𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟗𝟑

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𝔉𝔬𝔯𝔱𝔢 𝔡𝔬 𝔓𝔞𝔳𝔬𝔯

  O sol mal conseguia lançar seus raios fracos sobre Forte do Pavor, acentuando ainda mais a sensação de desolação e frio que permeava a atmosfera daquela fortaleza nortenha. O gelo estalava sob os passos de Kylo Bolton enquanto ele avançava pelo pátio, cada respiração transformada em nuvens efêmeras de vapor no ar gélido. A paisagem ao redor, pintada de branco pelo manto de neve, parecia mais um reino esquecido pelos deuses, onde apenas os corajosos ou desesperados ousavam desafiar o domínio do inverno.

  No centro do pátio, Kylo, envolto em suas pesadas peles escuras que desafiavam a implacabilidade do clima, encontrava-se imerso em um treinamento incansável. Sua espada, uma extensão de sua vontade, cortava o ar como uma lâmina afiada que desafiava a própria natureza congelante do local. Cada movimento era uma dança calculada, um desafio silencioso à brutalidade do inverno. Ao seu lado, o guarda escolhido para o treinamento compartilhava a mesma determinação. A relação entre ambos transcendia as formalidades de senhor e guarda, como se uma afinidade única tivesse sido forjada nas noites frias e nos perigos compartilhados. Mais do que um mero subordinado, aquele guarda era um confidente, alguém em quem Kylo confiava além dos limites convencionais.

  O som metálico das lâminas colidindo ecoava pelo pátio vazio, uma sinfonia de combate que ressoava contra as paredes de pedra da fortaleza. A respiração acelerada dos combatentes, visível no ar congelado, adicionava um ritmo quase hipnótico à cena. Cada movimento, um desafio ao frio implacável que tentava roubar a calorosa essência de vida daqueles que se aventuravam além das muralhas. Os olhos intensos de Kylo, tão penetrantes quanto a própria lâmina que empunhava, observavam cada movimento do guarda. Em sua expressão, misturavam-se a determinação e a nobreza, como se a frieza do ambiente tivesse sido absorvida pela própria presença do herdeiro da Casa Bolton. Uma aura de aristocracia persistia, mesmo em meio à brutalidade do treinamento.

  O guarda, por sua vez, respondia com uma habilidade que indicava não apenas treinamento, mas também um elo especial com Kylo. Cada investida, um reflexo não apenas de habilidade marcial, mas de uma lealdade que transcendia as fronteiras do convencional. Em cada movimento, era evidente que aquele guarda não estava apenas cumprindo um dever; ele era uma extensão da vontade de Kylo, um companheiro na jornada gélida que enfrentavam juntos. Enquanto o treinamento prosseguia, o pátio congelado se tornava o palco de uma cena épica, onde dois homens desafiavam não apenas um ao outro, mas também os elementos que conspiravam contra eles. Cada golpe, cada esquiva, era uma afirmação de força e lealdade em meio ao desafio cruel do frio nortenho.

  Forte do Pavor, com suas torres gélidas que se erguiam como sentinelas silenciosas, era testemunha da tenacidade que permeava aquele treinamento. Enquanto o sol fraco tentava vencer as nuvens, as sombras alongadas projetavam-se sobre o pátio, como se o próprio inverno estivesse ansioso para encerrar a exibição. 

 Foi então que a sombra do dragão projetava-se sobre o pátio de Forte do Pavor, transformando o cenário congelado em um espetáculo surreal. O treinamento de Kylo Bolton e seu fiel guarda havia sido interrompido não apenas pelo gigantesco vulto alado, mas pela presença iminente de um poder ancestral que permeava os corações daqueles que testemunhavam a chegada majestosa. As escamas do dragão reluziam como joias preciosas à luz fraca do dia, criando um mosaico cintilante que capturava a atenção de todos os presentes. O rugido da fera ecoava pelas muralhas de Forte do Pavor, um som que reverberava tanto na realidade física quanto nas lendas que cercavam aquele lugar sombrio.

  A montadora do dragão, vestida com um manto que tremulava ao vento, emitia uma aura de comando e autoridade. Seu olhar, sério e perspicaz, varreu o pátio, como se ela pudesse sentir a energia de cada pessoa ali presente.  Kylo Bolton, mesmo acostumado com as duras condições do Norte, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O dragão, símbolo de poder e temor, pairava no céu como um guardião ancestral da fortaleza. O guarda ao lado de Kylo compartilhava do mesmo fascínio e respeito diante da cena monumental que se desenrolava.

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora