Capítulo 2

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REBECCA

Entrei em meu carro pensando como falaria para Irin que estava tudo bem, como poderia mentir para minha amiga sobre algo que nem eu mesma sei e que ela aparentemente sabe como me encontro. Ainda não parei para pensar exatamente o que sinto com a informação de que meu irmão irá casar-se em breve com Freen. Não consigo imaginar os dois juntos, só de cogitar essa possibilidade sinto meu estômago doer e meu coração oscilar com essa informação. Achei que com o tempo esse sentimento que obtive quando era mais nova iria passar, que seria um amor adolescente. Pedia todos os dias para que Deus me fizesse olhar para ela apenas com o olhar de irmã mais velha, da mesma forma que ela me via como mais nova. Até hoje vivia bem, mesmo sentindo falta de todos eles, mantinha certo contato às vezes com meus pais, mas nunca anunciaram o tal romance entre os dois.

Eles sabiam sobre meu sentimento naquela época, sabiam que estava confusa e com medo de admitir para todos sobre isto, e então me apoiaram quando quis terminar o colegial em Londres e iniciar a faculdade de Direito. Lembro exatamente que após a morte da minha avó quis ir embora da vila, queria sumir e nunca mais sentir algo que não era correspondido. Havia mudado após entender meu sentimento e todos perceberam, principalmente, minha melhor amiga. Ela sentia minha mudança dia após dia, e isso a fazia sofrer também, foi então que decidi falar com meus pais. Essa lembrança não conseguiria esquecer nunca, pois foi a primeira vez que falei em voz alta que estava apaixonada por ela.

MEMÓRIAS

Estava em meu quarto com a foto de minha avó junto a de Freen, os dois maiores amores da minha vida, sentindo que meu coração era capaz de parar a qualquer momento, fazia exatamente um mês que ela havia partido me fazendo prometer que seria feliz e conquistar todos os meus sonhos, mas tinha em mente que um deles não poderia cumprir, algo havia mudado em mim, eu estava diferente e não saberia explicar a quem me questionava, olhei para a foto da minha querida avó e pedi para que ela me ajudasse, diminuindo a dor de não tê-la como gostaria, foi então que minha mãe falou encostada na porta do meu quarto observando o meu estado e minhas lágrimas.

- Becky, meu amor, o que tanto atormenta seu coração minha filha? – ouvi minha mãe dizer enquanto sentia sua aproximação, mamãe se sentava em minha cama calmamente – Querida, sei que a perda de sua avó está sendo difícil, para mim também está, e sei que não é apenas isto que te atormenta.

- Mãe, por favor, eu não sei o que está acontecendo comigo. – apenas chorei, chorei tanto, acreditando que a dor poderia ir embora – Só quero que pare de doer, eu só quero que meu coração pare de bater.

Minha mãe no mesmo instante me puxou para perto dela me fazendo deitar em seu colo, podia sentir a angústia que seu coração estava por estar me vendo assim. Segundos depois, meu pai entrou no quarto se ajoelhando em nossa frente.

- Filha, se você puder compartilhar conosco o que está acontecendo, podemos achar uma solução. – ele passava suas mãos em meu cabelo e conseguia ver lágrimas crescendo em seus olhos – Becky, você é minha princesa e não posso ver você assim filha, seus amigos estão preocupados, nós estamos preocupados, nem a Freen você quer ver Becky!

Esse foi o meu fim, ouvir esse nome foi o meu fim ali mesmo, chorei, apenas chorei abraçada aos meus pais, tentava de todas as formas entrar de volta no ventre de minha mãe, pensava em Freen, em como ela era maravilhosa comigo, pensava em nossos momentos na praia, olhando as estrelas, e quantas promessas fizemos ali mesmo, que sempre estaríamos juntas, apoiando uma à outra, que sempre a teria e ela também me teria, eu estava prestes a quebrar todas essas palavras, estava prestes a me quebrar sem saber que estava fazendo isso comigo mesma.

- Mãe, Pai! – me levantei, olhando para os dois que estavam chorando por sentir a minha dor sem ao menos saber a causa dela – Eu não posso mais ficar aqui, não depois de entender o que sinto, eu quero voltar para Londres, Pai. – olhei para ele e vi seu rosto assustado – Falei com a Irin, posso ficar com a Tia Lauren por um tempo! – minha mãe olhou para meu pai sem saber o que falar e se isso poderia ser a melhor solução.

Forever you  - FreenBecky -Onde histórias criam vida. Descubra agora