𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟕𝟒

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𝔉𝔬𝔯𝔱𝔞𝔩𝔢𝔷𝔞 𝔡𝔢 𝔪𝔞𝔯𝔣𝔦𝔪

  A crise histérica de Maelor, assim como surgiu, desvaneceu-se repentinamente. Era como se uma força invisível o tivesse engolido novamente, resultando no enxugar de suas lágrimas com a manga da roupa e no retorno de um olhar sombrio. Isso não surpreendeu Daemon; ele testemunhara esse ciclo inúmeras vezes. Parecia que Maelor estava tão psicologicamente ferido que construíra uma muralha ao redor de sua mente para se proteger. Essa barreira era conhecida não apenas pelos cidadãos do vilarejo incendiado por Maelor, mas também pelo próprio exército, que a denominava "O carniceiro". Enquanto para os soldados do exército isso era motivo de orgulho, para os de fora, era uma lenda que provocava calafrios.

Daemon estava ciente de que Maelor tinha cometido vários crimes de guerra, ações que não passariam despercebidas por Rhaenyra, e que uma punição inevitável o aguardava. No entanto, Daemon já estava preparado para defendê-lo de qualquer consequência. Além disso, ele sabia que somente sua intervenção poderia salvar Maelor da execução que o esperava em Westeros ao término da guerra.

Como uma lufada de ar, Maelor encontrava-se diante da tenda de Aemon, assentado em um banco com seu irmão ao lado. Apesar da devastação circundante, os dois conversavam em uma atmosfera aparentemente pacífica. Aemon ostentava uma faixa em torno do toco que outrora fora sua mão e já parecia menos doente e afetado pela ferida.

Maelor quebrou o silêncio ao abrir uma bolsa no chão, retirando dela um gancho peculiar. Este apresentava uma base polida em ouro, adornada com cinco dragões esculpidos, e sua lâmina de aço valiriano reluzia. Os olhos de Aemon brilharam mais intensamente do que a própria lâmina ao contemplá-la.

- Mandei fazer para você - anunciou Aemon, estendendo o gancho.

Aemon pegou o presente com sua mão restante e sorriu.

- Alec fez um favor pra mim, cortando minha mão. Agora, meu corpo é uma arma - ele declarou, exibindo confiança.

- Estão te chamando de assassino de dragões - Maelor sorriu.

- Também sei do que estão te chamando - Aemon ficou sério, e Maelor acompanhou a seriedade, uma carranca moldando seu rosto. - O carniceiro? O que aconteceu enquanto eu estava apodrecendo nessa tenda?

- Nada demais - Maelor respondeu, sua expressão permanecendo inexpressiva.

- Maelor, meu irmão - Aemon suspirou. - Você queimou um vilarejo inocente, matou uma mulher e uma filha, e depois fez o pai comer a carne delas. - Aemon baixou o olhar. - O que o Daemon fez com você?

Um silêncio pesado pairou por um momento antes de Maelor desviar o olhar para o horizonte. Ele se levantou, sentindo a brisa suave balançar seus cabelos.

- Aproveite o gancho - disse, antes de erguer-se e afastar-se.

- Você não é o monstro que dizem que você é! - Aemon exclamou alto, interrompendo o afastamento de Maelor.

Maelor refletiu por um instante e, sem dizer mais nada, retomou sua caminhada para longe. O eco das palavras de Aemon reverberou enquanto ele se distanciava, perdendo-se na quietude do acampamento militar.

Enquanto Maelor se distanciava, envolto em uma névoa de pensamentos sombrios, e Aemon permanecia na esteira da tranquilidade momentânea, ambos foram subitamente sobressaltados pela chegada majestosa de seu pai. Aemond, montando Vhagar, fazia sua entrada triunfal no acampamento militar. Antes mesmo de pousar, as asas da poderosa criatura cortavam o ar com tal vigor que provocavam ventos intensos, fazendo as tendas próximas oscilarem e as chamas das tochas dançarem em uma coreografia frenética.

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora