REBECCA
DIÁRIONão sei exatamente quando foi que resolvi começar a escrever sobre você ou talvez escrever sobre o que sinto por você. Desde quando começamos a crescer juntas lembro do momento exato em que me peguei pensando em você de outra forma, quando tive que encarar um dos maiores desafios de minha vida, era você quem estava lá. Apenas senti seu corpo colidir com o meu, seus braços envolverem minha cintura e sua voz sussurrando em meus ouvidos que tudo ficaria bem. Quanto mais eu chorava naquele momento, mais era pressionada pelo seu corpo. Pude sentir meu coração apertado e acelerado, sem entender se doía por ter perdido ela, ou por ter a certeza que te queria e não poderia ter.
13 ANOS DEPOIS
Estava em casa segurando aquele papel entre os dedos, querendo entender o que estava acontecendo, me perguntando do porque me sentia sem chão. Fazia 13 anos que não obtinha contato direto com nenhum deles, que decidi que o melhor para mim era me afastar e viver longe de todo o caos que construí sozinha em minha adolescência, me desfazendo dos meus sentimentos por ela e me direcionando para encontrar um novo rumo, era a melhor solução. Durante esse tempo achei que havia conseguido, achei que já não sentia o mínimo possível. Agora estou aqui novamente com meu coração acelerado, não entendendo a verdadeira razão, não compreendendo qual a razão. Sou tirada dos meus pensamentos por uma ligação onde consigo voltar à realidade. Era Irin, minha prima, filha da irmã do meu pai, desde que voltei para a Inglaterra ela se tornou minha melhor amiga e mais que isso, era vice-presidente do escritório Armstrong Advocacia, ela era meu diário humano.
- Becky, onde você está? Estou à sua espera no tribunal.
- Irin... Oi, desculpa. Estou a caminho, chego em alguns minutos – ouvi a garota suspirar do outro lado da linha, nunca me atrasei para os meus compromissos e acho que perdi muito tempo olhando aquele pedaço de papel, e por um segundo senti sua voz oscilando em suas palavras.
- Be-Becky, você recebeu, não foi? – sua voz estava incerta ao me perguntar sobre o convite que havia chegado em minha casa, um assunto totalmente bloqueado por mim e ela sabia disso.
- Chego em alguns instantes, Irin...
Desliguei o telefone no mesmo momento, eu não poderia me dar ao luxo de me perder novamente, não poderia voltar a zona que me tirava de órbita da Terra. Havia um caso importante a ser resolvido hoje, precisava de toda a concentração, não iria permitir que isso me destruísse novamente. Peguei as chaves do carro e saí em direção ao tribunal, como se estivesse carregando um peso gigante sobre minhas costas, um peso que a anos não sentia mais. Saí do prédio em que moro olhando entre as ruas movimentadas de Londres, onde me veio todas as lembranças que tentei apagar durante todos esses anos. Nós éramos todos amigos, Richie, Nam, Heng, Noey e ela, vivíamos em uma cidadezinha praiana um pouco distante de Bangkok. Meus pais se mudaram para lá quando eu tinha apenas 5 anos de idade, pois iriam assumir a padaria dos meus avós que não estavam mais na idade de trabalhar, principalmente, minha vovó Momo que estava cada dia descobrindo um problema novo em sua saúde. Então, desde que me entendo por gente, eu tinha essas pessoas em minha vida, nós éramos inseparáveis. Richie era meu irmão mais velho, 5 anos de diferença, nos dávamos bem. Posso dizer que Richie era meu melhor amigo pra tudo, me apoiava e me aconselhava quando era necessário.
Mas, a minha maior ligação sempre foi com ela, mesmo sendo amiga dos outros e, principalmente, de meu irmão, era quando estava com ela que eu sentia pertencer ao mundo. A garota dos olhos de jabuticaba cuidava de mim como se eu fosse uma joia rara, um cristal, uma peça de artes das mais valiosas no mundo, a irmã mais nova que ela sempre quis, como a própria me disse várias vezes, e sim, eu me sentia tudo isso para ela. Sentia que se algo acontecesse comigo eu não seria totalmente esquecida debaixo da terra, ela sempre lembraria de mim. Estacionei meu carro, buscando encontrar minha pasta com todos os documentos daquela audiência, já entrando no modo Rebecca Armstrong, requisitada advogada criminalista, todos queriam minha defesa, mas só defendia casos que realmente acreditava na veracidade.
Porém, infelizmente nem sempre foi assim, tive que fazer coisas que não me orgulho para chegar onde cheguei, não tenho remorso por isso, aprendi que escolhas geram consequências e todas as minhas escolhas no passado me trouxeram onde estou hoje, com um escritório renomado em todo o país, e um convite em minha bolsa. Entrei no prédio onde aconteceria a audiência e assim que adentro no elevador me olho no espelho e alinho minha roupa, o blazer preto por cima da camisa branca, acompanhado de uma calça que me vestia muito bem e um salto. Gosto de me vestir um pouco mais despojada, tênis e moletom são minhas peças preferidas, porém quando entro no modo Rebecca, até as roupas mudam. Caminhei sobre o corredor em busca de Irin, sentindo a dor de cabeça fundir meu cérebro enquanto meu coração já se encontrava angustiado de uma forma que não gosto de sentir, busco de todas as formas não focar em meus sintomas de alerta. Avisto Irin de longe, conversando com o nosso cliente.
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Forever you - FreenBecky -
RomanceBecky descobriu seu amor por Freen aos 15 anos, quando passou por uma situação extremamente difícil teve certeza sobre esse sentimento, e assim ela decidiu se afastar não só de freen como de seus amigos de infância, mantendo contato somente com os p...