𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟕𝟐

116 16 1
                                    

𝔉𝔬𝔯𝔱𝔞𝔩𝔢𝔷𝔞 𝔡𝔢 𝔐𝔞𝔯𝔣𝔦𝔪

  Uma semana após o devastador ataque à fortaleza de Marfim, seus muros, outrora imponentes, jaziam em ruínas e cinzas. Os escombros eram testemunhas mudas da carnificina que ali ocorreu, e o eco dos gritos agonizantes ainda reverberava pelos corredores desolados. O odor acre de queimado se entrelaçava com o cheiro metálico de sangue, formando uma atmosfera carregada de desolação.

  Dentro dos restos fragmentados da fortaleza, Maelor preparava-se para mais um interrogatório. As salas antes grandiosas haviam se transformado em cárceres improvisados, onde a decadência competia com a antiga grandiosidade. O crepitar de brasas esmaecidas destacava o contraste entre o esplendor passado e a ruína presente. O salão de audiências, outrora adornado com tapeçarias e símbolos de poder, agora era um relicário de memórias distorcidas. A luz que penetrava pelas brechas nas paredes rachadas criava sombras grotescas, projetando figuras irreconhecíveis nas paredes despidas. Cada passo ressoava como um eco melancólico, relembrando a agitação que um dia preencheu esses corredores.

  Esme, a prisioneira em questão, encontrava-se algemada em um canto sombrio da sala. Seu olhar, outrora cheio de determinação, havia sido substituído por uma expressão exausta e temerosa. As roupas desgrenhadas denunciavam os resquícios da batalha e do tempo em cativeiro. Assim que Maelor abriu a porta, a mulher se encolheu no canto da sala, com um sorriso divertido ele ia se aproximando mas foi impedido por um guarda.

- O rei quer falar com você - disse o homem 

- Diga a ele que estou ocupado - Maelor disse 

- É urgente, Maelor, encontraram o corpo da Astrid na sua tenda - o guarda falou 

  Maelor bufou irritado ao precisar cancelar seus planos em fazer Esme falar, ele encarou a mulher ruiva uma última vez antes de virar de costas e sair sendo acompanhado pelo guarda que foi até ele.

- Alguma torre daqui ficou de pé após o ataque? - ele perguntou colocando suas luvas de volta

- Apenas uma - disse o guarda

- Leve Esme pra lá, eu volto em algumas horas - Maelor disse saindo da fortaleza para ir direto para sua tenda deixando o homem para trás.

  O acampamento despertou na manhã seguinte imerso em uma atmosfera pesada. O sol se erguia no horizonte, mas suas douradas promessas não conseguiam dissipar a sombra que pairava sobre o local. Daemon, o rei, caminhava com passos firmes em direção à tenda de Maelor, uma expressão furiosa nublando seus traços. Ao adentrar a tenda, Daemon encontrou Maelor, cujos olhos ainda exibiam vestígios da frieza da noite anterior. A tensão entre eles era palpável, um reflexo do tormento que se desenrolara sob o mesmo teto.

- Maelor - começou Daemon, sua voz carregada de ira contida. - O que aconteceu com Astrid? Por que você a matou?

  Maelor ergueu os olhos para encontrar o olhar acusador de Daemon, e uma sombra de indiferença se manteve em sua expressão. 

- Ela nos traiu, Daemon. Traiu a mim, ao nosso propósito. Era uma ameaça. - Maelor justificou se sentando na cama 

  O rei cerrava os punhos, a fúria borbulhando sob a superfície de sua calma aparente. 

- Você sequer levou ela á julgamento! que provas você tinha além da palavra de homens que você torturou?! você fez um homem comer a carne da própria esposa e filha!

  Maelor permaneceu imperturbável diante da fúria de Daemon. 

- A traição é uma chaga que precisa ser erradicada antes que se espalhe.

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora