𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟒𝟗

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𝔐𝔶𝔯 - 𝔈𝔰𝔰𝔬𝔰

 Laena e Harwin adentraram a cidade, sendo recebidos por um emaranhado de ruas estreitas e mercados movimentados. O sol, agora um pouco mais ameno pelas construções que o bloqueavam, ainda lançava seus raios incisivos, fazendo a poeira do deserto dançar no ar. Laena, ciente da importância de não chamar a atenção, prendeu seus cabelos prateados em um coque mal feito, escondendo a característica marcante dos Targaryen. O cheiro de especiarias e mercadorias exóticas impregnava o ar enquanto eles percorriam as ruas movimentadas. Laena, com sua postura segura e decidida, liderava o caminho, enquanto Harwin, inseguro e assustado olhava ao redor do local enquanto segurava o braço da prima na tentativa de se sentir mais seguro.

- Estamos quase lá, apenas mantenha a cabeça fria - Laena aconselhou Harwin, que resmungou uma resposta inaudível.

- Laena - ele puxou a manga da roupa dela, fazendo-a parar.

- Harwin, não podemos parar! - ela disse.

 Antes que ela dissesse mais alguma coisa, Harwin, de forma disfarçada, apontou para dois homens que estavam apontando para eles enquanto conversavam com o que pareciam ser três guardas da cidade.

  A adrenalina tomou conta de Laena, que agarrou a mão de Harwin e correu o suficiente para chegar a um estábulo abandonado. A penumbra do estábulo envolveu Laena e Harwin, criando uma atmosfera melancólica que ecoava a tensão que pairava entre eles. As palhas esparsas no chão pareciam absorver o murmúrio silencioso do vento lá fora, enquanto a luz fraca filtrava-se pelas frestas nas tábuas maltratadas do celeiro.

- Devem ter suspeitas sobre quem somos. Aegon II pode ter visto que nossos corpos não foram encontrados no mar - Harwin disse.

 Laena permanecia em um silêncio que gritava sua angústia. Seus olhos violeta, normalmente tão firmes, agora refletiam uma sombra de indecisão. Harwin, por sua vez, observava-a com preocupação, percebendo a batalha interna que ela enfrentava. Finalmente, quebrando o silêncio tenso, Laena retirou a adaga que carregava consigo desde que invadiu os aposentos de seu pai antes da viagem para Driftmark. Ela se lembrava de como Criston Cole a conduziu até Alicent após ver que ela pegou a adaga de Aemond.

- Vou ter que fazer isso - ela murmurou, segurando a adaga com firmeza.

Harwin franziu o cenho, sem entender completamente o que estava prestes a acontecer.

- Fazer o quê? - ele indagou, a preocupação em sua voz.

  Laena olhou para seus próprios cabelos prateados, uma marca inconfundível de sua herança Targaryen. Seus dedos tocaram as madeixas longas e sedosas, enquanto ela respirava fundo, resignada, lembrando-se de como sua mãe amava seu cabelo e fazia questão de cuidar dele.

- Tenho que me livrar disso. Não posso arriscar ser reconhecida, não aqui - ela explicou, seus olhos fitando o vazio.

  Sem esperar por uma resposta, Laena ergueu a adaga e, com uma decisão resoluta, começou a cortar seus próprios cabelos. O som cortante da lâmina encontrando as madeixas reverberou no silêncio do estábulo. Harwin assistia em silêncio, compreendendo a magnitude do que ela estava fazendo. Cada mecha que caía no chão era como um pedaço de sua identidade, uma renúncia às origens que a ligavam a Westeros. Laena cortava não apenas os cabelos, mas também os laços que a prendiam a um passado distante. O olhar de Harwin oscilava entre choque e tristeza enquanto via a transformação ocorrer diante de seus olhos. Laena, com os cabelos agora drasticamente mais curtos, encarava seu reflexo em um pedaço de espelho que encontrara no estábulo. Uma nova imagem refletida, uma versão dela mesma que não carregava consigo as marcas de uma casa nobre de Westeros. Passando lama nos cabelos na tentativa de deixá-los mais encardidos, ela engoliu seco e olhou para Harwin.

The dragon and the blade - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora