𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟒𝟖

122 17 1
                                    

𝔈𝔪 𝔲𝔪 𝔩𝔲𝔤𝔞𝔯 𝔡𝔦𝔰𝔱𝔞𝔫𝔱𝔢 𝔢𝔪 𝔈𝔰𝔰𝔬𝔰


As lanças enormes atingiram o dragão, a fumaça de coloração verde se espalhou invadindo as narinas da besta, seus olhos derreteram e seus órgãos explodiram dentro de seu corpo forte. A queda veio e tudo que foi visto depois, foram os braços do mar lhe recebendo. 

  Harwin emergiu de sua inconsciência em um cenário celestial, seus olhos capturando a imponência da lua e das estrelas, enquanto o crepitar melodioso da madeira em combustão e o tentador perfume de algo assando preenchiam seus sentidos. Seu corpo, outrora adornado por trajes refinados, encontrava-se agora envolto apenas por uma calça esfarrapada e coberto por uma substância viscosa de tonalidade verde que repousava sobre seu torso, delineando feridas recentes. Com o auxílio dos cotovelos, ele ergueu-se, explorando o ambiente ao redor e avistando Laena, encolhida diante de uma fogueira que preparava o que parecia ser uma rã.

- É um alívio que tenha despertado. Já estava considerando a possibilidade de recorrer à sua carne para garantir minha sobrevivência -  proferiu ela de costas para Harwin, envolvida por seus próprios braços. Seus cabelos, antes meticulosamente trançados e adornados, agora pendiam soltos e emaranhados, enquanto suas vestes de tecido fino e a calça de couro ostentavam sinais evidentes de sujeira.

- Por quanto tempo estive adormecido? - questionou Harwin.

- Três dias - ela respondeu. - ficamos á deriva no mar em cima de uma tábua por aproximadamente dois dias. Parecia que você só sabia gritar. Quando finalmente alcançamos terra firme, desmaiou. 

  Harwin soltou um suspiro envergonhado, e seus olhos se dilataram com uma súbita compreensão.

- E Lyssa? E minha mãe? E minha avó? O que aconteceu? - indagou, levantando-se completamente e dirigindo-se à prima.

- Você é idiota? -  retorquiu Laena, fixando o olhar nele. - Não é difícil perceber o que ocorreu. Aegon II nos atacou, derrubou nossos dragões e levou minha irmã. Foi isso - explicou ela, voltando a atenção para as chamas da fogueira.

- E onde estamos - Harwin observou o deserto ao redor, percebendo a desolação do local.

- Em Essos - respondeu Laena.

O sangue de Harwin pareceu gelar, forçando-o a sentar-se novamente para evitar desmaiar.

- Sete infernos - murmurou. - Mas em que parte de Essos?

- Acredito que estejamos em Myr, próximo a Pentos. O exército de Daemon está em Pentos. Se tivéssemos dragões, a jornada seria mais fácil, mas, pelo visto, teremos que agir como pessoas normais e seguir a pé.

- A pé até Pentos? -  exclamou Harwin, incrédulo.

- Você tem uma ideia melhor? -  retrucou Laena. De alguma forma, a calma dela irritava Harwin, que sempre a viu observando tudo com uma serenidade desconcertante.

- Laena, estamos enfrentando o risco iminente de morte por fome, insolação, ou sei lá o que mais! E o que é isso em meu corpo? - ele removeu a gosma verde do peito, revelando uma ferida.

- Isso é uma espécie de curativo feito com plantas. Você se machucou na queda - ela explicou, e Harwin, visivelmente chocado, aguardava mais informações. - O que foi? Eu sou filha de uma bruxa, acha que eu ia ficar sem aprender alguma coisa?

- Bom, é bem imprevisível, você nunca falou disso - ele comentou.

- Não é como se você fosse meu amigo - ele tirou a rã do fogo - coma. Você ficou desacordado por três dias. Se não comer, vai desmaiar de novo.

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora