𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟗

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𝔎𝔦𝔫𝔤𝔰 𝔏𝔞𝔫𝔡𝔦𝔫𝔤 - 𝔖𝔲𝔩

  No dia seguinte, o pátio de treinamento estava mergulhado em uma atmosfera tensa.

  Aemond, com sua expressão séria e determinada, encontrava-se diante de Maelor, enquanto Aemon observava a cena com um olhar carregado de culpa. Era evidente que Aemond  aproveitava o treinamento para descontar sua frustração da noite anterior, transformando-o em uma espécie de tortura para o garoto mais velho dos filhos.

- O que diabos foi aquilo? - Aemond rosnou, agarrando Maelor pelo colarinho e arrastando-o pela lama, forçando-o a se levantar após a queda.

  Maelor, ofegante e com o olhar baixo, respondeu apressadamente:

- Me desculpe! Eu me distraí!

- Não há espaço para distrações no campo de batalha! - Aemond retrucou, sua voz carregada de desaprovação. - Assuma sua posição!

  Maelor, embora abalado pelas palavras de seu pai, assumiu sua posição de combate. O duelo começou com uma intensidade avassaladora, Aemond mostrando toda a sua habilidade e força enquanto desferia golpes poderosos contra o filho. Maelor, lutando para se manter de pé, esforçava-se para bloquear e contra-atacar, mas seus movimentos pareciam vacilantes e imprecisos.

  A cada golpe bem-sucedido de Aemond, a decepção estampada em seu rosto aumentava.

  Finalmente, Maelor foi derrubado ao chão, completamente exausto e derrotado. Aemond se aproximou dele, sua expressão fria e desapontada.

- Você é uma vergonha, Maelor - Aemond disse, sua voz carregada de amargura. - Eu esperava mais de você. Seu desempenho foi patético e indigno de um príncipe. Você não está à altura do nosso nome.

  Maelor, olhando para o rosto impassível de seu pai, sentiu a dor de suas palavras penetrando fundo em seu coração. Aos poucos, a raiva e a frustração se misturaram, e as palavras escaparam de seus lábios antes que pudesse impedi-las:

- Por que você me odeia, pai?

   Aemond sentiu um aperto em seu coração enquanto encarava Maelor, seu filho mais velho, no chão, com os olhos marejados de tristeza e medo de seu próprio pai. A expressão rígida do homem vacilou por alguns instantes, como se uma faca afiada estivesse atravessando lentamente seu peito. Um transe profundo pareceu se quebrar dentro dele, despertando-o para o estrago que estava causando em seu próprio filho.

  Ele permaneceu em silêncio, buscando freneticamente as palavras certas em sua mente, mas sabia que nenhuma seria suficiente para expressar a enxurrada de emoções que o invadia. Aemond finalmente percebeu a semelhança entre suas atitudes e as ações de Alicent na criação de Aegon II. Ele havia se tornado um tirano, mais cruel do que jamais imaginara.

Tanto focou em não cometer os erros Alicent cometeu com seu irmão mais velho, ele acabou fazendo pior.

  Sem dizer uma palavra, Aemond colocou sua espada de volta na bainha. Sua postura séria e imponente permanecia, mas havia um brilho de arrependimento em seus olhos.

- O treino está encerrado por hoje. Vá descansar - ele disse com uma seriedade que não escondia o peso de suas próprias falhas, antes de se afastar do pátio.

  Enquanto caminhava, Aemond sentia a culpa o consumir. Ele compreendia agora o dano que havia causado ao seu filho, comprometendo seu relacionamento e ferindo seu coração. O príncipe sabia que era hora de reconstruir o que havia sido quebrado, de encontrar uma forma de redimir-se e reparar a confiança que havia sido abalada.

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora