The dragon and the blade - Aemond Targaryen

𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐎

Pov Narrador

  Duas décadas após o falecimento do bom Rei Viserys Targaryen, a quem chamavam de Pacífico, os Sete Reinos foram lançados em marés de mudanças inauditas. Pois, eis que, pela primeira vez nos anos de Westeros, uma mulher se assentou no trono de ferro. Era a princesa Rhaenyra Targaryen, cuja reivindicação ao trono veio ao terceiro dia após as cerimônias fúnebres de seu pai. Contava então trinta e três invernos, e sua ascensão marcou o início de um novo capítulo na crônica dos reis e rainhas dos Sete Reinos.

  Esperava-se que a Rainha Viúva, Alicent, se apressasse em assentar seu primogênito, Aegon, no trono, antes que Rhaenyra tivesse sequer o tempo de pestanejar. No entanto, Alicent não era tola. Ao pousar os olhos sobre o filho, uma sombra de desapontamento e amargor toldava-lhe o espírito. Aegon, embora contasse apenas dezenove invernos, exibia o semblante e os hábitos de um homem já vergado pelos excessos, a tal ponto que, em aparência e modos, parecia carregar quarenta anos de uma vida de dissipações. Alicent, que bem conhecia o filho que trouxera ao mundo, era movida por ambições próprias, sim, mas também nutria respeito por Rhaenyra, reconhecendo-lhe o direito ao trono. Por isso, não hesitou em aceitar a oferta da princesa de casar Jacaerys Velaryon com sua filha Helaena. Tal união selaria um vínculo que manteria, de alguma forma, o sangue dos Hightower próximo ao trono, assegurando sua influência sobre o reino.

Após a coroação de Rhaenyra, Aegon mostrou-se alheio a toda a contenda. Sua última aparição em público ocorreu nos vastos domínios do Fosso dos Dragões, onde, sem palavra de despedida, montou seu dragão, Sunfyre, e partiu, desaparecendo para além das terras conhecidas. Durante longos anos, a Rainha Alicent guardou esperanças de rever o primogênito; contudo, foi Aemond, seu outro filho, quem apaziguou-lhe o espírito. Sussurrou-lhe que rumores davam conta de que Sunfyre era visto, em mais de uma ocasião, voando sobre as Cidades Livres, o que levava a crer que Aegon se tornara um explorador, um viajante que desejara afastar-se de Westeros e das disputas que lá reinavam. Essa pequena mentira ofereceu conforto ao coração da mãe, que, resignada, imaginava que o reino permanecia seguro enquanto Aegon, em algum lugar distante, vivia em contentamento e liberdade.

Curiosamente, antes que tais eventos se desenrolassem, Aemond descobriu algo que jamais imaginara encontrar: o amor. Esse sentimento, tão estranho para ele, surgiu distante de Porto Real, durante uma visita à sombria Fortaleza dos Bolton, o Forte do Pavor. Lá, entre muros de pedra fria e salões austeros, Aemond sentiu seu coração aquecer, contrariando tudo o que acreditava sobre si mesmo. Ele, que sempre julgara sua alma revestida em gelo e ferro, experimentou a fragilidade de quem ama, provando que até o mais endurecido dos guerreiros pode, por vezes, ser tocado pelo fogo do afeto.

Movido por uma curiosidade singular pelos costumes dos Bolton, em particular pela prática infame do esfolamento, Aemond persuadiu seu pai e sua mãe de que seria vantajoso realizar uma jornada ao Norte em companhia de Vhagar. Ali, ansiava explorar uma cultura tão distinta daquela dos reinos do Sul. Durante sua estadia nas terras gélidas do Norte, Aemond descobriu que a cultura nortenha possuía uma beleza rude e profunda, uma das mais arrebatadoras que seu único olho já testemunhara.

Contudo, o senhore de Forte do Pavor, Domeric Bolton, um homem altivo e desconfiado, recusou veementemente a ensinar a um Targaryen do Sul a arte do esfolamento, guardando ciosamente os segredos que por gerações os tornaram temidos. Apesar disso, Aemond partiu das terras nortenhas com um tesouro bem mais raro que qualquer conhecimento sombrio dos Bolton. Ao deixar aquelas paragens, seu coração e pensamentos encontravam-se enfeitiçados por uma dama, cuja imagem ficou gravada em sua mente com um calor inesperado, aquecendo-lhe o peito, mesmo em meio ao vento cortante do Norte.