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Pov Maraisa

" - Você é uma mentirosa, problemática e filha da puta - Marília fala jogando a sua aliança no chão - Você é exatamente igual ao seu pai."

Você é exatamente igual ao seu pai.

Como eu queria apagar essa sua fala da minha cabeça, como eu queria fingir que ela nunca disse isso, como eu queria apagar que ela disse que eu sou igual ao meu pai e toda vez que eu lembro, começo a chorar, sem conseguir parar. A depressão é uma crise existencial da qual nossa alma entra em coma enquanto vivemos.

Minha cabeça está latejando, não consigo manter minha visão em um lugar só, o carro está quente, eu estou suada pela febre que está queimando meu corpo, além dos meus dois antebraços totalmente cortados, mas isso não dói, não tanto igual o meu coração, que foi quebrado em vários pedaços com apenas sete palavras, que foram as piores da minha vida.

Eu escondi por tanto tempo, porque eu tinha medo de perdê-la, mesmo sabendo que o contrato só estava impulsionando a sua empresa, mas acho que foi bem pior, pelo menos ela foi sincera, disse o que pensava sobre mim, ela só não tinha noção de como isso iria me atingir.

Penso que eu nunca deveria ter me entregado para ela, eu deveria imaginar que estávamos fadadas ao fracasso. Ambas queríamos fugir de nossos abismos. Eu da solidão e de não ter alguém e ela das pessoas que a machucavam. No entanto, eu sempre me mantive nesse abismo. Tristeza e solidão sempre coexistirão em meu ser e Marília achou que conseguiria me curar disso, ela também estava iludida.

Por isso eu preferia nunca me relacionar com ninguém, por isso eu preferia ficar sozinha, por isso. Eu queria solidão, para não ferir aos outros nem ser machucada e eu nunca estive tão certa.

Não consigo me mexer, meus braços estão doendo o suficiente para não conseguir levantar eles, estou passando mal, minha febre está tentando me derrubar e não falta muito para conseguir. Escuto alguém batendo no vidro várias vezes e vejo Maiara, com os olhos cheios de lágrimas, totalmente preocupada.

- Abre a porta, Maraisa - Ela tenta abrir a porta nervosa - Abre a porta agora.

- Eu não consigo... - Sussuro baixinho.

- Maraisa, presta atenção - Luísa aparece na porta - Você consegue destravar o carro?

Nego com a cabeça e as lágrimas começam a descer dos meus olhos, não consigo ao menos me ajudar.

- Mara... vira seu rosto - Ela manda - Eu vou quebrar o vidro, mas vira seu rosto, por favor, eu preciso te tirar daí, mas vira seu rosto.

Viro meu rosto e Luísa quebra o vidro do carro, passando os braços para dentro e abrindo a porta, ela me pega nos seus braços, correndo até o outro carro, para me levar no médico, mas antes mesmo de entrar no seu carro, eu acabo desmaiando e não lembro de absolutamente nada.

///

Acordo com um barulho repetitivo e abro meus olhos devagar, entendendo lentamente aonde eu estou. Olho para baixo e vejo meus antebraços enfaixados, o soro na minha veia. Luísa está sentada no sofá na minha frente, mexendo no seu celular, totalmente focada.

- Oi, Lu... - Sussuro baixinho.

Luísa quando vê que eu acordei, ela se aproxima de mim, deixando um beijo na minha testa.

- Oi, Mara, a Mai já está vindo, ela foi em casa trocar de roupa, ficamos preocupados - Ela fala me olhando - Procuramos você a noite inteira.

- Desculpa...

Luísa me olha preocupada e pega a pulseira que Marília me deu nas mãos, trazendo uma vontade enorme de chorar.

- A médica teve que tirar para dar os pontos - Ela fala olhando para a joia - Eu achei que você iria querer ficar.

Business Woman (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora