𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟗𝟏

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𝔄 𝔪𝔲𝔯𝔞𝔩𝔥𝔞

  Na imponência do topo da muralha, onde o frio se desferia com intensidade contra a pele pálida e gélida, os olhos violeta do Targaryen permaneciam fixos no horizonte. Lá, uma criatura alada desafiava os céus gelados do Norte, tecendo sua dança etérea entre as correntes de vento cortante. A brisa que soprava desde a muralha acariciava o rosto do Targaryen, envolvendo-o em uma sensação de nostalgia e introspecção. Cada sopro do vento gelado trazia consigo uma lembrança, uma reflexão sobre os caminhos trilhados e os desafios enfrentados. A grandiosidade do cenário à sua frente ecoava a magnitude de sua própria jornada interna. O Targaryen, ali no topo do mundo, sentia-se imerso não apenas na batalha contra o frio cortante, mas também numa contenda interna que ecoava a força e a resiliência de sua linhagem.

  Enquanto os olhos violeta contemplavam a criatura alada que desafiava o gelo, o vento soprando incansável, ele recordava não apenas os feitos passados, mas também reconhecia a urgência de desvendar os mistérios ainda ocultos em seu próprio ser. A brisa do topo da muralha, carregada de lembranças e promessas, sussurrava ao Targaryen sobre a conexão indissolúvel entre o mundo externo e seu próprio eu interior.

- Lorde Comandante - proferiu um dos irmãos da patrulha, avançando com respeito. - Lamento por incomodar seu merecido repouso, venho informar que os novos recrutas da patrulha já aguardam ansiosos no pátio

- Estou a caminho - respondeu Maelor, erguendo-se de seu descanso. - Vá à frente e prepare os jovens que prestarão juramento hoje. Conduza-os até os portões, por favor. - ele disse com uma voz tão fria quanto sua pele

  Kohan acenou com a cabeça em sinal de compreensão e se distanciou de Maelor. Descendo para o pátio, deparou-se com uma congregação heterogênea de homens: bandidos, filhos deserdados, bastardos e toda uma gama de indivíduos que se encaixavam no perfil adequado para integrar as fileiras da patrulha. Ali, entre as sombras e os destinos variados, aguardavam aqueles cujo destino estava prestes a se entrelaçar com o rigoroso juramento da patrulha.

  Maelor, no topo da muralha, contemplava o horizonte que se estendia até onde a vista podia alcançar. O frio cortante soprava contra seu rosto, fazendo com que suas feições revelassem a frieza interior que o comando da Patrulha da Noite requeria. Valyndor pairava majestoso ao lado dele, as escamas refletindo a luz crepuscular como uma armadura feita de sombras. Num momento de pausa antes do inevitável chamado para a cerimônia dos novos recrutas, Maelor decidiu lançar um último olhar sobre o pátio lá embaixo. A agitação entre os futuros patrulheiros era visível, mas algo mais capturou a atenção de Maelor quando ele caminhou mais pra perto da borda que permitia ver além da muralha. Uma figura, obscura e enigmática, se destacava entre as árvores cobertas de neve. Parecia observá-lo, mesmo a essa distância.

 Uma sensação sinistra serpenteou pela espinha de Maelor enquanto ele focava na figura abaixo. Uma presença sombria, camuflada pelas sombras, parecia encará-lo com olhos invisíveis. O ar ao seu redor tornou-se mais denso, como se o próprio inverno estivesse conspirando contra ele. A figura, quase etérea, persistia na neve, desafiando as noções convencionais de realidade. Maelor piscou, esfregando os olhos, questionando a legitimidade do que via. Ele já estava familiarizado com as alucinações que assombravam sua mente desde os tempos tumultuados em Essos, mas esta aparição parecia diferente, mais real e, ao mesmo tempo, mais sinistra.

Descendo alguns degraus da muralha, Maelor procurou uma visão mais clara da figura enigmática. No entanto, a escuridão parecia abraçá-la, mantendo seus detalhes envoltos em mistério. A dúvida pairava, tão densa quanto a sombra da muralha que o cercava. A figura sinistra permanecia lá, imutável. Era um espectro do passado, uma manifestação de seus próprios demônios, ou algo mais sobrenatural que o Norte guardava? A resposta, oculta nas sombras da noite iminente, aguardava Maelor como um enigma sinistro a ser desvendado. À medida que ele se aventurava na escuridão abaixo, a sensação de desconcerto persistia, deixando o leitor à mercê dos mistérios inexplorados que se esgueiravam entre as sombras da fortaleza gélida.

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora