Capitulo 57

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REBECCA

Desde o momento que sai de minha casa ao lado de meus pais, não sabia ao certo decifrar os sentimentos que estavam em mim, sentia como se estivesse vivendo um sonho sob efeito de droga, aquele tipo de droga que quando se usa te deixa totalmente fora da orbita com a sensação do sentir e não sentir, a boca seca mesmo tomando um litro de água tentando buscar qualquer tipo de alivio, a droga que te faz respirar mas não sente que esteja vivo o suficiente para que o ar traga vivacidade para o corpo, uma droga que traz a sensação de morrer a qualquer momento pois o coração não irá aguentar a frequência cardíaca instável do que se pode sentir, sinto como se tivesse ingerido uma das piores drogas já produzida pelas mãos humanas, mas na verdade, são só sentimentos que as vezes não sei lidar, mesmo tendo o maior controle que posso sobre mim.

Nós estamos parados dentro de meu carro esperando o corpo de Richie chegar, meus pais fazem questão de olha-lo mesmo que ele não esteja parecendo o garotinho que sorria para eles, meus pais querem deixar um último beijo em sua testa como fizeram durante muitos anos mesmo que sua pele não esteja estimulando a mesma temperatura, eles querem desferir um último carinho dizendo o quanto vão ama-lo para resto da vida, inclusive após sua morte, e assim que percebo o carro cumprido e preto se aproximando volto a sentir algo realmente real, volto para realidade contestando que isso não é um sonho causado por nenhum tipo de substancia química, literalmente é a realidade que a vida está pregando a mim.

Desci junto a eles sem saber se conseguiria entrar na parte de trás onde seu corpo estava sendo transportado, meu peito dói tanto, tanto que mesmo estando frio e chuvoso, sinto meu corpo queimando como se estivesse presa dentro de vários pneus onde acabaram de jogar fogo, minha pele queima como se pudesse sentir a borracha grudando causando uma dor incapaz de ser sentida, estava novamente perto de Richie, mas dessa vez sabia realmente o que iria encontrar.

Dois homens pararam na entrada coberta do jardim onde repousam muitas histórias de vida que já foram encerradas, abriram a parte de trás enquanto meus pais estavam abraçados um no outro, tia Lauren e Irin chegavam ao meu lado e minha prima buscou encontrar minha mão entrelaçando nossos dedos, não conseguia chorar mesmo vendo as pessoas que mais amo no mundo segurando um ao outro, sentia como se meu corpo falasse que ainda não era o momento de sofrer sentindo a dor de minhas lagrimas, mas ao ver os homens encostando a tampa preta, com seu nome estampado em ouro, não pude evitar em deixar uma única lagrima derreter em mim.

Minha mãe não esperou eles falarem que poderia subir no carro, meu pai não esperou um segundo se quer para segui-la, pois tudo que ouvi, foi o grito de dona Moe se perguntando o porquê tamanha crueldade em nem ao menos deixar seu filho ser reconhecido por aqueles que o colocaram no mundo, tudo que ouvi foi meu pai batendo em seu peito dizendo para quem quisesse ouvir que a culpa era dele por não ter visto Richie tão perdido, o que via, era tia Lauren parada em frente a parte aberta com as mãos na boca sem nem mesmo ter entrado e olha-lo de perto, não conseguia me mover, mexer um dedo se quer, o peso de minha cabeça a fizeram cair deixando meu olhar sobre o chão e ai sim, era a hora de meu corpo sofrer, pois as lagrimas vieram inundar minha alma novamente.

Como havia imaginado não tive a capacidade de entrar junto a eles, não tive a coragem de me destruir junto aos meus pais e nem os apoiar, talvez ainda não saiba enfrentar todo o tipo de situação que encontro em meu caminho, acredito que resolver problemas dos outros seja muito mais fácil do que os meus, lidar com os sentimentos de outro coração tenha mais solução do que o meu, e isso aqui estava longe de acabar, só precisava de uma lâmpada mágica com um gênio para realizar um único pedido. Me tirar daqui

Assim que cheguei no local onde aconteceria a cerimônia e olhei para o lado ainda no carro, pude olhar sua foto com um sorriso que a muito tempo não via em seu rosto, Richie morreu sem ao menos sorrir mais uma vez, um sorriso sincero como estou vendo, um olhar cheio de brilho e sonhos que foram ceifados por ele mesmo, olho essa foto mais um vez lembrando do garoto por quem estou sofrendo tanto, olho essa foto sentindo em meu peito que não foi somente eu que falhei, fomos todos nós, inclusive ele.

Forever you  - FreenBecky -Onde histórias criam vida. Descubra agora