãe fala entrando no meu quarto - Você não comeu nada hoje.
- Não estou com fome - Falo ainda abraçada com meu travesseiro - Mas obrigada mesmo assim.
Minha mãe coloca a minha janta em cima da escrivaninha do meu quarto e senta na minha frente, passando a mão no meu rosto.
- O que aconteceu, Marília? - Ela pergunta preocupada.
- Acho que o que eu fiz com a Naiara está voltando...
Minha mãe não responde, ela parece ter entendido a mensagem. Sei que errei quando traí a minha noiva na época, sei que não tem justificativa, mas eu me arrependi e muito depois e mesmo ligando várias vezes para Naiara, para de alguma forma. tentar me desculpar e tirar esse peso das minhas costas, ela nunca me atendeu.
- É algo relacionado a Maraisa?
- Infelizmente - Dou de ombros e limpo as lágrimas dos meus olhos - Infelizmente tudo envolve ela agora.
Assim que a minha mãe vai me responder, alguém toca a campainha e pelo fato de ser quase meia noite, eu estranho, já quase ninguém visita alguém esse horário. Me levanto da cama devagar e passo a mão no meu rosto, indo para a porta, receber a visita inesperada e assim que eu abro a porta, vejo duas pessoas, as únicas que eu não esperava esse horário. Maiara e Bruno, os dois na minha porta, parecem preocupados e angustiados por algo.
- Oi... - Falo baixinho.
- Oi, Lila - Maiara fala rapidamente - Maraisa está aqui?
- Por que ela estaria aqui? - Perguntou irônica - Ela deve estar em um lugar bem melhor agora.
- Então você sabe aonde ela está? - Bruno pergunta preocupado - Estamos procurando ela o dia inteiro, não sabemos de nada.
- Ela está na casa do namorado dela - Falo como se fosse óbvio - Danilo, não é?
Os dois parecem ficar confusos com a minha fala e ao ver eles me olhando como uma incógnita, eu fico mais brava ainda.
- Maraisa nunca namorou - Maiara fala brava - Você é a primeira pessoa que ela se envolve, do que você está falando?
- Seu pai... ele... ele disse que ela namorava.
- Primeiro: Ele é meu genitor, não meu pai - Ela fala totalmente nervosa e agitada - Segundo: Ele é um manipulador, achei que você soubesse disso.
Aí que eu entendo tudo, ele provavelmente disse isso para me afastar da Maraisa e mesmo sabendo que ele é um manipulador abusivo e tóxico, eu deixei o ciúmes controlar a minha cabeça.
- Maraisa sumiu o dia inteiro - Bruno fala preocupado - Não está em lugar nenhum, não sabemos aonde preocupar.
- Estamos pensando em acionar a polícia - Maiara fala chamando a minha atenção - Procuramos em todo lugar, Maraisa não está em nenhum lugar.
- Já... já tentaram procurar na empresa dela?
- Já... mas não tem nada, a sala dela está trancada e falaram que é porque está reformando.
Começo a entrar em dessespero, principalmente ao pensar que Maraisa pode estar em perigo, que algo pode acontecer com ela, que alguém pode machucar a minha pessoa. Tento pensar aonde ela passa, seu caminho, sua rotina, mas algo me diz que ela na empresa, como se fosse uma conexão, como se ela pedisse pela minha ajuda.
Passo pelos dois e pego a chave do meu carro. Dirijo rapidamente para a sua empresa, vendo o carro de Maiara me seguindo. Passo pelos faróis fechados, pelas ruas de uma só mão e chego em menos de minutos. Vejo que o prédio está fechado, me deixando mais nervosa ainda.
- Aqui a chave - Bruno corre até mim, totalmente ofegante - Essa é a da entrada, ess-
Pego as chaves da sua mão e volto para a porta principal, destrancando rapidamente. O prédio está totalmente escuro, tendo necessidade de mim ligar a lanterna do meu celular. Subo as escadas de emergência, já que o elevador não está funcionando e assim que chego no seu andar, vejo a luz da sala de Maraisa ligada. Saio correndo para a sua sala e mesmo com as mãos trêmulas eu consigo abrir a porta e a cena que eu encontro me machuca de várias formas.
Encontro Maraisa no chão, segurando seu pulso, sua bochecha está vermelha, sua boca seca, seu rosto suado e ela está desacordada. Me aproximo dela rapidamente e me abaixo na sua altura, colocando ela no meu braço.
- Mara, amor - Tento acordá-la - Maraisa, fala comigo.
Eu coloco a minha bochecha na sua e sinto que ela está totalmente quente, sua mão direita está machucada, sua camiseta branca está manchada pelo sangue que os machucados da sua mão, além do seu pulso totalmente inchado.
- Meu Deus - Maiara fala quase sem voz atrás de mim - O que aconteceu?
Pego Maraisa no meu colo e saio do prédio o mais rápido possível, indo para qualquer hospital perto.
///
- Toma, você está muito tensa - Bruno fala me entregando um copo de água com açúcar - Ela está bem, está tudo bem.
Depois de passar a madrugada no hospital, os médicos liberaram a morena e eu trouxe ela para a minha casa. Maraisa ainda não acordou, os médicos falaram que ela tomou muitos calmantes e fizeram uma lavagem no seu estômago e deram analgésicos na sua veia, então provavelmente ela vai dormir a noite inteira, sem contar que enfaixaram seu pulso, porque ela provavelmente bateu em algo e deu mau jeito.
- Ela estava trancada naquela sala - Falo nervosa - A quanto tempo deixaram ela trancada naquela sala?
- Eu não sei, Marília - Bruno senta na minha frente - Eu realmente não sei, não trabalho de segunda.
- Foi o Marco - Maiara sorri fraco - Tenho absoluta certeza que foi ele.
- Por que ele faria isso, Mai?
- E ele precisa de motivos? Ele machucou ela a vida inteira - Ela começa a se exaltar - Hoje em dia ela não consegue correr porque ele machucou o tornozelo dela na época.
- O quê?
- Ela não te contou?
- Não...
- Ele é um monstro, Lila, do pior tipo, porque ele machuca a única pessoa que já amou ele de verdade.
Meus olhos enchem de lágrimas e eu engulo em seco, respirando fundo várias vezes antes de pensar em algo. Eu sabia que ele era abusivo, mas achei que ela só sofria psicologicamente, não fisicamente também.
- Acho que é melhor nós irmos, Mai - Bruno fala tocando no ombro da ruiva - Está muito tarde e só vai ter nós dois na rua.
- Tudo bem... - Maiara concorda - Você cuida dela, Lila? Amanhã pela manhã eu estou aqui novamente.
- Eu sempre vou cuidar dela - Sorrio fraco - Não se preocupa em relação a isso.
Os dois se despedem de mim e eu subo para ver a minha morena no quarto. Assim que eu entro, vejo Maraisa deitada na minha cama, abraçada com meu travesseiro, respirando baixinho. Eu tomo um banho rápido e volto para a cama, abraçando ela por trás, encaixando meu corpo no seu. Passo minhas mãos pela sua cintura e beijo a sua nuca, sentindo seu cheiro de sabonete, devido ao banho que deram nela no hospital. Eu me afundo nos seus cabelos e abraço ela com força.
- Eu te amo, meu amor - Sussuro beijando a sua cabeça - Me desculpa por não conseguir te proteger.

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Business Woman (Malila)
FanfictionMarília Dias Mendonça e Carla Maraisa Henrique Pereira, duas mulheres fortes e ambiciosas, se encontram em um conturbado jogo de tabuleiro, aonde quem derrubar mais peças ganha. Elas só não esperavam que uma chama dentro dos seus corações iriam se a...