Capítulo 53 •Mandante

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P.O.V HUNTER

—Ei Linda, como estamos hoje? —Me sento em sua cama e observo-a desenhar, habilidade que ela aprimorou muito aqui, já fez vários desenhos meus e do seu filho. —Fiquei sabendo que está trabalhando numa arte nova.

—Oi lindo, estou fazendo um desenho misterioso. —Continuo aguardando ela terminar de me contar. —Sobre o que eu me lembro.

—Sim? —Ela acena feliz. —E o que você se lembra? Pode dividir comigo?

—Claro. —Olha para mim de forma apaixonada e acaricia meu rosto com ternura. —Você pode saber de tudo. —Assinto e fico observando-a. —Eu me lembrei de Joseph, ele quem me levou quando saí do hospital. Lembro-me dele dizendo que eu era culpada pela morte de seu filho. —Dá de ombros e continua desenhando. —Ele me bateu bastante, até quebrou meus dedos, olha. —Ela diz tudo com tamanha naturalidade que me assusta, é como se estivesse contando uma histórinha inofensiva. —Acho que tive um sangramento na cabeça também e me lembro de sangrar um pouco por causa da cirurgia do nascimento de Logan.

—E como você se sente sobre isso, Linsey?

—Não gosto quando me chama assim, parece que está bravo comigo. —Vejo lágrimas se formando em seus olhos e me apresso a desfazer seus pensamentos.

—Não, claro que não minha linda, não estou bravo com você, você está sendo muito corajosa em me contar tudo isso!

—Mesmo? —Aceno e ela volta a sorrir. Como uma criança. Linsey tem um transtorno de personalidade severo, nem mesmo os remédios conseguem normalizar suas ações, apenas as neutraliza por algum tempo, mas reações como essa, de querer ser chamada por apelidos, chorar caso aumentemos o tom de voz, tudo isso é reflexo do seu transtorno. —Então, lembro-me que ele dizia que eu iria acabar com Noah, mas eu não queria isso, Noah é meu irmão e...

—E...?

—Joshua, era uma ameaça, assim como todos que se aproximassem de quem eu amava. Ele me ensinou isso, eu deveria matar todos. —Fico assustado.

—Mas...Até Logan, seu filho?

—Não... —Fica chorosa. —Logan queria ver aquela tal de Savannah e eu pensei que, se ele começasse a sonhar com ela fosse melhorar.

—Você quase o matou.

—Não foi minha intenção. Eu juro, lindinho, acredite em mim. —Se levanta e sobe em meu colo abraçando meu pescoço. —Não fique bravo comigo, tá bom?

—Tudo bem, mas preciso saber de tudo, para que você possa sair daqui, pedir desculpas para seu filho e para Nicollas.

—Mas, mas... acha que meus pais irão ir atrás de mim novamente?

—O que?

—Sim, eles foram, queriam me dar dinheiro para que eu fosse embora, mas eu queria ficar perto de você. —Aperta mais o abraço e eu o retribuo. —Eles diziam que eu só iria atrapalhar a vida de Noah e que no final seria culpada de tudo, que todos iam me odiar e mandarem me matar na cadeia.

—Não, isso não é verdade, ninguém te odeia, todos sabem que você está fazendo um tratamento para se tornar uma pessoa melhor, não é?

—Sim.

—Só isso já faz com que todos vejam como é corajosa e responsável.

—Você diz coisas bonitas, lindinho. —Beija minha bochecha. —Você é todo lindinho, cheiroso... —Desce os beijos para o meu pescoço e eu confesso que já tive várias oportunidades de mandar a ética para o caralho e aceitar as investidas de Linsey, mas quero que, quando isso aconteça ela tenha controle sobre suas emoções e realmente me queira, e não que esteja apenas afeiçoada a mim por estar confusa.

O Segurança do GovernadorOnde histórias criam vida. Descubra agora