*a cia bbxs não existe aqui* "na frente de todos, daniel parecia positivo e brilhante. mas ele realmente não contava suas preocupações e problemas pra ninguém."
Ou
"apenas houve momentos em que daniel estava terrivelmente deprimido, desejando que alguém segurasse a sua mão e dissesse que tudo ficaria bem."
**ps: pode-se dizer que talvez, apenas talvez, essa daqui possa ser uma... "continuação" das oneshot's "Porque a vida continua", "missing you" e "still talking to you", mas é apenas talvez mesmo... mas na real, talvez não seja taaaanto uma continuação, e sim apenas... mais um fragmento perdido por aí? enfim jasiajisjai desculpem qualquer coisa
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─ O luto realmente é uma coisa engraçada e bem cruel ao mesmo tempo, né? – Daniel comentou baixinho para si mesmo com a voz chorosa e os olhos marejados onde, vez ou outra, lágrimas ainda escapavam, descendo pelas bochechas.
Em pé na cozinha, estava apoiado na bancada, observando o bolo feito naquela pequena e velha forma de sempre.
Daniel estava relativamente bem. Era um sábado qualquer e, de folga do trabalho e com vontade de comer algo doce, decidiu fazer aquele mesmo bolinho que sempre faziam juntos.
Daniel não fazia a receita a muito, muito tempo e bem, ele estava bem, certo? Foi lendo a receita, medindo os ingredientes e separando em potinhos. Misturou tudo na ordem e sorriu pequeno despejando a massa na assadeira já untada. Levou ao forno pré-aquecido e enquanto esperava pelo tempo certo, resolveu colocar algumas músicas para tocar, escolhendo aleatoriamente uma playlist, enquanto lavava toda a louça.
Tudo estava indo bem. Daniel, vez ou outra, cantarolava junto a música que tocava no momento e que ele conhecia. Entretanto, quando o cheiro do bolo ficando pronto começou a se espalhar pela cozinha, Daniel sentiu o coração apertar, sentindo lágrimas se formando nos olhos, se vendo obrigado a segurar o choro com força.
Mas bem, quando uma música em específico começou, Daniel não conseguiu segurar mais, deixando sair o que há semanas estava guardado. Fechou a torneira, faltando em torno de dois potinhos para enxaguar. Com a ajuda de um pano para não se queimar, tirou o bolo já pronto do forno para que não queimasse a massa e deu pause na playlist, apoiando-se na bancada, desabando de chorar com todas as memórias e lembranças vindo com força.
Incontáveis minutos depois, com a cabeça explodindo de dor, os olhos ardendo, o peito subindo e descendo com mais calma agora – diferente de momentos antes –, o nariz entupido e escorrendo ao mesmo tempo, Daniel ainda chorava, porém agora estava mais contido e minimamente mais calmo.
Ainda apoiado na bancada, olhava para o bonito bolo em cima do fogão, soltando um risinho soprado e triste, se sentindo um verdadeiro idiota patético.
─ Chega a ser engraçado que o cheiro desse bolo e uma simples música se tornaram gatilhos terríveis pra mim... – novamente falava baixinho, soltando outro risinho tristemente, enxugando os olhos com as costas de suas mãos. – ... É engraçado como coisas simples não são mais tão simples assim, né? Desde que você se foi, eu não consigo mais abrir latinhas de refrigerante, pois aquele som específico me trás muitas lembranças e sempre que preciso sair de casa, fico torcendo para não escutar esse barulho... – desabafou para si mesmo, deixando um longo suspiro escapar por entre os lábios. Por Deus, tinha vezes que Daniel se achava terrivelmente patético.
Mas, ao mesmo tempo, repetia para si mesmo que estava tudo bem em sentir demais, certo? Por mais que as pessoas ao seu redor dissessem que já havia se passado muito tempo e que ele deveria superar isso logo, Daniel tinha o direito de poder sentir as emoções na intensidade que precisasse, pelo tempo que precisasse, certo? Afinal, quem eram os infelizes e cruéis que julgam o tempo que cada pessoa precisa para se recuperar de algo? São eles quem sentem?
Daniel realmente estava terrivelmente cansado disso; Era exaustivo ter que conviver diariamente com aquelas pessoas.
─ Sabe... – suspirou novamente, agora estando bem mais calmo do que antes. – ... Todos dizem que eu pareço bem mais feliz agora do que nesses últimos tempos e bem, eu fico aliviado por conseguir manter as aparências, ao mesmo tempo que sinto que, dia após dia, tô um pouquinho mais perto de explodir. – riu baixinho, sem humor. – Eu só... tô cansado de diminuírem a minha dor, sabe? Porra, por que eu já deveria ter superado? Isso não é uma coisa horrível de falar pra alguém?! Ninguém sabe o que eu passei, o que tive que fazer sozinho. Ninguém faz ideia de como tudo de fato aconteceu e de como certas imagens, por mais que eu me esforce e muito, simplesmente não saem da minha cabeça! – fechou os olhos com força, sentindo que começaria a chorar outra vez.
Por mais que fosse difícil guardar tudo para si, Daniel sabia que não podia contar com ninguém ao seu redor. Lembrou-se de quando finalmente havia criado coragem para conversar com algumas pessoas que chamava de "amigos"; Não tinha nem começado a falar sobre como os últimos tempos estavam sendo terrivelmente difíceis e complicados para que um deles falasse "bem, ao menos isso serviu pra você emagrecer e ficar saudável, então foi algo bom o que aconteceu" ao que todos concordaram, deixando Daniel estático, com o estômago embrulhado e enojado, não acreditando que tinha realmente escutado aquilo. Daniel não dormia bem a meses, não conseguia comer direito desde o ocorrido e nunca esteve com a saúde tanto física, quanto mental, tão fodidas e isso era pra ser uma coisa boa?! Daniel não se arrependia nenhum pouco de, no dia seguinte, ter cortado laços com todos os presentes na conversa.
Lembrando-se disso, deixou um riso escapar.
─ Sério, por mais que eu sinta que tô cada vez mais perto de desabar completamente, é melhor guardar tudo pra mim do que ter que escutar besteiras, não é? – questionou para si mesmo, sabendo que ninguém iria respondê-lo de volta. – Sei que ainda tenho algumas poucas pessoas que realmente se importam comigo, mas não quero preocupá-las e nem vou incomodá-las com nada disso. Apenas vou continuar fazendo o que faço de melhor: fingir ser uma pessoa alegre e ver por quanto tempo ainda consigo manter as aparências. – mirou os olhos para o pequeno bolo descansando em cima do fogão, sorrindo tristemente ao perceber que, assim que olhou para ele e o pensamento de desenformá-lo surgiu em sua mente, sentiu vontade de chorar outra vez. – Mas que inferno! Nem comer um pedaço de bolo em paz eu posso, que saco! – quando viu, grossas e salgadas gotas de água começaram a escorrer por suas bochechas outra vez, fazendo Daniel ter que respirar fundo mais uma vez.
Chegava a ser engraçado que, olhando para um simples e pequeno bolo de chocolate, Daniel conseguia sentir-se completamente destruído e inundado por inúmeras memórias onde aquele mesmo bolinho que olhava havia lhe trazido tantas risadas, sorrisos e alegrias. E agora, tudo que ele lhe trazia eram lembranças, tristezas e dor, muita dor.
─ Sério mesmo, eu sou pouco ou muito patético? – disse entre as lágrimas que continuavam descendo sem dó e descanso. – Eu só queria que alguém dissesse que tudo vai ficar bem, porque vai, não vai? – novamente questionou para o nada, sabendo que não escutaria nenhuma resposta. – Dizem que se você fingir estar feliz, uma hora vai esquecer estar fingindo e vai ser real... Devo me apegar a isso? – riu soprado, fechando os olhos por um segundo, negando com a cabeça. – Realmente, eu deveria ter comido uma colher de Nescau ou açúcar puro quando senti vontade de comer algo doce ao invés de vir cozinhar justamente isso... – ainda de olhos marejados, riu, mesmo que pouquinho, sincero como não ria em muito tempo enquanto olhava para o pequeno bolo. – Ao menos eu espero estar servindo entretenimento pra você aí em cima, viu? – Daniel sorriu tristemente. – Relaxa, eu sei que você não tá rindo, e sim tá chorando junto comigo. Acertei? – inspirou e expirou mais algumas vezes, se acalmando. Apenas havia passado por outra crise e até que a próxima chegasse, ficaria tudo bem, certo?
Daniel realmente não sabia. A única coisa que sabia era que, quando fosse desenformar o bolo e tentar comer um pedaço, a fatia possivelmente seria temperada com o salgado de dor e tristeza de suas lágrimas.
Com esse pensamento, riu sozinho outra vez. De fato, o luto era uma coisa extremamente traiçoeira.

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One Shots - Barbixas
FanfictionCada "capítulo" será uma história diferente. Algumas mais fofas, outras +18, outras mais sérias e assim vai. Terá MUITO DANIDIO; mas não será só isso. Provavelmente sairá uma oneshot por semana, toda sexta-feira ou todo domingo. ( não prometo nada )...