*a cia bbxs não existe aqui* "depois de uma semana intensa, desastrosa e extremamente exaustiva no trabalho, era sexta-feira e daniel só queria ir para casa descansar."
[ ... ]
Já era tarde da noite quando Daniel estava sentado no ponto de ônibus esperando pelo transporte. Seu chefe havia segurado ele e mais alguns colegas de trabalho até mais tarde na empresa depois de dias completamente cheios e cansativos.
Quase dormindo no ponto, Daniel estralou de leve as costas. Só queria um banho quente e deitar na sua cama quentinha, macia e confortável que lhe esperava. Contudo, como ficou preso no escritório por mais tempo, Daniel sabia que precisaria esperar um pouco mais pelo próximo ônibus, já que havia perdido o que normalmente pega todos os dias, deixando-o ainda mais chateado do que já estava. Era pedir demais um emprego que não fosse totalmente explorado?
Exausto, suspirou pesado, fazendo um bico nos lábios sem nem perceber. Fechou os olhos com força por um segundo, se concentrando em não apagar em pleno ponto de ônibus e perder sua carona para casa.
Entretanto, depois de alguns minutos e distraído olhando para a rua, uma voz desconhecida soou ao seu lado, fazendo-o sobressaltar no banco.
─ O galo Carijó é um grandessíssimo filho da puta! Isso que ele é! – Daniel se assustou quando um rapaz da sua idade, talvez sendo um ou dois anos mais novo, disse para si ao sentar-se no lugar vago ao lado de Daniel. O rapaz aparentemente estava levemente alcoolizado, segurando uma latinha de cerveja na mão.
─ Perdão? – Daniel disse confuso, não entendendo o que estava acontecendo.
O rapaz de olhos e lábios bonitos, bochechas levemente coradas devido ao álcool, cabelos arrumados de forma bagunçada, a camisa colorida com estampa florida – que usava bem aberta, mostrando parte de seu peitoral – em contraste com a bermuda branca colocou a latinha no banco, virando todo o corpo para ele, o olhando atentamente, quase como uma encarada.
Daniel sentiu-se tímido e intimidado, sentindo o rosto arder, sabendo que estava vermelho.
─ A galinha pintadinha usa saia e o galo usa paletó. Até aí beleza, dá pra aceitar, certo? – perguntou para Daniel, que piscou algumas vezes, perdido.
O estranho esperava por uma resposta. Daniel apenas mexeu a cabeça, concordando, ganhando um sorriso com direito a pequenas ruguinhas formando-se no canto dos olhos dele. Daniel achou aquilo fofo.
─ Eles, aparentemente, são um casal e são um casal feliz, certo? – Daniel afirmou com um aceno de cabeça, porém o estranho negou. – Não são. Sabe por que? – Daniel negou outra vez, não acreditando que estava realmente interessado e prestando atenção no que o rapaz colorido e alcoolizado falava. – Eles tinham filhos, pintos. 5 pintinhos, mais precisamente. – ajeitou a postura, como se falasse sobre o assunto mais sério do mundo. Deu um gole na bebida, quase finalizando-a. – A galinha, ou seja, a esposa do galo Carijó ficou doente e sabe o que o filho da puta do Carijó fez?! - soou indignado. Daniel negou mais uma vez. – Esse corno nem ligou! Você acredita?! O marido da galinha deu um foda-se que a esposa tava doente! Dá pra acreditar nisso?! Os filhos que precisaram chamar o doutor, os filhos! – soou ainda mais indignado do que antes e Daniel precisou segurar um riso com todas as forças. – Juro, se eu pego esse galo filha da puta, ele vai pra minha panela.
O estranho que não estava tão bêbado quanto Daniel achava que estava apenas o achou terrivelmente triste e cansado ao observá-lo por alguns minutos sentado sozinho naquele ponto de ônibus e decidiu ir falar com ele com o objetivo de animá-lo um pouquinho e lhe fazer companhia enquanto esperava pelo veículo.
Daniel pensou que ele havia acabado, entretanto, segundos depois, voltou a falar o monólogo.
─ Daí tá, chegou o doutor lá pra cuidar da galinha e o doutor é um peru, né? Um peruzão grandão, bonito! – dizia, ao que se tornava cada vez mais difícil Daniel prender o riso. – Ele foi lá cuidar da galinha e levou uma enfermeira, lógico. A enfermeira é um urubu, muito fofa e simpática por sinal. – gesticulava bastante ao falar, tornando a história ainda melhor. – Daí tá, ele fez os exames lá e precisou dar uma injeção na galinha. Que pasmem! A agulha da injeção era a pena de um pavão, você acredita?! – exagerou na expressão, sorrindo ao ver Daniel sorrir, escutando ele rir baixinho. – Só sei que essa história deveria terminar com a galinha largando o safado do galo Carijó e ficando com o doutor peru, assim, só acho. – afirmou com certeza, fazendo Daniel rir um pouco mais alto dessa vez. – E você? Concorda comigo? – quis saber, mirando os olhos bonitos no rapaz bonito ao seu lado.
─ Bem, hm... Mas e se o peru for casado? – o estranho sorriu quando Daniel entrou na brincadeira.
─ Daí a galinha fica com a enfermeira porque ela é bi, melhor ainda! – foi impossível Daniel prender o riso, praticamente uma gargalhada, com a fala do outro, que dizia tudo com a mais absoluta defesa e certeza, tal qual um estudante defende o seu TCC.
Daniel riu por bons segundos, enxugando as lágrimas que formaram-se nos cantinhos dos olhos. Observou que o estranho continuava ali, olhando para ele, ao que o sorriso dele conseguia ser ainda mais lindo agora, fazendo Daniel sorrir de volta.
─ Sério, você é humorista? Porque você é muito, muito bom mesmo! – elogiou sincero, ganhando um sorriso maior, com direito a covinhas e olhos pequenos, porém brilhantes, o olhando. Daniel sentiu as bochechas quentes.
─ Não sou não. – respondeu. – Sou apenas um cara que percebeu você cansado e triste e resolveu tentar te animar um pouco. – sorriu, recebendo em troca um sorriso feliz, sincero, bonito e iluminado. – Fico feliz que consegui. – piscou um olho, deixando Daniel sem jeito, sorrindo nervosamente.
O estranho iria perguntar mais algumas coisas para puxar assunto e, quem sabe, até contar algumas piadas. Contudo, instantes depois, o ônibus de Daniel havia chegado.
─ Bem, hm... Obrigado pela análise da música, eu adorei e dei boas risadas. – Daniel disse sincero, levantando-se.
─ Não agradeça a mim, e sim a minha afilhada que me faz escutar isso muitas vezes sempre que nos encontramos. – sorriu para Daniel, que sorriu de volta.
Instante depois, Daniel subiu no ônibus que encontrava-se bastante vazio. Cumprimentou o motorista, passando pela catraca e sentando-se na janela. Antes do ônibus começar a andar, observou o rapaz ali, sentado sozinho no banco e, sem querer, seus olhos se encontraram outra vez naquela noite. Daniel sorriu tímido, dando um tchauzinho com a mão para ele, que retribuiu o gesto.
Segundos depois, o veículo começou a andar e mais distante ambos ficavam um do outro. Quando não conseguiu mais vê-lo, Daniel voltou a olhar para frente, soltando um riso ao lembrar-se de minutos atrás quando estava rindo com aquele rapaz doidinho cujo nem mesmo o nome sabia. Só sabia que, definitivamente, gostaria de encontrar-se com ele novamente qualquer outra dia.
Já o estranho não sabia o motivo pelo qual havia esquecido de se apresentar ou até mesmo passado seu número ou alguma rede social para que eles mantivessem contato. Só sabia que, a partir de agora, começaria a ir no ponto de ônibus no mesmo horário todos os dias até que encontrasse com ele novamente.
![](https://img.wattpad.com/cover/152808583-288-k331901.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
One Shots - Barbixas
FanficCada "capítulo" será uma história diferente. Algumas mais fofas, outras +18, outras mais sérias e assim vai. Terá MUITO DANIDIO; mas não será só isso. Provavelmente sairá uma oneshot por semana, toda sexta-feira ou todo domingo. ( não prometo nada )...