𝔑𝔬𝔯𝔱𝔢 - 𝔉𝔬𝔯𝔱𝔢 𝔡𝔬 𝔓𝔞𝔳𝔬𝔯
O luto no Norte por Domeric estava chegando ao fim, mas com o término desse período sombrio, um sentimento implacável de vingança começava a se erguer. Alec Bolton fora oficialmente declarado um inimigo do Norte e se tornara o homem mais procurado naquelas terras gélidas. Uma recompensa tentadora aguardava qualquer indivíduo que ousasse levar a cabeça de Alec até Forte do Pavor.
Sob ordens severas de Ivar Bolton, seguidores leais ao tio traidor enfrentariam um destino terrível: teriam sua pele arrancada do corpo e o que restasse seria cruelmente amarrado nas árvores que margeavam a estrada que conectava Forte do Pavor a outras fortalezas da região. Assim, a mensagem era clara e amedrontadora: a vingança do Norte estava em movimento e ninguém estaria a salvo.
Viajantes e viajantes desavisados que ousassem cruzar as estradas em direção a Forte do Pavor não estariam imunes a esse macabro aviso. Os corpos dos seguidores de Alec, pendurados como advertência mórbida, serviam como lembrete assustador da fúria impiedosa do Norte em busca de justiça. Cada passo pelas estradas sombrias carregava a possibilidade de se deparar com os cadáveres pálidos, testemunhas mudas do terror que assolava a região.
O luto pairava pesadamente sobre os três bastardos de Ivar, agora confrontados com a perda irreparável de Maegor. Enquanto um deles fora legitimado recentemente, a morte de Domeric não os afetou profundamente, pois o homem não passava de um lorde distante, nunca um avô carinhoso ou uma figura paterna. No entanto, a partida de Maegor provocou uma dor cortante, pois ele sempre fora um raio de luz em suas vidas tumultuadas. Dentre os irmãos, Guysla parecia ser a que mais sentira a partida de Maegor. Apesar de sua natureza reclusa, o elo entre ela e o jovem Targaryen era intenso. Maegor conseguia romper as barreiras que a envolviam e trazer um sorriso genuíno ao rosto dela, tornando-a amável como se fosse uma irmã mais velha. Sua ausência deixou um vazio que nem mesmo sua timidez conseguiria esconder. Joanna, por sua vez, vertia lágrimas amargas pela perda do jovem menino de coração bondoso. Maegor sempre fora solícito e protetor com ela, levando pessoalmente as cartas de Maelor para evitar que suas incipientes paixões com Maelor fossem expostas. A gentileza do Targaryen mais novo tocava profundamente o coração de Joanna, e agora, sua partida deixava um espaço vazio que jamais poderia ser preenchido. Em contraste, Kylo demonstrava uma tristeza mais contida. A convivência diária com Maegor havia construído um forte vínculo entre eles, mas Kylo encontrava força em si mesmo para ser o ombro amigo de suas irmãs. Ele buscava confortar Joanna e Guysla, oferecendo seu apoio silencioso para compartilharem juntos a dor pela partida do Targaryen mais novo da família.
Desde o momento em que Kylo foi legitimado, sua vida sofreu uma drástica transformação, mergulhando-o em um verdadeiro inferno de responsabilidades e obrigações. Anteriormente, a tranquilidade e paz que caracterizavam seus dias deram lugar a uma voragem de compromissos e desafios. O vinho que antes fluía em abundância agora era controlado com parcimônia, enquanto suas cartas românticas eram substituídas por correspondências de Daemon ou da própria Rainha. As noites que costumavam ser repletas de festas e prazeres nos bordéis cederam espaço para reuniões políticas e estratégicas.
Kylo não podia deixar de amaldiçoar Alec e Aegon em silêncio todos os dias, culpando-os por terem retirado sua vida pacífica e despreocupada. Cada tarefa imposta, cada demanda do reino que recaía sobre seus ombros, era como uma corrente que o mantinha preso, impedindo-o de viver a vida despreocupada que antes tanto desfrutava como bastardo. A guerra que agora o consumia não era apenas uma busca por vingança pela morte de Domeric, mas também uma maneira de resgatar a liberdade e a alegria que perdera. Se Kylo tivesse a oportunidade de expressar seus verdadeiros sentimentos, confessaria sem hesitação que sua dedicação à guerra não se devia exclusivamente ao falecido avô, mas sim à vida despreocupada e hedonista que fora subtraída dele. No íntimo, ele desejava recuperar as noites de diversão e os romances clandestinos que agora pareciam perdidos em meio à política e ao dever real. O jovem se sentia como uma borboleta enjaulada, incapaz de alçar voos livres e desfrutar das doçuras da vida que outrora experimentara.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The dragon and the blade - Aemond Targaryen
Fiksi PenggemarNo frio implacável do início do inverno, Aemond e Lyanna encontraram-se no Norte, onde as raízes do destino se entrelaçaram. Num lugar que não saúda com agrado a chegada de estrangeiros, o príncipe caolho desafiou as expectativas ao levar consigo um...