One Shots - Barbixas

Me beije.

 ─ Fique com os olhos abertos, por favor! – Elídio implorou enquanto aninhava Daniel carinhosamente no colo.

─ Eu... eu não consigo... – a voz estava cada vez mais fraca a medida que o sangue deixava o corpo, mesmo com Elídio apertando o local que a bala havia perfurado. – Eu me sinto muito fraco... – sentia que a cada segundo que passava, Daniel estava mais próximo de o deixar.

─ Não diga isso! Você precisa ser forte! – exclamou ao mesmo tempo que apertou os braços ao redor de Daniel, sentindo os olhos arderem e a visão embaçar por conta das lágrimas que ameaçavam começar a cair.

─ É muito tarde pra mim, meu amor... – Daniel disse com a voz bem baixa e fraca, usando todas as forças para manter os olhos abertos e focados no rosto do amado.

Ambos sabiam o que ia acontecer. Daniel já tinha aceitado, porém Elídio ainda tinha um fio de esperança que tudo ficaria bem.

─ Não é tarde demais! – praticamente gritou enquanto grossas lágrimas escorriam pelas bochechas. – Os médicos ainda podem te ajudar! Você só precisa ficar acordado! Por favor! – continuou gritando e chorando enquanto beijava a testa de Daniel algumas vezes.

─ Meu bem, meu amor... – chamou bem baixinho, cada vez mais fraco. – Nós precisamos dizer adeus... – tentou levantar a mão para fazer carinho no rosto de Elídio, porém estava fraco demais para isso.

Elídio o olhava com tanta tristeza, tanta dor.

─ Não! – gritou, não conseguindo aceitar que iria perdê-lo agora. – Eu não quero dizer adeus! – continuou a chorar sem desviar os olhos dos olhos de Daniel. – Eu não posso viver sem você! Por favor! – fez carinho nos cabelos do amado, que estava quase partindo.

─ Você... precisa... viver... sem... mim... – Daniel falava pausadamente, tentando conseguir fôlego suficiente. – E você precisa... fazer... uma última coisa... por mim...

Elídio era só lágrimas olhando Daniel ir embora bem na sua frente, nos seus braços.

─ Eu faço qualquer coisa! – disse com os olhos conectados aos dele.

─ Me beije... – Daniel tossiu um pouco, completamente fraco. – Me beije como você fez no nosso primeiro encontro, anos atrás. – pediu e agora os olhos estavam quase fechados.

Elídio ainda chorava, porém isso não o impediria de realizar o último desejo de Daniel. Sem enrolar, inclinou-se e encostou seus lábios nos dele, num doce, ao mesmo tempo que era amargo e salgado, último beijo.

─ Eu te amo. – ambos sussurraram ao mesmo tempo e segundos depois, Daniel se foi.

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Tudo ficou escuro e quando escutaram a campainha tocando diversas vezes e aplausos juntamente com os gritos eufóricos do público, souberam que a cena e o jogo haviam sido encerrados. Elídio levantou do chão primeiro e esticou a mão para o colega de cena, ajudando-o a ficar em pé. Eles se cumprimentaram e foram sentar nos lugares de sempre.

─ Gente, mas eu tô em prantos com essa cena... – Andrei, o Mc da noite, comentou enquanto fingia limpar algumas lágrimas.

─ Fazer o quê, eu gosto de um drama e a sugestão de frase que você pegou pediu isso. – Daniel comentou, arrumando o cabelo com uma mão e Elídio apenas acenou com a cabeça enquanto limpava o rosto – afinal, ele havia chorado de verdade – com a toalha.

─ Bota drama nisso... – Andy disse com uma voz chorosa, também fingindo limpar lágrimas, fazendo a plateia soltar algumas risadas.

─ E nossa, que clima gostoso ficou pra continuarmos o espetáculo, né gente? – Edu, o convidado, comentou, fazendo todos rirem. – Que alegria contagiante tá aqui! Valeu aí, Lico e Dani!

Segundos depois, Andrei chamou Eduardo e Anderson para começarem o próximo jogo e assim dar continuidade ao show.

Daniel e Elídio se olharam de canto de olho e sorriram timidamente, felizes por ninguém ter comentado sobre o beijo – ou melhor, selinho – que eles haviam trocado. Mas de qualquer forma, não tinham problemas quanto aos selinhos que precisavam dar nos palcos; Afinal, são atores. Tudo que fazem é pelo bem da cena.