𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟕𝟎

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𝔄𝔠𝔞𝔪𝔭𝔞𝔪𝔢𝔫𝔱𝔬 𝔞𝔬 𝔯𝔢𝔡𝔬𝔯 𝔡𝔞 𝔣𝔬𝔯𝔱𝔞𝔩𝔢𝔷𝔞 𝔡𝔢 𝔐𝔞𝔯𝔣𝔦𝔪

  O som retumbante das lanças ecoando pelo chão em uma sinfonia macabra de comemoração, os risos sádicos e jubilosos dos guardas ao exporem cabeças decapitadas em montes grotescos, arremessando os corpos inertes no rio próximo. O pervasivo odor de cinzas, que se entrelaçava com o metálico cheiro de sangue, pairava no ar saturado pela carnificina. Essa era a terrível realidade que envolvia a antiga fortaleza, agora transformada em ruínas, outrora imponente e intransponível, conhecida como a fortaleza de Marfim. O brutal ataque que desencadeou tal carnificina ficou perpetuado na história como "O Massacre do Crepúsculo", uma cicatriz indelével na memória daqueles que testemunharam ou sofreram as atrocidades daquele dia.

  A fortaleza, que um dia fora um bastião inexpugnável, cedeu sob a fúria implacável dos inimigos de Aegon II. A surpresa do ataque, desferido mais cedo do que previsto, pegou os defensores desprevenidos, resultando em uma desvantagem estratégica fatal para os leais de Aegon II. Maelor, como comandante do ataque interno, emergiu como uma figura sinistra nas entranhas da fortaleza, onde vidas foram ceifadas com uma crueldade desumana. Cervos, guardas e qualquer incauto que cruzasse o caminho do príncipe foram submetidos a um destino impiedoso de Sangue. Enquanto isso, o rei Daemon, líder dos ataques externos, desencadeava o Fogo voraz sobre os muros da fortaleza, consumindo tudo em seu caminho com uma ferocidade inclemente. Rumores insinuavam que os guardas aliados dos Targaryen de Westeros podiam ouvir as risadas sádicas de Maelor ecoando pelos corredores, mesclando-se aos gritos agonizantes daqueles que cruzavam o sinistro caminho do príncipe.

 No epílogo sangrento da batalha, quando a fortaleza finalmente sucumbiu, Maelor emergiu dos escombros, cercado por homens tão sedentos de carnificina quanto ele próprio. Triunfante e sádico, Maelor ostentava a cabeça de Baelon, sem olhos, exibindo os globos oculares do garoto como um troféu tétrico ao redor do pescoço como um colar. Ao erguer a cabeça do jovem herdeiro, soldados exultavam em júbilo, enquanto, ao longe, Daeron observava em silêncio, julgando a cena que se desenrolava diante de seus olhos. A incredulidade e a tristeza se misturavam em seu semblante, incapaz de conceber a visão de seu sobrinho nesse estado de depravação. Em um gesto de despedida, Daeron acenou brevemente para Daemon, ciente de que o filho mais novo de Alicent logo se afastaria, deixando para trás as cinzas fumegantes de uma fortaleza outrora grandiosa.

  Enquanto os soldados aclamavam Maelor como o executor astuto que eliminara o único herdeiro que Aegon II poderia empregar para legitimar seu pleito ao Trono de Ferro, a presença imponente da Rainha Vermelha se desvelava majestosamente nos céus, ofuscados pelo véu de cinzas. Um sorriso sutil dançava nos lábios de Maelor ao inteirar-se do sucesso da missão de Aemon, e decidido a se reunir com o irmão, que já pousava com Meleys no acampamento que se erguia, o príncipe entregou a cabeça de Baelon a um guarda, assegurando-se de que tanto a cabeça quanto o corpo do jovem herdeiro fossem preservados meticulosamente. Nos recônditos sombrios de sua mente, Maelor concebia planos sinistros para o cadáver do filho falecido de Aegon II.

  Erguendo-se sobre o cavalo, Maelor cavalgava com uma tranquilidade glacial em direção ao acampamento. Seu percurso serpenteava entre os destroços fumegantes da fortaleza outrora majestosa, revelando vislumbres grotescos de corpos soterrados pelos escombros, testemunhas silenciosas da carnificina que se abatera. Era uma paisagem de desolação, onde os ecos de "Fogo e Sangue" ressoavam, preenchendo o peito de Maelor não apenas com satisfação, mas com uma sinistra e soberba exultação, um orgulho sombrio em nome do exército que emergia triunfante. Cada passo do cavalo reverberava como um eco sombrio da destruição que fora semeadora, uma colheita de caos e triunfo selada pelo feroz sopro dos dragões e pelas mãos cruéis que os guiavam. O horizonte se desenhava em tons de crepúsculo, tingido pelos últimos raios de um sol ofuscado pela nuvem de fumaça. O crepitar dos escombros ainda incandescentes conferia uma aura fantasmagórica ao ambiente, enquanto Maelor avançava com solenidade contemplando os vestígios de sua conquista. Era um espetáculo sinistro, uma coreografia de destruição, onde o príncipe se erguia como uma sombra que se alimentava do próprio caos que instigara. 

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora