𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟕𝟔

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𝔈𝔰𝔱𝔯𝔞𝔡𝔞𝔰 𝔡𝔢 𝔈𝔰𝔰𝔬𝔰

  Os desconhecidos vilarejos de Essos presenciavam a jornada de um homem alto e esguio, acompanhado por seu filho. Este último, um jovem de notáveis olhos violeta, despertava a curiosidade de alguns. Havia rumores de que o homem afirmara que os olhos peculiares do garoto eram uma herança materna, mas quem poderia suspeitar que, na realidade, aquele jovem era o próprio príncipe Harwin Velaryon? Legítimo herdeiro da rainha Rhaenyra Targaryen, e próximo na linha sucessória após a morte de seu pai Jacaerys, se não fosse pelo fato de que o príncipe Harwin fora dado como morto. Quem poderia conceber que o príncipe supostamente falecido estava ali, à vista de todos, viajando ao lado de um mercenário?

  Os dias de jornada foram verdadeiramente exaustivos para Harwin, cujas tentativas de escapar de sua situação revelaram-se repetidamente infrutíferas. A cada oportunidade que se apresentava, sua busca pela liberdade resultava em fracassos consecutivos. Entretanto, para Sangue, a experiência se mostrava divertida e estimulante. Ele não perdia uma única chance de desferir ofensas e zombarias, utilizando a contínua inaptidão do garoto para fugir como combustível para suas brincadeiras sarcásticas.

  Ao contrário da relação harmoniosa entre Queijo e Laena, a dinâmica entre Sangue e Harwin estava longe de ser tão pacífica. A sintonia entre eles se limitava a raros momentos de camaradagem, destacando-se especialmente durante as sessões de treinamento. Sangue assumia o papel de mentor, dedicando-se a transmitir todo o conhecimento que possuía ao jovem príncipe. Contudo, era evidente que Harwin demonstrava uma afinidade notável com a lança, destacando-se como sua arma de eleição durante as instruções.

- Errado de novo - debochou Sangue, sua voz carregada de desdém ecoando pelo ambiente após Harwin errar um movimento com a lança.

- Eu já repeti isso inúmeras vezes. Você não se cansa? - Harwin disse visivelmente frustrado 


  A tensão entre os dois era palpável, refletindo a exaustão de Harwin diante das repetitivas correções. Sangue, sem demonstrar sinal de ceder, afirmou: 

- E vou continuar repetindo, até que você finalmente acerte o movimento. -  Enquanto falava, virou casualmente uma garrafa que, aos olhos atentos de Harwin, claramente continha alguma bebida alcoólica, um toque de despreocupação em meio à frustração.

  Curioso e ansioso por informações, Harwin tentou mudar o foco da conversa. 


- Você ainda não me contou sobre quando vamos chegar no acampamento militar para o qual estamos indo.

- Eu já te disse que não vamos mais para lá. Mudança de planos. -  Enquanto falava, pegou seu arco e flecha, preparando-se para outro tipo de desafio.

- O que tinha na carta? - disse observando atentamente os movimentos de Sangue.

- Se eu queimei a carta, é porque não é da sua conta - rebateu Sangue, fixando o olhar em um cervo que, até então, passava despercebido aos olhos de Harwin.

  Contemplando o cervo, Harwin questionou internamente a lógica por trás da caça, considerando que o estoque de alimentos estava satisfatório. Talvez a paixão de Sangue pela morte transcendesse a mera necessidade de suprimentos. Ciente de que a morte do cervo não faria diferença nas provisões, Harwin decidiu intervir. Arremessou uma pedra em um tronco de madeira, provocando a fuga do cervo antes que Sangue pudesse agir.

- Que droga, garoto! -  exclamou Sangue, virando-se para encarar Harwin com frustração estampada em seu rosto.

- Vai dizer que pretendia comer aquilo? - Harwin, agora sentado e com um sorriso leve, provocou

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora